Gavião:
Heloísa: Se for deixar por você, você esquece que eu existo. - Sentei no sofá e peguei meu celular. - Tá vendo como você é? Vou parar de correr atrás também.
Gavião: Tu tá reclamando no meu ouvido desde que subiu na moto até aqui. - Encarei ela. - Tu reclama demais, pô.
Neguei e ela cruzou os braços, me encarando de cara fechada. Sorri de lado e chamei ela com a mão.
Gavião: Fala aí. Vou te escutar. - Passei o braço pelo seu pescoço. - O que tu quer?
Heloísa: Você lembrando que tem irmã já seria de bom tamanho. - Resmungou. - Só quer saber de arma, droga, festa e rapariga. Esquece que tem família.
Gavião: Tu é muito dramática, papo reto. - Dei risada. - Nem se eu quisesse tem como esquecer de você, Heloísa. Lá em casa tem foto tua e eu tenho teu nome tatuado no braço. Fora que tu vive mandando vídeo besta no WhatsApp.
Heloísa: que você nem responde - beliscou meu braço - vou parar de mandar também. - cruzou os braços e eu concordei.
Gavião: vou agradecer, papo reto. - olhei para ela de canto - e já nesse papo de agradecer, já vou mandar o papo pra tu de novo, não quero você indo pra boca de fumo, tá entendendo?
Heloísa: mas eu fui atrás de você - me encarou - você não quer que eu faça nada também, né?
Gavião: tô dando o papo, pô. Se eu ver tu lá de novo, vou fazer tu passar vergonha na frente de geral - fiquei sério e ela bufou levantando - bufa não, Heloísa. Bufa não - apontei pra ela - e já dei o papo pra tu parar de usar essas porras curtas.
Heloísa: me deixa quieta - falou, fechando a cara, e eu fechei a minha também.
Eu já tinha dado o papo que não queria ver ela andando com bagulho curto, mas essa porra se faz de surda. Quando eu fizer ela passar vergonha na frente de geral, aí ela para.
Heloísa: vai querer comer ou não, meu filho? - gritou da cozinha e eu levantei, indo até lá - lava a mão e coloca o seu aí.
Olhei para ela de canto e fui até a pia, lavei minhas mãos e peguei o prato, indo colocar minha comida. Heloísa pode até ser ruim em algumas coisas, mas ela manja pra caramba na cozinha.
Heloísa: Olhe aqui - coloquei a primeira colherada na boca e encarei-a - pode ir falando para as garotas que você pega, que eu não sou cunhada de ninguém, viu? E nem venham querer forçar simpatia, que o que eu vou fazer é passar vergonha.
Gavião: Que faça - bebi da Coca - não dou ousadia para nenhuma estar fazendo esse tipo de coisa.
Heloísa: Pois bem - resmungou e voltou a comer.
Comi tranquilamente e levantei, deixando o prato na pia. Despedir-me dela e meti o pé para minha casa. Estou sem dormir desde ontem, nesse caralho, só vou tomar banho e cair na cama.
Passei a visão para os menores que era só para me chamar se fosse algo realmente importante, de vida ou morte.
Depois, entrei em casa e já fui logo tomando banho, coloquei meu celular para carregar e me joguei na cama de qualquer jeito. Só queria dormir mesmo.
...
Abri meus olhos e passei a mão no rosto. Peguei meu celular, vendo que já eram 22:00 horas, e deixei o celular de lado, me despertando. Vesti uma bermuda e saí do quarto, indo em direção à cozinha para ver se tinha alguma coisa para comer.
Peguei uns biscoitos que tinha e abri a geladeira, pegando o resto de Coca-Cola que ainda tinha. Comi tranquilamente e subi para o quarto de novo. Joguei água no corpo e saí do banheiro, indo até o closet. Coloquei uma calça preta, uma blusa de frio da Lacoste preta, peguei uma corrente de ouro e passei o perfume.
Passei a escova no cabelo, escovei os dentes e peguei minha arma, meu celular e a chave da moto, saindo de casa em seguida. Já fazia alguns fins de semana que eu não ia para o baile, mas hoje não tem como fugir: MC Cabelinho na área e o baile vai estar o frevo.
Cheguei na quadra e já vi o Tomate passando as coordenadas para os menores da segurança. Assim que ele me viu, terminou de falar e veio na minha direção.
Tomate: Achei que não ia vir hoje, pô - fez toque e neguei.
Gavião: Tem nem como - olhei ao redor vendo o pessoal chegar - Cl vem?
Tomate: Ele disse que ia resolver uns bagulhos, se der tempo, brota aqui - concordei e fomos entrando na quadra, que já estava começando a encher. Olhei ao redor de novo e ajeitei minha postura - tu tá todo desconfiado, né? Desde que chegou, tá olhando para os lados.
Gavião: Dá pra confiar em ninguém não, Tomate - falei sério - um beijo vendeu Jesus, esqueceu?
Tomate: Tô ligado, irmão. Só que eu tô vendo você mais desconfiado que o normal. - Concordei e subimos para o camarote.
Gavião: Inimigo querendo nossa cabeça é o que não falta - murmurei e ele concordou sem falar mais nada.
Sou cismado mesmo, pô. Nessa vida que eu levo, tem que dormir com um olho aberto e o outro fechado. Desconfiar até da própria sombra e confiar só em um, tá ligado, né?
Tive que falar com uns caras que já estavam no camarote e depois fui para o meu canto, fiz meu copo e sentei com os caras.
Começou a tocar umas músicas do comando e os emocionados tudo dando tiro pro alto, gritando, e eu só na minha postura. Sem necessidade no bagulho, papo reto.
Um bagulho é tu cantar na tua, outro é ser emocionado e ter que tá fazendo esses bagulhos.
Kalina: posso? - escutei sua voz e levantei meu olhar para ela, que estava com um vestido curto pra caralho.
Desviei o olhar e soltei a fumaça do cigarro, voltando a olhar para ela de novo, que agora estava com um sorriso no rosto.
Gavião: senta aí, pô - falei, e ela veio e sentou de lado na minha perna, passando o braço pelo meu pescoço.
Kalina: chegou agora? - perguntou no meu ouvido, e concordei olhando para ela - não vai dar para eu ficar por muito tempo hoje, tenho que voltar cedo para casa.
Passei a mão na cintura dela e entreguei o baseado, vendo ela sorrir e dar a primeira tragada.
Gavião: marca dez - falei sério, e ela soltou a fumaça no meu rosto, sorrindo de lado.
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Lágrimas de ilusão.
FanfictionNunca espere demais da sorte ou dos outros; no fim, não há quem não decepcione você.