Simone Tebet
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_Assim Simone, olha_ ela pegou a fralda da minha mão._Era assim que eu ia fazer_ retruquei.
_Mentira, que eu tava vendo_ sorri.
Já era o terceiro mês de gestação, tudo ia muito bem, a Sol sentia enjoos mais frequentes agora, se irritava fácil, e chorava a toa, tava uma gracinha, já consigo notar a diferença em seu corpo.
_Sua vez de novo, faz direito_ me entregou a fralda de novo.
Para nos ajudar com a chegada do nosso bebê, Janja fez eu comprar uma boneca, assim como ela fez com Lula, para ir pegando a prática de ter um filho, e nesse momento, estávamos eu e Soraya colocando a fralda, ela fez direitinho, já eu... errei algumas coisas, por mais que possam parecer simples.
_Até que ficou bom, vai_ ela me olhou e olhou pra boneca.
_É, até que ficou bom, amor_ deu um sorrisinho.
_Preciso atender, amor_ fui até a sala atender a ligação.
Não queria, mas iria precisar sair agora e resolver algumas coisas do hotel novo, conversei com Soraya, que entendeu, a chamei para ir comigo, mas ela não quis, pedi então que ela me ligasse caso sentisse alguma coisa, que eu voltaria correndo.
_Simone, não esquece do amor da sua Sol_ voltei até ela e lhe dei um beijo.
_Jamais esquecerei, meu amor, jamais_ dei um beijo em sua barriga também.
Seus olhinhos ficaram tristonhos, ela ficou na sala, assistindo novamente ao seu filme preferido, iria resolver isso rápido, para voltar e ficar com ela, lhe dando toda a atenção do mundo.
Desci até a garagem, resolvi ir de carro, vi que no banco de trás tinha uma sacolinha de uma loja de bebê, havíamos comprado ontem algumas roupinhas, Sol esqueceu de pegá-la, logo dei partida.
Fui conversando com ela por ligação durante o caminho, agora ela disse que estava deitada, sentia sono, logo desligamos, deixei ela descansar, não demorei muito e cheguei no hotel, parei o carro.
_Oi chefe, acabou de chegar_ um deles falou.
_Ótimo, podem colocar lá no andar de cima_ disse à eles.
Eram mais alguns materiais, que seriam precisos para a reforma, entrei e vi Lula junto de Janja ali, a barriga dela tava maiorzinha, já estou ansiosa para ver o meu pequeno afilhado.
_Bom dia, como estão?_ sentei ao deles.
Ficamos conversando ali, até que depois de uma hora, recebi a ligação de Soraya, ela disse que tava sentindo algo estranho, alguém batia na porta do apartamento.
_Sol, não vá abrir assim, veja pelo olho mágico quem é primeiro_ ela concordou.
_Simone, eu tô com medo_ ela falou, assustada.
As batidas na porta ficaram mais altas, quando Soraya me disse que viu um homem com uma arma na mão, meu coração se apertou, em seguida, escutei um grande barulho, haviam arrombado, ouvi Soraya gritar, vocês masculinas mandavam ela ficar calada, e logo um silêncio se instalou do outro lado da linha.
_Soraya, me responde, Soraya, meu amor_ eu gritei.
_O que está acontecendo, Simone?_
_Ela não responde, acho que... acho que sequestraram a Sol_ eu tava desesperada.
Mandei os homens deixarem o serviço de lado, chamei todos para ir comigo, Janja e Lula me acompanharam, fomos direto pro meu apartamento, ao chegar, vi a bagunça que fizeram ali, o prato com um lanche que Soraya provavelmente estava comendo, se encontrava no chão.
_Filhos da mãe, eu vou matar vocês_ proferi, com um ódio dentro de mim.
_Você imagina quem deve ter feito isso?_ neguei.
Eu não imaginava quem poderia planejar algo assim, sei que tenho muitos inimigos, mas quase não sabem onde eu realmente moro, eles foram informados, sabiam que Soraya estaria sozinha, e resolveram tocar justamente no meu ponto mais fraco, a minha mulher e o meu filho.
_Soraya, Sol, me diz que está aqui_ saí gritando atrás dela.
Mas sei que ela não tava aqui, levaram ela, e eu não faço a menor ideia de onde ela possa estar, minha cabeça deu um nó de tanto pensar, e pensar nas possibilidades, nada de agradável passou pela minha mente, mas eu juro que se fizerem algo contra ela, eu vou matar de um por um, vou fazê-los sofrer até a morte, para que no final de tudo eu ainda colocasse fogo em seus corpos, ou até mesmo queimá-los vivos.
_Lula, mande puxar as gravações da câmera, Janja, fale com o bando do morro_ subi para o quarto.
Ao entrar, fechei a porta, e lentamente fui deslizando pela mesma, quando caí no chão, uma chuva de lágrimas me atingiram, eu chorava silenciosamente, eu não podia perder o meu único bem, não podia, seria um sofrimento eterno viver sem o amor da minha vida, sem aquela que eu amo e que eu daria a minha vida, se fosse possível.
Revivi todo o nosso momento juntas de hoje mais cedo, das brincadeiras, as conversas que tivemos durante o café da manhã, dos nossos beijos demorados enquanto estávamos na banheira, da pequena "aula" que ela me deu, para quando nosso bebê chegar, até chegar no momento em que ela me disse aquilo, não esqueça do amor da sua Sol...
_Droga, droga, droga, eu não posso perder vocês, meu único bem precioso_ alguém bateu na porta.
Não deu para ver quem era as pessoas que entraram, além de estar com capuz, ainda danificaram as câmeras de segurança que há por aqui, não tinha pistas, estava perdida, pra onde levaram a minha Soraya?
As horas foram passando, meu desespero foi aumentando, já era noite, passava das dez horas, nenhum sinal tivemos, nenhuma ligação foi feita, nada, não sabia se saía e ia atrás, mas onde? não sei onde ela está agora.
_Ei, vai pra onde?_ perguntou Janja.
_Nem eu sei, mas estou com o celular_ caso alguém ligue para eles.
Peguei o elevador, dei alguns murros no espelho do mesmo, que acabou quebrando, saí furiosa de dentro da caixa de metal, entrei no carro, não sei partida de imediato, só fiquei ali.
Olhei para a sacolinha que tava ali ainda, tirei de dentro um macacão amarelinho, levei até meu nariz e inalei o perfume de bebê que tinha na roupinha, chorei de novo.
_Oh meu amor, onde você tá agora?_ perguntei enquanto as lágrimas caíam.
Imagino o desespero que ela deve estar sentindo agora, eles podem ter machucado ela, ou até violentado a minha garota, meu sangue ferve só de pensar, e isso tudo é culpa minha, se ela não tivesse comigo, nada disso estaria acontecendo.
_Que merda, eu sou horrível, coloquei a vida da pessoa que eu amo, em risco_ comecei a desferir socos no volante do carro.
Encostei a cabeça no banco, continuei segurando a roupinha do nosso baby, minha visão ficou embaçada pelas lágrimas que não haviam cessado ainda.
Puxei o celular do meu bolso, procurei na galeria o vídeo que gravei dela, tocando o piano e cantando lindamente pra mim, e foi ouvindo sua doce voz, que eu acabei dormindo...
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O preço de um amor bandido
FanfictionQual preço podemos pagar diante de nossas escolhas?...