Em Chamas

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Ela me olhava em silêncio, seu corpo permaneceu imóvel ao sentir o impacto de minhas palavras. Sim, finalmente eu havia dito aquelas palavras. Não foi bem da forma como eu planejei que seria, mas... tá valendo.

Passei a mão na frente do rosto dela na tentativa de acordá-la daquele transe.

 - Oooii? Tem alguém aí??  

- É...rs... nossa, (ela piscou os olhos rapidamente) ...você, me pegou de surpresa... rs

Ela disse dando um sorriso sem graça e virando o rosto em outra direção quando me aproximei. É...eu já imaginava que ela não ia ter uma reação daquelas tipo que a gente ver em filmes, com direito a beijos apaixonados, lágrimas e tudo o mais. Deixei-a livre de minhas mãos, eu não esperava que ela fosse corresponder ao meu amor, até então ela sempre me tratou como amigo e nada mais... se bem que naquele dia quando ela estav-... Não!!! ... Talvez tenha sido coisa da minha cabeça...  

Ela caminhou em direção à sala, eu a segui. Que droga... ia ficar esse climão estranho? Aff, eu estraguei tudo! Que ótimo, Fernando...

- Eeeii,  (dei alguns passos e toquei em seu ombro)... vai ficar agindo estranha comigo não né? Eu sei que eu falei... ah... você me conhece, sabe que às vezes eu falo sem pens-...

Ela se virou de supetão, seus lábios encostaram nos meus interrompendo minha fala. Suas mãos tocavam meu rosto com carinho. Eu estava surpreso e ao mesmo tempo feliz, foi a primeira vez que ela teve a iniciativa de me beijar. Eu senti aquele frio no estômago... na luta pelo seu coração fui eu e não aquele mané, quem conseguiu vencer. Pus minhas mãos sobre as dela, naquele momento eu a estava prometendo que nunca a faria chorar como ele fez.

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- ... Odeio o modo como você olha para ele...

Cada palavras que ele dizia fazia meu coração acelerar. Não, não pode ser... Meu Deus!!! Eu não sei o que fazer, não sei o quê pensar... Eu sinto aqueles sentimentos que eu tanto me neguei a acreditar que eram reais lutando para sair. Na minha mente eu vejo uma retrospectiva  de tudo o que aconteceu, vejo William me beijando naquele dia e como foi mágico, depois vejo Fernando me beijando e lembro de todas as sensações que aquilo provocou em mim... logo me vem a imagem de Felipe e aquela loira idiota juntos... a dor do meu coração sendo partido de vez ao ver sendo confirmada com meus próprios olhos a traição que a minha mente sempre soube ter acontecido... Aaaaahhh meu Deus, por que que tem que ser tão complicado? Eu queria sumir, queria arremessar para longe todas essas coisas que eu odeio simplesmente por me fazerem sentir esta indecisão.

  - Oooii? Tem alguém aí?? 

Fui arrastada do meu conflito interno, Fernando me olhava como se aguardasse uma resposta minha. Droga... eu sei qual é a verdade, eu sei que ela estava certa, que eu e William nunca vamos ficar juntos... ele apenas me iludiu... eu apenas estava carente e me deixei cair, fantasiar na minha mente um romance que nunca existiu. Eu também sei que eu não consigo mais olhar para o Fernando, não consigo esquecer seu beijo, seu toque...

Merda, ele está esperando, preciso dizer algo.

- É...rs... nossa, ...você, me pegou de surpresa... rs 

Senti o meu rosto ficando vermelho e fugi. Droga, droga, droga!!! Por que eu sou uma covarde? Não tem  mais o que escolher... não tem porquê eu querer uma pessoa que só me machuca.

Ele se aproximou de mim.

-...vai ficar agindo estranha comigo não né?

Sim, eu sei o que devo fazer...  era como se meu corpo todo fosse entrar em combustão... era apenas um passo para a queda livre, era apenas admitir o motivo pelo qual meu coração está pulsando tão rápido.

 - ...Eu sei que eu falei... ah... você me conhece, sabe que às vezes eu falo sem pens-...

Meu corpo se moveu impulsivamente, eu deixei que as chamas me consumissem.

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A rua estava deserta, caminhávamos em direção ao estacionamento. Ela saltitava à minha frente suspendendo em uma das mãos uma garrafa de bebida e na outra seus sapatos, ela olhou para mim que ia andando lentamente, sorriu de um jeito infantil e venceu a distância entre nós saltando em meus braços. Ela cruzou as pernas atrás de minhas costas, deu um gole em sua bebida e começou a me provocar dando beijos rápidos e de leve em meus lábios.

Eu a olhei com desinteresse. Já conhecia todos os seus jogos... eu a soltei e então ela me olhou como se estivesse ofendida por ser dispensada. Então, ela me olhou dentro dos olhos e esboçou um sorriso malicioso. Aproximou seus lábios de meu ouvido e cantou:

- William... você não é de nada...

Sim... eu conhecia todos os seus jogos, mas ela sabia todos os meus pontos fracos. Eu a puxei pelo braço e encostei na primeira parede que vi. Cedi aos meus impulsos, eu a beijei com toda a raiva e o desejo que estavam me queimando de dentro para fora. Ela não se importava com minha falta de delicadeza, apenas sorria com orgulho por ter me dobrado às suas vontades.




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