Teste de Confiança

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Eram por volta das 10 Hrs da manhã, abri a porta do apartamento, tudo estava no mais completo silêncio, tudo estava no seu devido lugar. As janelas de vidro trancadas deixavam os raios do sol passarem iluminando o cômodo no qual eu estava. Na estante haviam vários tipos diferentes de livros e acima dela um estojo que acredito ser o receptáculo do seu violino. Nas paredes não tinham quadros, somente pôsters de bandas algumas das quais eu nem conhecia. A porta de seu quarto estava fechada, eu só a empurrei levemente e rapidamente visualizei tudo. Não havia traços de bagunça, parece que ela fez um esforcinho para deixar uma boa impressão. Fiz mais um tour pelo local, da janela lateral dava para ver o lugar do meu pior pesadelo, aquilo veio em flashs na minha mente, a chuva, o frio, a dor... a voz dela encobrindo todo o barulho externo que ecoava como se estivesse distante demais.

Meu celular vibrou, estava na hora de ir para minha casa tomar uma ducha e dá mais uma estudada. Tranquei as portas do ap e me arrastei pelo corredor até o meu próprio refúgio, minha mãe não estava, havia saído para fazer umas compras.

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Vi a Alice correndo na minha direção e a onça atrás dela, William estava numa árvore do outro lado e eu aqui sentado em um galho, ela parecia desesperada, os cabelos soltos ao vento, a expressão de medo estampada nos olhos e na face. Quando ela se aproximou estendi o braço para puxá-la para cima, suas mãos estavam deslizando por conta do suor, ela não era tão pesada mas precisei de força para manter o equilíbrio de peso no galho para que ele não se partisse e nós dois acabássemos nos dando muito mal. 

- Me puxa!!! Depressaaaa!!!

- Você é pesada!!! Não posso por força no galho, senão quebra.

- Tá me chamando de gorda?

Mulher é um bicho escroto, mesmo na hora do perigo arruma um jeito de brigar... 

- Se foder hein...

Puxei ela que veio escalando na casca escorregadia da árvore, a onça retesou o corpo a fim de pular para nos alcançar. Senti a adrenalina correndo em minhas veias junto ao medo, nesse momento concentrei todas as minhas forças nos músculos de meu braço e alavanquei a garota para cima facilmente. Quando abri os olhos o animal nos encarava ao mesmo tempo que arranhava a casca da árvore com suas garras afiadas.

- Faz alguma coisa!

A ruiva me intimava, sua expressão era um misto de medo e indignação. Olhei para ela perplexo.

- Como assim faz alguma coisa? Se você não percebeu, acabei de te salvar!

Eu a encarei com toda a raiva que eu estava sentindo, eu não tinha obrigação alguma de ajudá-la e ela ainda tem a cara de pau de me tratar como se eu fosse seu empregado. Ela ficou em silêncio por alguns segundos. Aparentemente envergonhada pela sua falta de consideração. 

- Tá... tudo bem... acho que exager-...

Foquei minha atenção em seu rosto, ela desviou o olhar visivelmente constrangida. Tava na cara que ela não costumava pedir desculpas ou sabia agradecer a ninguém que não pertencesse ao seu "mundinho".

- OBRIGADA!!!

Ela praticamente cuspiu as palavras e eu não consegui me manter sério diante de sua falta de jeito. Ela se agarrou a um galho de árvore e relaxou um pouco a postura.

- Satisfeito?

Eu apenas sorri. De repente ela arregalou os olhos como se estivesse tendo um ataque cardíaco, acompanhei o seu olhar... A onça havia desistido de nós e agora perseguia alguém em completa desvantagem.

Convergindo (Em Construção)Onde histórias criam vida. Descubra agora