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20 comentários.

Helena:

Peguei plantão ontem, das 19:00 às 07:10 de hoje. Poderia passar a metade do dia dormindo? Poderia. Mas eu só cheguei em casa, comi, tirei um cochilo de 1h30, me arrumei e agora estou indo trabalhar de novo.

Vou atender em Bonsucesso, no hospital de lá, porque estavam faltando alguns técnicos e eu me disponibilizei para ir atender. Mas nem estou reclamando, porque essa é a profissão que escolhi, além de que amo ajudar as pessoas.

E, provavelmente, eu sairei de lá por volta das 17:30, voltarei para casa e poderei descansar tranquilamente, voltando a trabalhar só amanhã, às 19:00 horas.

Consigo descansar tranquilamente.

Helena: Obrigada. - falei ao motorista assim que ele parou o carro em frente ao hospital e paguei a ele, descendo do carro e já atravessando a rua, entrando no hospital.

Passei pela recepção e falei com algumas mulheres que estavam ali, dei meu nome e expliquei tudo certinho. Logo, ela falou onde eu iria começar a atender e onde ficavam as coisas.

Fui logo me higienizar e vestir meu jaleco, indo em seguida começar a atender o pessoal. O primeiro paciente já me impactou logo. Era um homem que tinha tentado se matar carbonizado.

Outros enfermeiros se aproximaram para me ajudar a cuidar dele, que a todo momento se lamentava por não ter dado certo. Fui conversando com ele durante o procedimento, o aconselhando, e foi quando ele disse o porquê de ter feito aquilo.

Rodolfo: Eu estou sozinho. Minha mulher e meu filho morreram em um acidente de carro. Eu não aguento mais viver sem eles - falou, baixando a cabeça, e vi que ele tinha começado a chorar.

Suspirei e direcionei o olhar para o acompanhante dele, que apenas balançou a cabeça e se aproximou do amigo.

João: Lembra do que a Iara falava? Não importa o que aconteça, temos que seguir em frente. Se ela estivesse aqui, não gostaria que você estivesse assim.

Rodolfo: Minha vida não faz sentido sem eles - olhei para os outros enfermeiros e, sinceramente, não sabia o que falar, porque a situação realmente era complicada.

...

Eu estava quase batendo o meu horário quando a Heloísa começou a me ligar. Estranhei por ela não estar ligando, mas tive que deixar meu celular tocar e atendi um dos últimos pacientes.

Helena: Você vai sentir sua vista ficar um pouco embaçada, o coração vai acelerar e a boca vai secar. Então, depois que eu der a injeção, você terá que ficar um pouco aqui, certo? - falei e ela concordou.

Apliquei a injeção em seu braço e ela virou o rosto para não ver. Assim que acabou, peguei algodão com álcool e coloquei no braço dela.

Helena: Tá tudo bem?

Xxx: Tá sim - falou, respirando fundo, e eu concordei, jogando as coisas.

Helena: Eu vou atender o outro paciente, mas qualquer coisa, se você não se sentir bem, me chama, ok? - sorri. - Mas assim que você sentir que esses sintomas passaram, já pode ir embora.

Xxx: Pode deixar - sorri e sai da sala. Fui chamar o outro paciente, mas antes, mandei uma mensagem para a Heloísa perguntando o que tinha acontecido e que eu estava no hospital.

Davi: Ainda aqui? Achei que você já tinha ido embora. Guardei meu celular no bolso do jaleco e sorri encarando ele.

Helena: Ainda faltam alguns pacientes.

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