Insônia

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Já passa uns 15 min da meia-noite, do terraço do meu prédio observo as outras construções, o barulho de uma cidade que não dorme, as torres de telecomunicações com suas mil e uma antenas, os aviões rasgando a escuridão do céu noturno. O vento sopra de uma forma muito agradável. Cá estou eu me fartando de um x burguer, batatas e uma coca, os fones nos ouvidos... deveria estar puxando um cochilo, mas não consigo. Cheguei cansado do trampo, meu corpo tá pedindo arrego mas minha mente está cheia de pensamentos e um deles é minha mãe, será que ela está bem?! Ouço um barulho e me viro instintivamente... é só a branquinha pulando por cima de umas latas de tinta. Faço um gesto e ela vem sobre suas patas de veludo em minha direção. Ela se aproxima e fica me fazendo companhia, retribuo o favor com pedaços do meu hambúrguer.

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1 h e 45 min. da manhã. Tic Tac...Tic Tac... meus sentidos não conseguem hibernar. Já me revirei umas 500 vezes na cama, e nada... Não consigo parar de reviver aquele minuto, de como seu coração parecia perturbado quando ela me abraçou. Mano, que merda... se eu pegar aquele babaca ele vai ver. Pouco me importa se ele é casado, se tem filhos... ele próprio não pensou nisso quando se envolveu com uma criança. Levanto-me da cama que sempre me pareceu confortável mas que hoje, parece feita de areia. Vou tomar uma ducha, quem sabe isso esfrie um pouco minha cabeça e eu consiga driblar essa insônia desgraçada.

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3 h e 20 min. Enxugo a face e me olho no espelho, as olheiras sutilmente me traem. Não consegui dormir ontem a noite, talvez por causa da cafeína... para não dizer que foi culpa da minha mente que não parou de funcionar a todo vapor. Pego meu casaco e mochila, na bancada mais uma xícara de café... Destranco a porta, respiro fundo e caminho em direção ao elevador, são 4 andares até o térreo. O céu começa a aparentar os primeiros traços da alvorada, cumprimento seu Pedro, o porteiro e sigo rumo à estação subterrânea.

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- Ô Victooooor?? Acorda, vai se atrasar para a aula...

Abro os olhos repentinamente, os raios do sol invadem meu quarto quando minha mãe abre as cortinas. Confiro o relógio, são 6 h e 20 min. Eu não sei em que momento eu apaguei, mas ainda bem que aquela sensação passou.

- Vamos menino, levanta daí!!! Cuida na vida que teu pai vai te levar pra escola.

Sabe, eu nem tô a fim de ir hoje... foda que os caras vão me matar se eu não for, tem um trabalho para apresentar e é a maior mancada deixar eles na mão. Levanto da cama e enquanto tomo uma ducha minha mãe traz um lanche para mim. Me visto ao mesmo tempo que empurro o sanduíche goela abaixo. Se não fosse esse trabalho em equipe eu estaria fodido. Mesmo que em grande parte das vezes minha mãe seja resmungona e tudo que a gente faz parecesse que não tá bom o suficiente, tem horas que eu percebo que sem ela estaríamos perdidos.

Convergindo (Em Construção)Onde histórias criam vida. Descubra agora