Lágrimas de ilusão.

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Gavião:

Estava na praça com a Gabi, vendo ela brincar com outras crianças e fiquei de canto observando. Hoje eu estava de boa, sem estresse, pô.

As coisas estavam fluindo, as invasões pararam, mas mesmo assim estou de olho em tudo. Cinco bocas ainda continuam sendo minhas e nós só fluindo nos faturamentos.

Olhei de canto e vi o Juninho se aproximando de mãos dadas com a Camile, estalei a língua e neguei com a cabeça, puxei um baseado do bolso e voltei a prestar atenção na Gabi.

Juninho: ele vê o cara e vira a cara, pô - escutei ele reclamar - acho que vou arrumar outro paizão mesmo.

Gavião: rum - olhei para ele de canto e dei mais uma tragada do cigarro.

Mile: boa tarde - falou, sentando-se ao meu lado, e olhei para a cara dela, descendo o olhar para a barriga dela que já estava marcando no vestido que ela usava.

Já está com seis meses e a barriga mal aparece, pô. Começou a aparecer um dia desses. Estava até achando que era truta esse bagulho.

Gavião: boa - balancei a cabeça para ela e olhei para o Juninho, vendo que ele ainda estava com o machucado perto da sobrancelha, da briga em que se envolveu.

Juninho: vai querer só sorvete mesmo? - perguntou à Camile, e ela concordou. Olhei ele sair em direção à sorveteria e voltei minha atenção para a Gabi, já não a vendo no mesmo lugar.

Mile: o que foi? - perguntou, e levantei do banco, olhando ao redor, procurando a Gabi.

Gavião: Gabriella não está no mesmo lugar de antes - falei sério e me afastei, indo em direção ao mesmo lugar onde ela estava antes. Foi quando a vi, mais afastada, perto de dois meninos.

Rum, fechei logo minha cara e coloquei o cigarro na boca, indo atrás dela. Assim que cheguei perto, os pivetes me encararam e eu só dei uma encarada, vendo-os saírem de perto rápido, e a Gabriella me encarou.

Gabi: Que susto, tio - sorriu, passando a mão no cabelo.

Gavião: Que susto nada - falei sério - estava fazendo o que aqui nesse canto com aqueles pivetes? - segurei a mão dela, puxando-a para começarmos a andar - já falei para você não ficar perto desses meninos.

Gabi: Mas eles são meus amigos, tio - riu e encarei-a, sério - a gente só estava brincando - falou toda sorridente.

Gavião: Você tem que brincar com outras meninas, brincar de boneca. Não é com aqueles pivetes, não - resmunguei e escutei sua risada - estava aqui nesse instante, só fez eu tirar o olhar de você um segundo e você já some.

Gabi: Tem que fazer amiguinhos - mexeu os ombros - você não gosta de fazer amiguinhos.

Gavião: rum - resmunguei e chegamos ao banco de novo, onde o Juninho já estava e a Camile estava tomando sorvete.

Gabi: Tia Mile - soltou minha mão, indo em direção à Camile, que sorriu para ele e entregou o sorvete na direção do Juninho, pegando a Gabi.

Mile: como você está linda - falou, abraçando-a, e a Gabi sorriu.

Gabriella chama todo mundo de tio e tia; só basta dar atenção a ela e todo mundo vira tio para ela. Juninho é o único que ela não chama de tio, isso porque ele começou a ensiná-la a chamá-lo de irmão. Moleque folgado.

Juninho: falar comigo que é bom, neguinha não fala - cruzou os braços, e a Gabi deu risada, se jogando na direção dele. Ele riu, ajeitando-a na perna dele. - tá falsinha, tu, pô.