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Gavião:

Estava com um ódio profundo nesse momento. Quase duas semanas fora da minha favela, ajudando o morro de um parceiro, e depois ia com os meus assaltar o banco, mas deu certo essa situação? Que droga.

Um filho da puta que estava com a gente dedurou e meteu o pé; agora os policiais estão atrás da gente. Nem posso sair da favela para voltar para a minha. Já faz quase duas semanas nesse sufoco.

E minha revolta não é só essa, tá ligado? Mas é que o filho da puta que dedurou é um desgraçado que eu já ajudei. Hoje, ele só está onde está porque fui eu quem o ajudei, eu que o apresentei para os outros, e eu recebo isso como? Com ingratidão.

Mas deixa, quando eu pegar aquele arrombado, ele tá fudido na minha mão. Só tô guardando meu ódio, juntando tudo e, quando eu pegar ele, ele tá fudido na minha mão.

DB: Caralho, os canas ainda estão atrás de nós - entrou no barraco falando, e continuei quieto na minha, fumando meu baseado.

Tava eu e mais nove caras num barraco aqui no Vidigal. Tudo esperando a poeira baixar e meter o pé.

JP: Tá foda - resmungou - meu menor já tá perguntando por mim, pô. - Passei a mão na testa, sentindo o calor do caralho, e olhe que já estava na parte da noite.

LC: Minha mulher tá achando que eu tô mentindo e tô traindo ela - deu risada, e eu olhei de canto, negando com a cabeça.

Até agora, a Helena não falou nada. Ela manda mensagem perguntando como estou e quando vou voltar, mas até agora não arrumou confusão.

Fb: E tu, gavião? - olhei para ele. - A mulher não falou nada até agora? - perguntou, e bem na hora meu celular começou a tocar. Olhei para a tela e vi que era a Helena.

Gavião: rum. - peguei meu celular e eles riram.

Lc: Só fez falar mesmo. - Neguei com a cabeça, me levantei, atendi a ligação e fui para o lado de fora da casa.

Ligação on:

Lena: Oi, gostosinho - estalei a língua e olhei para trás para ver se não tinha ninguém vindo e me sentei em uma das cadeiras, olhando a tela do celular e vendo o sorriso dela.

Gavião: Qual foi? - tirei o cigarro da boca e olhei para ela melhor, vendo que ela estava se maquiando - Vai pra onde? - fiquei mais sério.

Lena: Eu tô bem também, sabe? - debochou - Obrigada por perguntar se eu tô bem.

Gavião: Eu sei que tu tá bem - dei mais uma tragada do cigarro - quero saber pra onde tu vai.

Lena: Pro baile - neguei com a cabeça - Tá negando por quê? - me olhou e depois começou a bater um negócio no rosto.

Gavião: Porque tu não vai - falei sério - tá maluca de tá indo pra baile sem eu aí?

Lena: Ou eu vou pro baile daqui ou eu desço para o asfalto e vou para uma balada - respirei fundo. - Quando você vai voltar?

Gavião: Sei não, Helena - respondi sério - tô dando o papo, tu não vai para o baile. - falei e ela me ignorou, ajeitando a sobrancelha.

Vi o Tavares e o FB chegando e conversando sobre uns bagulhos. Fiquei mais sério e eles olharam na minha direção, indo sentar em outra cadeira e colocando a cocaína em cima da mesa.

Lena: Quem tá aí? - virei a atenção para ela, que já me encarou desconfiada e neguei com a cabeça - Tem mulher aí, é? - estalei a língua - Fica estalando a língua, não, Igor. Responde logo. - fiquei mais sério.

Lágrimas de ilusão. Onde histórias criam vida. Descubra agora