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Simone Tebet
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_Vamos ? vamos !_ peguei minha filha no colo.

Três meses já se passaram daquela manhã agoniante para nós, mas de lá pra cá, tudo voltou a ficar bem outra vez, estamos bem, nossa menina tá bem, e ninguém mais tentou nada, e espero que continue assim, aquela Silvia já está no lugar onde ela quis ficar.

Foi muito louca em querer mexer com a minha família, assim como a querida dona Ilda, não a despachei para o inferno, mas a deixei em um lugar que deve tá adorando, mandei internarem aquela maldita.

_Vamos deixar um recado para a mãe Sol_ falei baixo.

Peguei a agenda, uma caneta, e deixei escrito que iria passear com a gabizinha, para ela ficar tranquila, arranquei o papel e deixei no lado da cama que eu durmo, beijei sua testa e saí do quarto, indo até o da nossa filha buscar o carrinho dela.

_Em breve, podemos ir à praia, meu amor_ saí do quarto dela.

Fui para a sala, ajeitei tudo certinho, e coloquei minha pequena ali deitada, que me olhava curiosa, devia estar pensando no que sua mãe tá aprontando essa hora do dia, ainda nem é sete da manhã.

_Você vai gostar, meu amor_ era o seu primeiro passeio.

Peguei as chaves, saímos e caminhei até o elevador, chegamos na garagem, passamos perto dos meus carros e motos, abri o portão, empurrei o carrinho para fora, e logo fomos indo, pela calçada.

_Rio de Janeiro é uma cidade linda, filha_ ela segurava seu ursinho.

Atravessei a rua, e fui por cima do calçadão, a praia tava bem ali já, eu me sentia feliz, por estar fazendo isso, dando uma volta com a minha filha, esses momentos eram únicos e especiais, tenho certeza que meus pais iriam estar fazendo a mesma coisa se estivessem aqui com a gente.

_Olha quem vem ali, sua madrinha_ ela atravessou a rua depressa.

_Passeando com a abelinha?_ ela parou ao lado do carro.

_Sim, é primeiro passeio dela_ comentei.

Minha amiga pegou a afilhada no colo, voltamos a caminhar, ela foi levando Gabi carregada, e eu fui empurrando o carrinho, conversamos sobre várias coisas, ela me disse que Henrique tava dodói, mas já havia levado ele no hospital.

_Sabe que se precisar de alguma coisa, pode falar comigo_ disse à ela.

_Eu sei, e agradeço por isso, minha amiga_ paramos em um quiosque que já tava aberto.

_Veja duas águas de coco, amigo_ sentamos em cada banco.

_E a Sol? ficou dormindo?_ Gabi dormia agora.

_Sim, não quis acordá-la, sei que ela está cansada_

_Eita que a noite foi boa, hein..._

_Para sua boba, não falando disso_

_Vou fingir que acredito_

_É sério, ela passou a madrugada em claro, Gabi tava manhosa_

_Eu sei como é_ tomamos nossa água de coco.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora