Bom Dia, Flor do Dia!

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Quando acordei meu corpo todo doía, o cheiro de éter no ar denunciava onde eu estava, Hospital. Na minha mente os recortes de lembrança da noite anterior se processavam. O ambiente ao meu redor era silencioso, havia uma janela por onde os raios do sol entravam, mais dois leitos e uma jovem estranha adormecida numa cadeira ao lado de minha cama. Ela dormia serenamente, usava uma blusa do Bullet e num reflexo abriu os olhos quando movi lentamente minha mão em sua direção.

- Bom dia...

- Bom dia estranha...rs

- E aí, como se sente?

- É...vou sobreviver...

- Você tem alguém que possa vir, sei lá... algum parente?

- Minha mãe, mas... eu nem tenho falado ultimamente com ela... oh, se quiser ir... de boas, eu me viro.

Eu não podia me aproveitar da boa vontade da moça, com certeza ela tinha mais o que fazer.

- Sua mãe tem telefone?

-Se ela não tiver mudado de número...

Dito o número que ela rapidamente anota na mão, eu nem sei se é o mesmo número ainda.

- Você está com fome? Vou pegar um café pra gente...

Ela amassa o longo cabelo castanho escuro e sai do quarto.

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Passei a noite inquieto enquanto os médicos cuidavam para estabilizá-la. Sua mãe estava inconformada, como sua filha pode esconder a gravidez dela? Eu avisei para ela abrir o jogo, mas ela teve medo e não pensou duas vezes em arriscar a própria vida. Já eram 6 da manhã... através da janela de vidro eu podia vê-la, depois da noite conturbada descansando tranquilamente.

Minha mãe estava no corredor esperando por mim, ela tinha ficado preocupada por eu ter saído sem dizer nada, mas quando soube do que se tratava... ela sabia do meu carinho pela Sarah, afinal sempre os pais dela e os meus se reuniam aos sábados para jogar conversa fora e daí fomos crescendo muito afeiçoados um ao outro. Nunca chegamos de fato a namorar, naquela época tanto eu quanto ela nos sentíamos atraídos por outros tipos de pessoas.

- Vamos, não há nada que você possa fazer aqui...

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Acordo com meu celular vibrando, confiro a hora... 6 h e 20 min. Muito cedo para acordar num domingo. Esfrego os olhos, clico no ícone das mensagens, o número me parece familiar. O texto curto é um convite.

..." Oi, bom dia, vi você ontem no Pub, você estava in-crí-vel. Eu e minhas amigas passamos a noite te procurando depois da festa. Enfim, que tal sairmos qualquer dia desses? Me liga. Assinado: Luana...."

Depois de 5 meses separados agora ela vem atrás de mim... Eu até gostava dela, mas nós brigávamos muito. Éramos muito incompatíveis, nossos gostos, nossos planos... Assim como eu, ela nasceu no mundo aristocrata, vive uma vida dupla, porém a dela não é tão saudável quanto a do garoto certinho aqui, rs... Bom, ela foi a única namorada que apresentei formalmente aos meus pais e de cara minha mãe gostou dela, dava a maior força, dizia que a moça podia me ensinar a ser mais um pouco ambicioso e tals... Ela não curtia meu jeito e eu não estava disposta a mudar. Não havia o que pudesse ser feito.

Desligo o celular e jogo em cima do criado-mudo. Fico olhando para o teto. O gesso branco contrastando com o lustre dourado. Fico pensando na noite anterior, ao todo nós tocamos 8 músicas, inclusive uma nacional à pedido dos casais do salão e fomos muito bem aplaudidos, quem sabe isso não tenha aberto portas para novas apresentações?

Convergindo (Em Construção)Onde histórias criam vida. Descubra agora