- Mas que inferno!!!
Esbravejei para mim mesmo enquanto tentava escapar do congestionamento. Eu não teria que enfrentar isso senão tivesse ido atrás dela. Girei o volante para a esquerda, minha cabeça doía e minha visão estava um pouco embaçada...
Biiiiiiiiiiiiiiii Biiiiiiiiiii.....
- Olha por onde anda, idiota!!!
Freei bem a tempo de evitar me colidir com a caminhonete. O motorista saiu reclamando da minha falta de atenção. Era apenas mais um queixoso... rs... como se ele fosse o único com problemas... Mandei-lhe um foda-se... eu só queria sair logo daquele lado da cidade. Cliquei no player e aumentei o som, eu precisava ocupar minha cabeça com alguma outra coisa.
"...I just gotta stay calm, before I let this time bomb blow up in my face..."
"...Eu só tenho que manter a calma, antes de eu deixar essa bomba-relógio explodir na minha cara..."
Na minha mente eu revia a cena do "casalzinho" feliz de mãos dadas... como eu sou burro!!! Eu estava de boas... até que tô curtindo ficar com a Luana, nosso relacionamento está 10 mil vezes melhor do que era quando namorávamos a sério... talvez porque minha meu modo de pensar esteja diferente do que era naquela época... mas como uma maldição, sou atraído novamente para esta garota que até certo momento era uma desconhecida para mim. Eu só estava procurando motivos pra me estressar.
"...These issues, they choke my like a noose ..."⒅
"...Esses problemas, eles me sufocam como um nó..."
Soquei o volante num acesso de raiva. O trânsito seguia no passo de uma tartaruga. Céus, o que eu fiz para merecer isso?!
Sobre o assento do lado direito estava meu celular. Toquei a tela, eram 18 hrs e 20 min. Respirei fundo e procurei relaxar o máximo que era possível mesmo estando submetido a uma situação tão irritante. Meu celular vibrou, baixei o volume da música e atendi.
- Oi... hoje à noite? Beleza... que horas você quer que eu passe aí? Hm... ok... até mais.
É...quem diria? Eu me deixando afundar... Mas de boas, sempre paguei de Sr. Politicamente correto, não enchia a cara, nem fumava... sexo sem compromisso então?... nem pensar. Eu criticava meus pais por quererem me controlar, sendo que eu mesmo estava me segurando, usando a desculpa de que este mundo não me interessava... e blá...blá...blá... A verdade é que eu estava mudando, do mesmo jeito que naquela época em que eu deixei de ser o Sr. Engomadinho e passei a ouvir Rock, porém dessa vez não estou com tanto receio de viver as experiências que irão surgir. Enfim... eu nunca vou ter do que me arrepender se não errar pelo menos uma vez, não é mesmo? ... não vou me preocupar mais, deixa rolar... É só uma festa, o que pode dar errado?
O sinal abriu e aos poucos o fluxo de veículos foi sendo agilizado e finalmente pude seguir meu caminho.
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- Por que toda essa empolgação?
Ele apenas sorriu... tentava disfarçar, mas parecia ansioso. O sinal sonoro indicava que chegamos ao nosso destino, as portas do elevador se abriram revelando o 4º andar.
- Quer ajuda com as compras?
- Não está pesado...
Ele me olhou com uma carinha daquelas de cachorro abandonado...
- Aaaah... tudo bem....!!!
- Rs, sabia que você não resistia ao meu charme.
- Rum... tá se achando hein? rsrsrs....
Ele pegou a sacola de minha mão e caminhamos até o meu apartamento, quando abri a porta meus olhos foram praticamente atraídos para o objeto em cima da bancada.
- Ai meu Deus !!! Elas são lindas...
Era um buquê de rosas vermelhas. Eu fiquei chocada, era a primeira vez que eu ganhava flores. Instintivamente olhei para ele. Ele veio em minha direção e me abraçou.
- Feliz aniversário, Helena.
- Rs, nossa... você lembrou?!
- Claro.
- Nossa, rs... tô sem palavras...rs
- Ótimo...
Nossos olhares se encontraram e como se estivéssemos submetidos a um campo magnético senti nossos rostos se aproximarem. Novamente aqueles sentimentos estranhos estavam lutando para se libertarem. Naquele momento eu tinha duas opções. Resistir ou me entregar. Seus lábios continuavam se aproximando e eu ali imóvel... . Então era isso? Eu ia ceder aos meus impulsos? Ficar com um para esquecer o outro? Eu estava enganando a mim e a ele, eu sei que isso é desonesto e que era muita mancada minha. Havia um conflito interno dentro de mim naquele momento... razão versus emoção. Por que eu tenho que ficar no meio desse fogo cruzado? Nesse momento minha emoção quer falar mais alto e despejar tudo que eu venho sentido quando penso nele, mas a minha razão diz que é errado, que eu estou apenas imaginando coisas, redirecionando sentimentos... Ai, que se foda isso tudo, já estou ficando com dor de cabeça de tanto pensar...
E então seus lábios encostaram delicadamente nos meus... .Senti suas mãos em minha cintura, aquilo me fez sentir arrepios. Nossos corpos estavam reagindo ao toque de nossa pele uma contra a outra. Minha mente ficou vazia e tudo que estava me movendo era o puro instinto, senti suas mãos acariciando minhas costas, subindo e descendo... nossas respirações estavam ficando pesadas, seu beijo evidenciava cada vez mais sua excitação e eu correspondia aquilo com a mesma intensidade. Quando ele me pressionou à parede, aquele rosto veio à tona. Rapidamente recobrei minha racionalidade e o empurrei em busca de um pouco de ar. Puta merda, o que eu fiz? Ou melhor, o que eu ia fazer? Será que enlouqueci de vez?
Ele me olhava meio preocupado, meio sem jeito...
- Desculpe... eu fui muito...
Eu dei um sorriso amarelo enquanto ele tocava meu ombro ajeitando a alça da minha blusa.
- Desculpe, também... (eu tinha absoluta certeza de que meu rosto estava vermelho) rs...bom... vem...põe as coisas na geladeira enquanto eu coloco essas rosas em um local mais adequado.
Aos poucos meu coração ia se acalmando. Tudo bem, isso foi intenso... Eu queria, ele também, por que não me entreguei? Muito simples, não posso fazer isso... não posso entregar meu corpo ou meu coração a um se minha mente ainda me prende a outro.
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Convergindo (Em Construção)
Ficção Adolescente"...toda essa história começou há seis semanas atrás quando minha rotina continuava pacífica e monótona... aliás, eu já estava contando os dias para minha formatura, não porque estivesse empolgada e sim por querer me ver logo livre disso. Tão inocen...