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Soraya Thronicke
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_Sempre ouvir dizer que quem tem sorte no amor, tem azar no jogo, e quem tem sorte no jogo, tem..._ Simone me olhou.

_Azar no amor... eu também sempre ouvir falar... mas, o que você querendo dizer com isso?_ por um rápido momento seu olhar desceu para meus lábios.

_Eu acho que tirei sua sorte quando entrei em sua vida quase cinco anos atrás_ disse.

Puxa, já são quase cinco anos que estamos juntas, que entrei para esse mundo, cheio de altos e muitos baixos que aconteceram no decorrer desse tempo... tudo passou tão depressa, rápido demais.

_Por quê você está se culpando por algo que está acontecendo com o outro?_ ela me perguntou.

_Por quê é o que eu sempre acho, Simone, sempre fui assim, sempre me..._

_Ei, ei, shiu... não, por favor, não Sol_ coloquei a mão em meu rosto.

E em um piscar de olhos, eu já me encontrava chorando, ela me abraçou, da forma que eu estava aqui na cama, sentada, abraçando minhas próprias pernas, com a cabeça abaixada sobre os joelhos.

_Me parte o coração ver você assim_ sussurrava.

Passava a mão em minha costa, comecei então a soluçar, já não conseguia mais controlar minhas lágrimas, chorava como se tivesse levado a pior surra dos meus pais, chorava como se tivesse acabado de receber a notícia de que eu sofria um aborto novamente, eu chorava...

_Sol, meu amor, eu aqui, não se culpe, por favor não se culpe por nada_ agora eu estava em seu colo.

Tinha minha cabeça deitada na curva do seu pescoço, com uma mão em seu peito, apertava sua blusa, e ela somente me abraçava, esperando o meu tempo de me acalmar, mesmo que demorasse horas.

_Shiu, não vou permitir que você diga isso de você mesma_ falou quando eu ia começar a dizer algo.

Senti sono, me ajeitei melhor em seu colo, ela passava a mão em minha coxa, eu estava com as pernas encolhidas, depois de minutos, fui me acalmando, já não soluçava mais, já não chorava mais, então lhe olhei.

_Jamais, bom? jamais se culpe outra vez pelo o que ocorre com os outros_ falou.

_Mesmo quando esse outro alguém é a pessoa que eu amo?_ ela passou a mão em meu rosto.

_Mesmo quando esse outro alguém é a pessoa que você ama_ falou tranquilamente.

_Simone, mas eu..._

_As escolhas dos outros não são as suas escolhas, por quê se culpar, hum?_ me olhou nos olhos.

_O que está acontecendo? o que acontecendo do lado de fora?_ resolvi perguntar.

_Tudo aquilo que eu tô acostumada a enfrentar quase dezoito anos_ bocejei.

_Ainda não chegou a hora de me falar o que acontecendo?_ deitei de novo a cabeça em seu peito.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora