Ele me passou o segundo prato e os talheres sujos, logo em seguida foi pegar os copos que estavam sobre a mesa. Munida com esponja e sabão dei continuidade ao meu trabalho. Eu não me importava muito com isso quando era criança, mas quando me vi morando sozinha virei adepta da prática: sujou, lavou. É bem simples, quanto mais louça você deixa acumular, mais tempo e mais sujeira junta... fora que não é algo muito agradável de se mostrar para as visitas.
- E aí, o que você me diz de irmos tomar um sorvete?
Fernando depositou os copos sobre a pia com os olhos fixos em mim, aguardando uma resposta.
- Hmmmmmm, deixe-me pensar...
Fixei meu olhar na parede e fiquei tamborilando a superfície metálica com os dedos úmidos pela água e o sabão.
- Ah vamos... não fica se fazendo de difícil não viu dona Helena, eu sei que você AMA sorvete...
Senti o calor de seu corpo através de minhas costas. Seus braços envolviam minha cintura e sua mandíbula pressionava levemente meu ombro direito. Através de minha visão periférica olhei para ele, seus olhos encontraram os meus. Havia uma súplica em seu olhar... Aposto que já estava começando a ficar desconfortável aquela posição pois eu sou... quer dizer, ele é bem alto! Resolvi fazer um pouco de birra só pra ver sua reação.
- Ah... será que é uma boa idéia? (Cantarolei)
Ele começou a mordiscar de leve meu pescoço me causando arrepios, num impulso soltei os garfos que eu tinha em mãos, eles caíram barulhosamente dentro da pia.
- Aiiiii.... hahaha.... pára... hahaha.... tá fazendo cócegaaaassss...rsrsrs...
- Só se você disser que sim!
Ele sussurrou, os lábios praticamente colados em meu ouvido... aquela voz meio rouca disparou um alarme dentro de mim... dessa vez não me arrepiei por sentir cócegas...
- T-tá... tá b-eem...
Ele me soltou e me dirigiu um olhar orgulhoso.
- Muito bom fazer negócios com você! Muahahahaha...
Abri minha boca com indignação, ele apenas sorriu triunfante. Molhei minhas mãos com água e joguei em sua direção, porém ele foi mais rápido, saiu correndo me deixando ali sozinha em uma tentativa falha de acalmar as batidas de meu coração.
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Eu já estava adquirindo resistência ao álcool.
- Põe mais uma, Gil!
Depositei o copo sobre o balcão, o barman assentiu com a cabeça e removeu o copo vazio revelando um círculo úmido sobre meu guardanapo. Apoiei meus cotovelos sobre a superfície de madeira e deixei meu olhar se perder nos rótulos de bebidas expostos na estante do bar. Uma mão deslizou em minhas costas. Eu nem precisei me virar pois o cheiro do perfume me deram todas as dicas das quais eu precisava. Ela deu a volta e puxou um banco do meu lado direito.
- Oh Gil, me vê uma Vodka?!
Assim como quem não quer nada olhei para a jovem ao meu lado. Ela olhava para frente e para o lado esquerdo como se estivesse procurando alguém... uma tentativa de não dar pistas de que sabia que eu a estava analisando. Através de minha visão periférica vi que seus cabelos eram castanhos e a pele lisa como porcelana. Estava discretamente maquiada, só havia ênfase em sua boca... um sutil batom vermelho. Mulheres realmente sabem ser predadoras quando querem.
Meus olhos foram deslizando discretamente, não se demorando mais do que alguns segundos em cada parte de sua anatomia. Desci e subi, ela estava usando um traje bem provocante. Quando meus olhos repousaram novamente em seu rosto ela o virou rapidamente em minha direção me "pegando no flagra". Ela sorriu e seu olhar me questionava a respeito do meu julgamento sobre si. Voltei minha atenção para o copo que Gil tinha acabado de depositar em minha frente. Ela pigarreou, claramente reivindicando minha atenção.
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Convergindo (Em Construção)
Teen Fiction"...toda essa história começou há seis semanas atrás quando minha rotina continuava pacífica e monótona... aliás, eu já estava contando os dias para minha formatura, não porque estivesse empolgada e sim por querer me ver logo livre disso. Tão inocen...