54.

2K 255 112
                                    

+40 comentários.
Votem!!!

Helena:

Acordei com meus olhos inchados porque fui dormir chorando. Eu estava chateada com o Igor, mas sei que meu choro não foi só por isso; também não sei pelo que mais foi.

Só sei que chorei e agora meus olhos estão inchados e minha cabeça está doendo. Levantei agora às seis da manhã, passei água no rosto e escovei os dentes. Preparei o café da manhã e, assim que estava pronto, o Juninho acordou com a Camile.

Juninho: Bom dia - falou baixo, com a voz de sono.

Mile: Bom dia - sorriu.

Helena: Bom dia - sorri de lado e ele me encarou desconfiado. - Ainda tem alguns pães de ontem, mas não vai dar para todo mundo. Você vai lá comprar? - perguntei ao Juninho, e ele bocejou, balançando a cabeça. - Acho que tem escova de dente lacrada lá no banheiro e o dinheiro está perto da TV.

Juninho: Ih, ala, vai dizer que eu tô com bafo? - ri e saiu da cozinha.

Helena: Quer que eu faça o pão para você agora? - perguntei a Camile.

Mile: Pode deixar que eu faço - sorriu de lado. Balancei a cabeça. - Você está bem? - encarei-a. - Tá com o olhar meio triste.

Helena: Só não consegui dormir direito essa noite, aí estou um pouco cansada. - suspirei.

Mile: Entendo, acho que todo mundo anda com a cabeça cheia. Se precisar de algo, é só falar.

Helena: Vou ficar bem. Acho que só preciso de um pouco de tempo para processar tudo. - falei e, em seguida, escutei o Juninho dizer que já estava saindo.

Preparei meu pão logo e, assim que me sentei para comer, a Camile levantou para levar o prato até a pia e o Igor entrou na cozinha. Com cara de cansado e só de bermuda, deixou visível a sua barriga com um curativo.

Mile: Bom dia - falou, depois de uns longos segundos da entrada do Igor na cozinha, e desviei meu olhar do dele, voltando a comer.

Gavião: Bom dia - falou com a voz rouca, e escutei ele vir em direção à mesa.

Mile: Tô indo para a sala - avisou, e encarei-a.

Helena: Não quer comer mais? - Ela negou, sorrindo de lado, e balancei a cabeça, vendo-a sair da cozinha.

Olhei de volta para o Igor e fiquei naquela de perguntar o que tinha acontecido ou de ficar quieta. Mas, apesar de eu estar um pouco decepcionada com ele, minha preocupação era bem maior.

Helena: O que foi que aconteceu? - Olhei para o curativo na sua barriga e depois para o seu rosto, que já me encarava.

Gavião: Nada demais - arrastou a cadeira e sentou, ficando de frente para mim. - tá melhor?

Helena: Sim. Daqui a pouco vou trabalhar. - Voltei a comer, percebendo que ele fugiu da minha pergunta, e escutei seu suspiro.

Gavião: Minha vida é complicada - começou. - Você entrou nessa já sabendo. Sabe dos riscos que eu corro, que vai ter dias mais complicados que os outros. - Encarei-o. - Não falei com você porque eu estava fugindo da polícia, pô. Estava tentando me manter vivo e manter os que estavam comigo também.

Helena: Eu sei dos riscos, Igor. Eu sei que sua vida não é fácil, que você vive correndo atrás de um monte de coisas... Mas eu também estou aqui. E você não precisa esconder de mim o que está acontecendo. Não precisa ficar se mantendo distante, como se eu fosse só mais uma pessoa qualquer. Eu sou sua mulher.

Lágrimas de ilusão. Onde histórias criam vida. Descubra agora