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Juninho:
Juninho: qual foi, mãezona? Acorda logo, pô! - falei sem jeito, sentindo um medo fudido de perder ela. - Tá achando que é a Bela Adormecida, pô? Tu tem que acordar para me ver, ver teu neto, pô.
Passei a mão na cabeça, olhando para seu rosto. Já tinha se passado duas semanas desde o acidente dela e, papo reto, tava sendo foda, pô. Ela que é a base de tudo, tá ligado? Sem ela não tem graça, pô.
Duas semanas já sem dar sinal de nada. Permanece do mesmo jeito, mas mesmo assim venho todo dia ver ela, tá ligado? Camile vem também e, uma das vezes que o Vinícius veio para fazer um exame, trouxe ele rápido aqui no quarto dela para ele ver ela. Moleque é novinho ainda, mas mesmo assim ficou olhando para ela e, na minha cabeça, ele entende, tá ligado?
Até agora tô sem entender direito como tudo aconteceu. Paizão diz que eles estavam discutindo e ela tentou sair; ele foi tentar puxar ela e, quando ela foi tentar se soltar, se desequilibrou e acabou caindo. Mas parece que tem mais coisa por trás, tá ligado? Até mesmo a Helô, ela está toda desconfiada e nem está falando com o paizão direito.
Mas minha preocupação mesmo é a mãezona. A Helô disse que o médico tinha falado que ela pode perder a memória, mas já repreendi logo no bagulho. Tá maluco? Pode um negócio desse, não, pô?
Juninho: tu fica aí nessa de dormir o dia todo, todos os dias, vou logo arrumar outra mãezona - segurei a mão dela - e outra avó pro menino Vini. Tá ficando muito preguiçosa - sorri de lado - mas, papo reto, acorda logo, pô. Todo mundo tá perdido sem você. O paizão tá mais perdido ainda, fazendo as coisas no automático e, pela primeira vez, peguei ele chorando, falando com você, que não queria te perder.
Cocei a cabeça, me sentindo um bobo por estar parecendo que falo sozinho.
Juninho: Tô parecendo um doido falando sozinho, pô. Acorda aí e me responde. Bagulho feião ficar ignorando eu.
Parei um instante, olhando para ela e sentindo o peso de tudo. Meu coração apertava, ainda mais com o silêncio que estava no quarto. Eu queria mesmo era ouvir ela chamar meu nome de novo, fazer uma piada qualquer, dar aquele sorriso dela que deixava tudo mais leve.
Acho que ela ainda estaria rindo de mim, vendo eu falar sozinho.
Juninho: Daqui a pouco tenho que meter o pé. Saí do plantão escondido pra vir te ver, meti o sete lá com o moleque dizendo que ia pegar uma encomenda e deixei ele no sol quente, mas até que tá bom aqui no ar-condicionado.
Olhei a hora no celular e, no mesmo instante, chegou uma notificação do moleque, perguntando onde eu estava, e dei risada, voltando meu olhar para a mãezona.
Juninho: Tenho que meter o pé, mas se liga - balancei a mão dela - acorda logo, se ligou? Se não, eu vou morrer, pô. Como vou sobreviver sem teus cuidados? Sou teu menino ainda, pô. Não é porque eu fiz outro menino que tu tens que me deixar, não.
Falei e escutei abrirem a porta, virei encarando e vi que era uma das enfermeiras que trabalha aqui. Cocei a cabeça, sentindo vergonha, e dei risada, tentando disfarçar. Beijei a testa dela e me levantei da cadeira, me afastando e sentindo um bagulho estranho no peito.
Eu só queria, de verdade mesmo, que ela acordasse. Que essa situação fosse só um pesadelo. Mas se a vida realmente fosse justa, a mãezona estaria aqui agora, me dando um puxão de orelha por ficar falando sozinho...
Mas a esperança não morreu ainda, tá ligado? Eu não posso deixar morrer. Enquanto ela estiver aqui, respirando, eu vou acreditar que ela vai acordar, que tudo vai se resolver. Não importa o que tenha acontecido, ela vai voltar. Não sei quando, mas vai.
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Lágrimas de ilusão.
FanfictionNunca espere demais da sorte ou dos outros; no fim, não há quem não decepcione você.