O sinal soou de forma estridente por toda a estrutura da escola. Os alunos que ainda estavam do lado de fora, empurravam uns aos outros numa tentativa desesperada de entrar na sala. Os assentos foram pouco a pouco sendo ocupados e no fim das contas haviam dois lugares vazios, um na minha frente e outro atrás. Após alguns minutos a professora chegou, pôs seu material sobre a mesa, sentou-se e começou a ir chamando os nomes dispostos em ordem alfabética. Eu era praticamente o último... Assim que ela concluiu pediu para que abríssemos o livro de matemática a fim de resolver alguns problemas... sabe como é... exercitar o que já tínhamos aprendido. Próxima semana enfrentaríamos as provas que decidiriam se iríamos ou não sentir mais cedo o gosto da liberdade.
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- Oi, mãe... ah...é que eu não estava me sentindo muito bem... Não, não é nada sério... Relaxe.
Pensando bem, talvez tomar um Tylenol e um Dramin juntos pode ter sido um exagero ou desespero demais de minha parte... O segundo fez minha pressão cair e eu fiquei lá deitada por um bom tempo em minha cama sentindo meus reflexos serem retardados pelo efeito do comprimido. ... Pulando a parte ruim... posso dizer que agora me sinto 90% livre de meu mal estar.
-...Bem, eu queria que a senhora me dissesse como que faz para preparar aquela canja... É... essa mesmo. Certo... ok... tem que fazer o quê? Hmm, entendi... beleza, cortar as verduras e deixar ferver...
Ela ficou lá, repetindo milhares de vezes a mesma coisa até eu lhe confirmar com toda convicção que estava bem. Eu entendia sua preocupação, mas em alguns momentos chegava a ser irritante.
- ok... obrigada.... Também te amo... sim, já tomei remédio... certo, certo...
Depositei o celular sobre a bancada e comecei a organizar os ingredientes para a tal canja revigorante. Eu tinha que melhorar o mais rápido possível e ficar sem comer nada não ia ajudar nem um pouco. Lavei as verduras em água corrente e em seguida sobre a tábua de madeira lentamente fui cortando-as. Eu não era tão hábil quando minha mãe, ela fazia isso em questão de segundos. Aliás, ela preparava o almoço inteiro em poucos minutos. Enquanto a água do arroz fervia, ela cortava, temperava... fazia os preparativos para por a carne para fritar... Ela sempre me chamava para observar acreditando que o simples fato de assisti-la ia me fazer absorver sua prática. Eu até aprendi algumas coisas, mas com certeza não conseguia fazer a comida ficar tão maravilhosa quanto a dela.
Ela e minha avó de vez enquanto ficavam me alfinetando, dizendo que eu nunca ia conseguir me casar por ser um desastre na cozinha. Bem, o que posso fazer...? Eu não tenho muitas ambições na vida em relação a me casar... ter uma família. Eu sei que é algo importante... passar adiante o sobrenome. Não fico naquela paranóia de esperar a "pessoa certa", mas também não saio por aí pegando todos. Sei lá... se tiver que acontecer...acaba rolando... pelo menos, essa é minha filosofia. De repente me pego relembrando os meus momentos com o Fernando, o jeito que ele me olha, a forma como me toca... eu gosto dele... mas é como se tudo isso fosse uma coisa impulsiva, carnal... vez ou outra aquele sentimento, como se algo não estivesse encaixando... aflora dentro de mim... Ele é uma pessoa maravilhosa e eu uma pessimista.
- Aiiii
Imediatamente a sensação de dor foi percebida pelo meu cérebro, me trazendo de volta para a realidade. O sangue vermelho-vivo escorria pela ponta de meus dedos e gotejavam no chão.
- Droga!
Corri para a pia, com a mão esquerda girei a torneira. A água fria caía como uma cachoeira sobre o pequeno corte em meu dedo indicador. A ardência ia pouco a pouco diminuindo... meu coração desacelerando pelo susto. Não que eu tivesse medo de sangue... eu só...não gostava de me machucar...
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Convergindo (Em Construção)
Genç Kurgu"...toda essa história começou há seis semanas atrás quando minha rotina continuava pacífica e monótona... aliás, eu já estava contando os dias para minha formatura, não porque estivesse empolgada e sim por querer me ver logo livre disso. Tão inocen...