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Soraya Thronicke
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_Vem meu amor, mamãe está aqui_ eu ainda estava meio grogue de sono.

Me segurei nas grades do berço, tratei de me despertar logo, amarrei meu cabelo, afastei o mosquiteiro e peguei nos braços nossa pequena, que não parava de chorar.

_Quer mamar, meu amor?_ andei até a cama.

Pedi à Simone para colocarmos o berço dela aqui no nosso quarto por enquanto, ficaria mais fácil para mim, que dou mama, saímos tem um mês do hospital, e nossa filha tá muito pequenina ainda para dormir sozinha.

_Vamos limpar aqui primeiro_ coloquei ela no meio da cama.

Gabizinha, como foi apelidada pela mãe, fez xixi, tava cheia a sua fralda, peguei no nosso guarda roupa uma nova, lenço umedecido e um outro macacão, com desenhos.

_Calma minha flor, sua mãe está aqui_ falei baixo.

Gabriela estava agitada, batendo os bracinhos, se esperniando, jogou a fralda de pano na sua cara, tirei rapidamente, tenho certeza que esse gênio ela puxou da outra mãe, certeza absoluta.

_Não precisa de estresse meu amor, mamãe vai limpar você_ sentei sobre uma perna minha dobrada na cama.

Mamãe... nunca imaginei que ainda tão nova estaria vivendo algo que sonhei para mim um dia, com uma filha, seu choro incessante me fez voltar pra realidade, eu já tava ficando agoniada, será que era cólica? manha? não sei, já tá doendo em mim o seu choro.

_ aqui, mamãe aqui com você_ quando vi, eu já tava chorando também.

Tirei sua roupinha, a fralda, limpei ela direitinho, coloquei a nova, a outra roupa e guardei depressa as coisas, e joguei no lixo o que tinha que jogar, voltei pra cama, ela estava em meu colo agora.

_Toma meu amor, shiu, tudo bem_ ela começou a mamar.

Não sei porque, mas as pequenas e nem tão fortes assim, sugadas dela, doíam meu peito, ainda preciso entender muita coisa, quem tem me ajudado nessas questões é a Janja, mas agora a mesma já está de volta na sua casa com o filho e o marido.

_Não sei onde está sua mãe_ comentei ao alisar o bracinho dela.

Estiquei meu braço direito, puxei meu celular da cômoda, eram duas e cinquenta da manhã, Simone ainda não tinha chegado, só espero que ela esteja bem, com certeza está em um dos hotéis, várias vezes ela chegou aqui no apartamento pela madrugada.

Durante o dia ela me ajuda em tudo, com nossa filha e também com os afazeres do apartamento, ontem mesmo ela fez compras novas e ainda preparou a nossa janta, aproveitou um pouco a filha, e depois precisou ir para o hotel, queria ela aqui com a gente.

_Alô, Soraya, o que aconteceu?_ ela falou ao atender quando liguei agora.

_Ei amor, estou aqui acordada com ela, está mamando, tava chorando muito_ falei tudo baixinho.

_O quê? não entendi amor, fala mais alto_ não dava para mim fazer isso.

Desliguei a chamada, isso lhe deixaria brava, não gosta quando alguém faz isso com ela, desligar em sua cara, mas só fiz isso para mandar mensagem, porque falar alto eu não ia, gabizinha ia despertar, já estava quase dormindo.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora