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Simone Tebet
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_Tão linda, meu amorzinho de mãe_ sussurrei baixinho.

Tinha em meus braços, o fruto do meu amor com Soraya, nossa filha, nossa pequena Gabriela, que estava enrolada em uma manta rosa, com sua roupinha no corpo, dormia lindamente.

Sorri ao olhar cada traço dela, seus cabelos loirinhos como os de Soraya, a sua orelhinha, seu narizinho, sua boquinha, uma cópia da Soraya, tão linda, minhas duas princesas, que vou cuidar.

_Minha guerreirinha_ beijei sua mãozinha.

Passei a chamar ela assim, e Soraya também, desde aquele episódio horrível que fizeram o meu amor passar, quando a levaram para aquela lugar, elas sofreram tanto durante aqueles dois dias, mas eu consegui salvá-las.

Soraya estava dormindo, tava bem agora, me deu um pequeno susto, meu coração se apertou quando a gente teve que se separar ali no corredor, me senti pior ainda quando a vi fechar os olhos.

_Sua mãe também é uma grande guerreira, sabia meu amor?_ gabizinha tinha os olhos fechados.

Balancei ela em meus braços, ouvi duas batidas na porta, era Janja, que ao entrar, sorriu em nossa direção, e se aproximou, emocionada, arrumou um jeitinho e me deu um abraço.

_Ela é tão linda, amiga_ falou.

_Sim, uma cópia da Sol_ sorri.

_Posso pegar ela?_ concordei.

Janja pegou com todo cuidado a afilhada no colo, sorri com a cena, disse que Lula estava lá fora, com o Henrique, que havia acabado de mamar e agora dormia.

_Quando Lula me contou, eu quase não acreditei, Simone_

_O que você não acreditou?_

_Que foi você que fez o parto da sua filha_

_Ela não quis esperar chegar, não é amor?_ fiz um carinho em sua cabeça.

_Está tudo bem com a soso?_

_Agora está sim, logo irá acordar_

_Ela é tão perfeita, tanto, tanto_ sei que Janja lembrou da filha que teve.

_Assim como o seu filho, ele é perfeito_ ela me deu um sorriso.

_Ela encontrou com a mãe dela?_ Janja perguntou.

Contei à ela sobre como tudo aconteceu, eu estava no carro, esperando por ela, até que vi dona Ilda chegar ali depressa, não me viu, as janelas estavam fechadas, entrou feito fera na igreja, com certeza alguém lhe disse que Soraya estava ali.

_Então escutei um falatório maior, depois ouvi um grito da Soraya_ continuei contando.

_Que mãe horrível essa dona Ilda_ comentou Janja.

_Então quando eu cheguei , vi Soraya caída no chão, tendo as contrações_ disse.

Me desesperei naquele momento, com medo de que aquela velha louca tivesse falado algo ruim pra Soraya, eu sei que ela falou, só a afastei de perto da filha, e peguei o meu bem precioso no colo, levando-a para o carro.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora