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Simone Tebet
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_Claro, sim, é isso, não, não sei_ dizia ao telefone.

Andava de um lado e pro outro dentro do pequeno escritório, as meninas estavam dormindo no quarto ao lado, e Soraya estava no andar de baixo, na sala que havíamos feito para nossa filha ter aulas particulares antes, agora ela só aprende balé por enquanto, e a Sol tá lá, aprendendo mais ainda sobre piano.

_Isso, exatamente isso, não sei como contar à ela sobre isso tudo de novo_ falei.

Parei perto da mesa, peguei um copo, e enchi com um pouco de bebida, andei até o lado de fora da janela, e fiquei olhando para o jardim, as plantas estavam um pouco molhadas, pela chuva de mais cedo, o parquinho das duas também está molhado, mas o sol já tá aparecendo de novo.

_Você virá mesmo? nossa Janja, isso seria muito bom_ disse.

Senti um alívio ao ouvi-la dizer que viria para cá, próximo dos dias em que precisarei resolver tudo isso que está acontecendo de novo, problemas, problemas e mais problemas, Soraya tá sentindo minha falta, as crianças também, até a Isa, que tá próxima de fazer um ano agora, fica procurando por mim quando não me vê pela casa.

_Sim, e então, podemos ir_ falei.

Voltei para o escritório novamente, enchi o copo outra vez, e me sentei, bufei, olhei tudo ao redor, sentirei uma falta muito grande dessa casa, do jardim, mas é com a esperança de seguir agora por um outro caminho talvez muito melhor que esse... ainda dá tempo de mudar.

_No momento estão dormindo, Gabi chegou à uma hora da creche_ sorri ao olhar pra foto das duas sobre minha mesa.

Vilma então entrou no escritório, perguntou baixinho se precisaríamos dela agora, o almoço já tava pronto, falei que não, e mandei a mesma descansar, já que ela tinha comido mais cedo.

_Claro, nós vamos sim, apenas me ligue que vamos buscar vocês_ levantei outra vez.

Logo fui terminando a ligação com Janja, deixei o celular no bolso, tomei o resto da bebida do copo e saí do escritório, passei pelo quarto das meninas, ainda dormiam, desci, indo até a sala que Soraya estava, e parei na porta, para lhe admirar um pouco.

_Você pode chegar um pouco mais?_ ouvi ela dizer para a professora.

A professora nem sequer se mexeu no banco, Soraya mesma se afastou um pouco, e se fizesse isso novamente, iria cair, já estava próxima da beira do banco, e para raiva minha, a porra da mulher ficou mais perto dela.

_Assim não consigo tocar_ disse a Sol.

Então ela se afastou, eu continuei olhando, se houver algum deslize dessa mulher, em dois segundos ela já estará se vendo comigo, coloquei a mão no bolso, Soraya voltou a tocar, foi uma música a qual ela havia tocado ontem pra mim, sorri como boba.

_Não, não, assim não dá_ Soraya levantou irritada.

Ainda estava de costa pra mim, a professora começou a dizer algo para ela, até empurrar a minha Sol contra a parede, mas que caralhos essa mulher está fazendo?

_Que porra é essa aqui? se afasta da minha mulher, vamos_ puxei Soraya pelo braço.

A mulher então começou a pedir desculpas, mandei ela ir embora, olhei pra Soraya, ela parecia com medo ao olhar pra mim, pela forma que eu agi minutos antes.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora