:27:

1.1K 122 76
                                    

Soraya Thronicke
*
*
*

Eu estava à alguns minutos imóvel, naquela cama ainda de hospital, Simone continuava de pé ao meu lado, segurando a minha mão, não soltou desde o momento em que pegou na sua e apertou, ao me dar a notícia, eu havia perdido um bebê, um bebê que não esperava, um bebê que não foi planejado, um bebê que iria mudar tudo, mas que se foi antes de concluir o seu propósito entre nós.

_Um filho, Simone... um... filho_ ela concordou com um balançar devagar de cabeça.

Involuntariamente levei a mão até minha barriga, deixando por cima daquela camisola hospitalar que ainda estava em meu corpo, deixei parada sobre aquela região, fechei os olhos e por um curto momento imaginei como seria eu sendo mãe, mas ao abri-los outra vez, a realidade tomou conta de mim.

Então eu chorei, lágrimas quentes derramavam de meus olhos, passando por meu rosto, deixando-o marcados por elas, caindo sobre meu colo, não fiz questão nenhuma de enxugar, tava doendo, agora eu tava sentindo a dor da perda, é tão difícil chorar pela perda de algo que você nem sabia existir, mas que estava ali, no seu ventre.

_Simone, me abraça por favor, amor_ ela se curvou um pouco.

Meus lábios tremiam por tamanho desespero que eu sentia agora, nesse exato momento, eu tava carregando um bebê, agora não estou mais, eu iria ser mãe, agora não serei mais, uma vida estava se formando, mas agora fora interrompida.

_Um filho... meu Deus, Simone, um bebê_ ela me apertou mais.

Olhando por cima de seu ombro, eu vi Janja de cabeça baixa, passou as pontas dos dedos próximo à beirada de seu olho esquerdo, colocou de volta seu óculos, saiu dali em silêncio, nos deixando à sós.

_Eu sinto muito... muito mesmo_ Simone sussurrou.

_Me desculpe, me desculpe_ pedi.

_Não pelo o que pedir desculpas, você não teve culpa de nada_ ela beijou meu ombro.

Nada mais foi dito, eu só sabia chorar e me lamentar em silêncio, não me desgrudei do abraço dela, que agora se tornou a minha morada preferida.

_Com licença, preciso examinar a paciente, antes de dar alta_ a jovem enfermeira falou.

Mesmo não querendo, Simone precisou sair, deixando eu sozinha com aquela moça, que tinha em mãos um prancheta, fazendo anotações de algumas coisas, ela me olhou com ternura, talvez até com pena pelo o ocorrido comigo.

_Farei um novo curativo_ disse ela.

Continuei sentada, ela baixou um lado da alça da minha camisola, tirou com cuidado aquilo que cobria o meu machucado no peito, ainda requer muito cuidado, dói, mas não dói tanto quanto saber que perdi um bebê.

_Você tem uma pele macia_ comentou ela.

Apenas lhe dei um meio sorriso, minha cabeça tava longe de mais para que eu me importasse com qualquer elogio que eu viesse a receber, isso era insignificante pra mim no momento.

_O que você está fazendo?_ perguntei quando percebi o que ela havia começado a fazer.

A enfermeira notando o meu desconforto com aquilo que estava fazendo, parou rapidamente, parece ter recobrado sua consciência, sua mão saiu da minha coxa, que ficou por debaixo da camisola, logo que a porta foi aberta.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora