Inflexível

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Sentadas à minha mesa estavam Regina, Rosie e Alexandra, na mesa oposta a nossa estavam Max e sua galerinha, ele me olhava com deboche... acho que estava tentando convencer ele mesmo e quem estava ao redor que quem tinha saído perdido era eu. Mas querido, venhamos e convenhamos, ele não está com essa bola toda não.

- Alice? Você tá sabendo?... sabe a Lu, a líder de torcida?

- O que tem?

- Ela falou para a Marília, que deixou escapar para a nossa amiga Rosie aqui que viu o seu ex com a Karolina, aquela do clube de natação.

- A baixinha?

- Ela mesmo...

- Amiga, você vai comer essa fatia de bolo?

- Pode ficar, tô sem fome...

- Affs Regina, você sabe quem faltam menos de 1 mês para o baile de formatura né?

- E o que é que tem?...

- Ah, só o simples fato de que você vai ter que procurar vestidos em lojas que vendem tamanho GG...

Nossa, eu tinha me esquecido completamente do baile, mas agora isso pouco importava, se ele estava pensando que ia eleger uma anã desengonçada como aquela a rainha do baile ele estava absolutamente iludido porque eu não iria descansar até aquela coroa ir parar na cabeça de quem realmente merece: Eu.

- Alice, você conseguiu entregar a autorização dos seus pais para ir à excursão?

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Ela estava sentada numa mesa do outro lado do refeitório. David seguiu a direção do meu olhar e percebeu na hora.

- Vai lá falar com ela, deixa de ser frouxo cara...

- Mas hein?!

O lance era o seguinte, talvez eu tivesse ficado meio impressionado com ela, mas isso não queria dizer que eu estava afim. E outra, o que eu iria dizer? Chegar lá de uma vez e perguntar se ela quer nos fazer companhia aqui na nossa mesa? Ela vai achar que tô sentindo pena dela. Fora que eu ia passar um ridículo se ela me deixasse no vácuo.

- Aí, Will, se liga quem tá vindo...

O toc toc do seu salto alto ecoava no ambiente, ela chamava atenção por onde passava com seus longos cabelos loiros, os olhos verdes, o corpo... bem, não preciso entrar em detalhes. Essas são as descrições da minha ex namorada e atual stalker.

- Olá meninos? Me emprestam o William só por uns minutinhos?

- Opa, mas é claro.

Os caras a olharam de alto a baixo e me mandaram sinais de incentivo enquanto ela me arrastava para um lugar mais reservado.

- Pensei que você ia ligar...

- Ah, é que eu... bom... tava... estu-dando... é tava estudando para as provas, você sabe né... fim do ano, a coisa aperta...

Estudando?? Que desculpa mais bosta... mas , enfim... 

- É... sei sim, mas você tem que relaxar um pouco... não acha? Oh, vamos fazer o seguinte... um cineminha hoje à noite. O que você acha?

- Eu tenho que arrumar umas coisas para a excursão.

- Ah... e que tal quando você voltar? Não aceito não como resposta...

Ela se inclinou e tentou me dar um selinho, mas eu me virei e foi no rosto. Ela saiu soltando beijos com as mãos. À mesa meus amigos comemoravam, do outro lado a garota sombria me olhava e comia sua sobremesa como se tivesse pouco se fodendo para o que acabou de ver.

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A aula de informática de hoje era no laboratório, iríamos trabalhar diretamente com o hardware, tirando e repondo peças no computador. O professor nos separou em dupla. Tirei a maior sorte, minha parceira era uma gata. Vamos dizer que 50 % aqui da sala eram garotas, mas tipo só umas 25 % são pegáveis. Tô ligado que hoje em dia a mulherada conseguiu invadir tudo quanto é mercado de trabalho e na boa, algumas mandam muito bem. Não é pelo fato de serem do sexo feminino que são menos capazes que nós. O mundo moderno é teoricamente muito eclético, mas na prática ainda alimentamos um certo receio de por mulher fazendo "coisa de homem"... irônico que tem muito homem fazendo "coisa de mulher" e se mostrando muito profissionais no que fazem.

Tem gente que fica de zoas, dizendo que o cara é afeminado, mas acho que não tem nada haver, e mesmo que seja, o quê que a gente tem haver com isso? Se o cara curte outra coisa, deixa né, foi a opção dele. Todo mundo prega que nascemos com o livre-arbítrio, mas na moral, não somos tão livres quanto imaginamos. E não foi ninguém além de nós mesmos quem fechou a porta da prisão.

Quando vou lá tirar uma dúvida com o professor, percebo através da minha visão periférica a mina colocando alguma coisa dentro do meu caderno. Eu já tava sacando que ela estava me dando maior mole, eu que não ia deixar me escapar um filézinho daqueles.


Convergindo (Em Construção)Onde histórias criam vida. Descubra agora