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Votem!!Algumas semanas depois...
Gavião:
A boca de fumo estava fervendo, mas a minha mente estava em outro lugar. Eu tinha tentado ir atrás da senhora que me falou sobre Deus da última vez. Aquela mulher que, em meio ao caos, me disse umas palavras que ficaram martelando na minha cabeça, mesmo que eu tentasse negar.
Eu me lembro bem do rosto dela, do jeito calmo de falar, como se a vida dela já tivesse passado por tudo que eu estou passando e ela estivesse ali só para me dar uma lição. Ela me disse para não ignorar os sinais. Falou sobre propósitos. Disse que Deus estava comigo, mesmo quando eu não acreditasse. Tentei procurá-la, mas não a encontrei. Ela simplesmente sumiu, como se tivesse sido a porra de uma ilusão.
Eu não sabia mais o que fazer. Pela primeira vez, estava me sentindo perdido. Não tinha certeza de nada. Nem da direção que o morro estava tomando, nem do que fazer com as merdas que eu havia feito, nem com a Helena. Eu me vi naquela situação sem saber se estava fazendo a coisa certa ou só cavando mais buraco para mim.
Escutei a porta abrir com tudo e só olhei sério na direção, vendo a Heloísa passar por ela.
Gavião: Tá fazendo o que aqui?
Heloísa: Já tem um mês que a Helena tá naquela cama de hospital. - Ela apontou para fora da porta, seus olhos brilhando pelas lágrimas. - Me diz o que aconteceu, Igor. Me diz a verdade.
Eu passei a mão na cabeça e desviei o olhar, sentindo o peso da culpa esmagando o peito. Não sabia como lidar com tudo aquilo.
Heloísa: Ela perdeu o bebê, Igor. - A voz dela falhou, deixando clara a dor que ela carregava. - Mesmo que não fosse teu sonho, ela queria tanto, você sabe. E agora, tudo isso... - Ela fez uma pausa, os olhos cheios de lágrimas.
Gavião: Você acha que eu não estou sentindo também, caralho? - Levantei o olhar, a raiva e a dor misturando tudo dentro de mim. - Nós já tínhamos conversado sobre isso, já tínhamos falado sobre a possibilidade dela estar grávida e eu pedi pra ela fazer o teste, mas ela não quis. Quis esperar a menstruação descer. - Passei a mão na cabeça, os olhos se fechando por um momento.- Mesmo que não fosse meu sonho, já tínhamos conversado sobre ter filhos. Você acha que eu não penso nisso? Não é porque eu não falo que eu não penso. Eu só não sei como lidar com isso agora. Não sei como contar tudo quando ela acordar.
O silêncio na sala ficou pesado.
Heloísa: Você machucou ela? - se aproximou, sentando-se na cadeira à minha frente, e eu respirei fundo, lembrando de tudo o que aconteceu naquele dia. - Eu falei para ela não se relacionar, para ela não criar sentimentos por você. Mas, por favor, Igor, me diz que você não fez nada de muito grave, por favor... - olhei para ela, vendo que ela já estava chorando, e eu só neguei com a cabeça.
Gavião: Eu machuco todo mundo - murmurei - mas eu não queria ter falado nada do que eu disse, nem ter feito nada. - esfreguei a mão no rosto - Não fui eu que empurrei ela, Heloísa. - Olhei para ela, sentindo minha vista embaçar. - Ela se desequilibrou e caiu. Eu não empurrei ela, papo reto. - Passei a mão no rosto.
Heloísa: Por que você não está falando tudo? - Encarei-a. - Eu te conheço, te conheço desde criança e sei quando você está escondendo algo. E agora eu sei que você está omitindo alguma coisa.
Fiquei encarando-a e, quando ia abrir a boca, escutei baterem na porta e entraram em seguida. Olhando, vi que era o Th, e a Heloísa olhou para ele. Ele encarou-a e depois me olhou.
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Lágrimas de ilusão.
FanfictionNunca espere demais da sorte ou dos outros; no fim, não há quem não decepcione você.