- Você está bem?
- Sim, sim...rs
Foi tudo muito rápido, ela deu um passo a frente e lentamente seus pés foram deslizando sobre a cerâmica... a gravidade como sempre, nunca nos deixa na mão. Instintivamente flexionei o joelho e estendi o braço amparando suas costas, fazendo-a ficar razoavelmente paralela ao chão... uma pose bem parecida com a que aqueles dançarinos de tango usam para finalizar suas apresentações.
Nos encaramos por alguns milésimos de segundo em silêncio...
Redistribuí a tensão sobre meus músculos e a alavanquei para frente. Ela se distanciou cuidadosamente da poça do líquido azul. Eu me ajoelhei e peguei seus cadernos, os quais haviam sido arremessados para trás quando ela deslizou.
- Eu só queria saber quem foi o irresponsável que deixou esse desinfetante destampado...
- Ah não, rs... a culpa foi minha... Eu que sou muito desastrada!
Quando me levantei ela estava de pé em minha frente com os braços estendidos esperando que eu lhe entregasse seus objetos.
- Não! Nada disso... poderia ter acontecido com qualquer pessoa... E se fosse uma idosa ou sei lá, uma gestante? Affz cara, não quero nem imaginar.
Ela afastou uma mecha de cabelo e a depositou detrás da orelha, em seguida abriu um imenso sorriso.
- Obrigada por me salvar... com certeza esta teria sido uma queda e tanto...rs
- Rs...
Ficamos ali... parados um de frente para o outro no meio do corredor dos produtos de limpeza. Nossos olhares se cruzaram novamente e instintivamente me desviei... talvez fosse a adrenalina... o calor do momento, mas meu coração ainda estava acelerado.
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Ding-Dong!
Ouvi passos se aproximando. Após o ruído da chave sendo girada um par de olhos me encarou. A garota tinha em torno de uns 12 anos, possuía traços faciais que automaticamente me fizeram lembrar de sua mãe e sua irmã. Ela me analisou de alto a baixo e sem seguida me deu passagem.
- Ela está lá em cima...
- Obrigado.
O senhor Fontenelli desviou o olhar do jornal para me encarar. Olhei em volta... a garotinha de cabelos castanhos havia sumido e me deixado sozinho com o chefe da família. Ele pigarreou e eu engoli em seco. Após um tempo que pareceu uma eternidade... ele finalmente falou algo.
- Não demore muito... ela precisa descansar...
Eu assenti e caminhei em direção à escada. Por um minuto eu cheguei a pensar que ele ia me expulsar de sua casa por ter sido negligente ao volante e permitido que sua filha se machucasse, mas foi justamente o contrário...
O que você aprontou dessa vez, Luana?
Fiz menção de bater na porta mas a mesma se abriu antes que meu punho tocasse a madeira branca.
- Ah... boa noite...senhora Fontenelli...
Tentei parecer simpático, mas a mulher a minha frente estava com uma cara de poucos amigos e apenas respondeu secamente antes de ir embora.
Fui entrando meio que timidamente no quarto de Luana, eu já havia perdido as contas de quantas vezes já estive aqui, porém dessa vez a atmosfera que nos envolvia era diferente. Ela sorriu quando me aproximei de sua cama. Havia uma marca vermelha em seus rosto, o contorno do que supus serem dedos estava bem destacados em sua pele clara. Ela me flagrou enquanto eu analisava aquilo e já tinha uma resposta pronta antes que eu verbalizasse a pergunta.
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Convergindo (Em Construção)
Novela Juvenil"...toda essa história começou há seis semanas atrás quando minha rotina continuava pacífica e monótona... aliás, eu já estava contando os dias para minha formatura, não porque estivesse empolgada e sim por querer me ver logo livre disso. Tão inocen...