09.

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Gavião:

Heloísa: queria saber o que passa na sua cabeça, Igor - falou, e eu estalei a língua, já sem paciência - como é que você chega na garota daquela forma?

Gavião: na moral, não enche meu saco, não, Heloísa. - falei, já sem paciência, e ela cruzou os braços, dando risada. - Vem com teus deboches também, não.

Heloísa: a garota saiu daqui ontem apavorada. Com medo dessa tua fuça, e isso tudo porque ela "viu" você matando um cara. E como se não bastasse, você ainda chega com "bom te reencontrar"? Ela achou que iria morrer.

Gavião: bom que ela já fica ciente mesmo no bagulho. No dia da boate, ela não teve medo, né? Veio cheia de marra. Agora ela já sabe que eu decorei a cara dela. Dela e da amiga dela. E pode falar isso para ela, fala que eu sei a placa do carro também e que, se eu me estressar, eu vou atrás.

Heloísa: Você é ridículo. É isso que você é. Ontem foi a primeira vez que ela subiu em uma favela e você já a trata assim? O que custava fingir que não a conhecia? Agora a Helena nem quer mais subir na favela.

Gavião: Primeira vez que ela veio, mas já veio no pique piranha, né? Já querendo os olhares todos para ela. - Dei risada e neguei - e já pode ir parando de andar com ela. - Apontei.

Heloísa: Vai se foder, Gavião. Nem conhecer ela você conhece para estar falando essas merdas. - Se virou para sair, mas fui mais rápido e já grudei no braço dela.

Gavião: Tá ficando maluca, porra? - Apertei seu braço e encarei-a bolado.

Heloísa: Maluco quem tá ficando é você, seu idiota - puxou o braço e soltei-a - chamando a garota de piranha, sendo que ela não deu moral para ninguém e muito menos para você.

Gavião: Piranha mesmo. As mulheres lá todas brigando com os caras, isso por conta da roupa dela.

Heloísa: E ela que tem culpa? Culpados são vocês, que são escrotos e babacas, que não respeitam nem a si mesmos. Agora você quer chamar ela de piranha? Se ela for piranha, você é o quê? Porque não pode aparecer uma vagabunda na sua frente que você já está comendo. Parece um cachorro no cio.

Travei meu maxilar e encarei-a mais sério. Filha da puta do caralho.

Cobra: Aê, Gavião, a Jéssica está aqui na frente falando que veio pagar o aluguel. - Abriu a porta com tudo e encarei-o sério, que olhou diretamente para a Heloísa, que me encarava séria. - Foi mal. - Coçou a cabeça. - Vou mandar ela vir outra hora.

Heloísa: Pode mandar ela vir, Cobra. Minha conversa por aqui já acabou - se afastou e ele balançou a cabeça, saindo - e depois eu que sou a errada, não é? - Deu risada - Quer vir falar da Helena, mas as putas que tu pega só faltam dar na rua.

Gavião: Mete o pé, Heloísa. Estou perdendo minha paciência com você.

Heloísa: E eu estou pegando raiva da sua cara. Tento ter uma boa relação com você, mas sei que o melhor mesmo é me manter afastada. - Ela se virou, saindo, e eu fiquei mais sério.

Assim que ela abriu a porta, a Jéssica já vinha e olhou sorrindo para ela, que continuou de cara fechada e passou tombando, falando algum bagulho.

Jéssica: Ela é chatinha, né?

Gavião: Cala a tua boca e vem fazer teu trabalho logo, caralho.

Jéssica: Tá bom. - Ela sorriu, vindo na minha direção, e eu a encarei, que estava com um short que parecia mais uma calcinha. Puta mesmo.

...

Helena:

Dani: Helena, eu vou te matar, garota - sorri - você tá maluca?

Helena: Mas é só uma recaída - ela negou - não mata ninguém.

Dani: Não mata ninguém? Você já estava superando aquele filhote de cruz credo e agora quer ter uma recaída? Você se odeia, minha filha?

Bufei e passei a mão no rosto. Ontem, depois que eu cheguei do baile, o Tiago me mandou uma mensagem, daí ficamos conversando pela madrugada e marcamos para nos ver hoje. Só que eu acabei soltando para a Dani e ela está tentando fazer minha cabeça para eu não ir.

Dani: Você me fez pegar ódio daquele menino e agora quer voltar com ele? Sinceramente, Helena. E outra, ele não estava com uma menina já?

Helena: Ele disse que terminou - fiz biquinho - é só uma ficada e pronto, cara.

Dani: Quer saber? Você faz o que bem quiser. Já é grandinha e sabe das consequências. - falou séria e cruzei os braços.

Helena: Vai ficar com raiva?

Dani: Eu não. A boca é sua, o ex é seu, a recaída vai ser sua e, se quebrar a cara, quem vai quebrar é você.

Helena: Nossa - dei risada e passei a mão no rosto - mas é que eu só fiquei com uma pessoa nesses dois meses, véi.

Dani: E ele mal terminou com você e já assumiu outra. Você acha mesmo que esse cara amou você? Porque a consideração não teve nenhuma.

Respirei fundo e fiquei quieta. Dani não tem pena nenhuma quando é para dar sermão. Doa a quem doer, mas ela fala a verdade logo na cara.

Eu amo isso nela, porque ela realmente fala para a pessoa se tocar na vida. Só que, na hora, a pessoa fica um pouco puta da vida, né? Mesmo sabendo que ela está falando para o bem.

Dani: Vai ter samba lá no bosque e as meninas estão animadas para ir. Você vai ou vai sair com o outro lá?

Helena: Não sei - murmurei - acho que vou com vocês mesmo - falei, e ela concordou.

Levantei da minha cama e fui logo tomar meu banho. Assim que saí do banheiro, ela entrou e eu comecei minha maquiagem. Fiz bem basiquinha mesmo; depois vesti um vestido laranja e coloquei um saltinho. Deixei meu cabelo todo liso e esperei a Dani se arrumar. Depois, pedi para ela tirar umas fotos minhas e tirei dela também.

Saímos de casa e já fomos direto para o carro. Dani deu partida e ainda passamos na casa da Samara para pegá-la. Rapidinho chegamos no bosque.

Samara: Cheio como sempre - falou, rindo, e eu concordei.

Todos os domingos tem pagode aqui no bosque e sempre é a mesma coisa: fica lotadíssimo. Mas também é maravilhoso.

"Falta de tudo, não sei de nada
É só trabalho, volto pra casa
Não tem você, falta você"

Dani: Não tem seu cheiro no travesseiro quando eu me espalho na nossa cama. Não tem você.

Helena: falta você - completei com a intenção de provocar a Dani, e ela me encarou, fazendo eu dar risada.

Dani: Eu ainda bato nessa menina, olha só, hein - falou para a Samara.

Samara: Falou que nem uma mãe agora - concordei e dei risada.

Helena: Só não pode se estressar.

Fomos pedir logo nossas bebidas e eu fiquei o tempo todo tirando sarro com a Dani, que só faltava me bater, e a Samara só ficava rindo.

Arrumamos um lugar para ficar e eu já estava descendo todas, sambando junto das meninas e cantando com o pessoal. Uma vibe maravilhosa mesmo.

Amo meu Rio de Janeiro.

Helena: que na vida, o hoje tem que aproveitar, porque eu não sei se o amanhã a de chegar. Se desse ao menos um sinal - cantei com a mão para cima e, na hora, senti alguém tombar em mim.

Virei e, quando vi, não acreditei, dando risada. Meu ex. Pronto, a recaída vem com sucesso agora.

Tiago: tu? Você não disse que não ia sair de casa hoje?

Helena: falei? - sorri de lado.

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Lágrimas de ilusão. Onde histórias criam vida. Descubra agora