Eu a deixei na porta porque não queria que ela visse o que eu estava prestes a fazer. Eu já estava de saco cheio desse mauricinho. Já estava na hora dele ter o que merece. Me aproximei da mesa onde ele estava. A garota, a mesma que vi intimidando a Helena estava sentada numa cadeira virada de frente para ele. Quando percebeu minha aproximação ela me direcionou um olhar interrogativo, o que fez com que ele se virasse para ver o que estava acontecendo, aproveitei para pegá-lo de surpresa e mandei um soco de direita em seu olho.
- Isso é por fazê-la chorar, seu desgraçado!!!
Eu gritei, ele balançou a cabeça atordoado e me olhou com ódio... Foi tudo muito rápido, ele já levantou com os punhos cerrados. A multidão já se formava ao nosso redor gritando. Concentrei toda minha atenção nele, e assim consegui desviar dos primeiros golpes, mas aí caí na besteira de olhar para os lados. Os meus olhos encontraram o olhar desesperado e surpreso de Helena e isso foi minha perdição. Aproveitando-se da minha abertura ele mandou uma sequência de golpes.
Quando eu ia revidar senti uma mão apertando meu ombro.
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- E aí maninho?
- E aí...
- Como está se sentindo?
- Hehe... não foi dessa vez...
- É...tô ligado... mamãe tá uma fera contigo...
- Tô sabendo... mas... e aí, como está a Evelyn? Ninguém me fala nada...
- Ah... a Marcela me disse que ela já saiu da UTI e está em observação...
- Ufa...
- Aí... se cuida...
- Já vai?
- É... sabe como é...não curto muito hospital não...heuheueheu
- Tá beleza... bebezão...
- Se liga, pivete...
- Aí... você sabe se a Sarah tá por aí?
- Sei não oh, quando cheguei só vi a mamãe...
- Ah...
Será que aquela enfermeira estava falando sério?
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- Você é louco ou o quê?
Ela gritava com ele. Meu maxilar doía... minha mão doía, meu rosto doía... Senti o gosto amargo de ferro e cuspi saliva misturada com sangue. Ela olhou perplexa para mim. Fechei o punho e já ia em direção a ele para o segundo round. Agora esse moleque ia ver com quem mexeu...
- Aí... (ela examinava o rosto dele com preocupação...isso só me fazia sentir mais raiva) Eiii... é você mesmo otário... (ela cochichou algo para ele) Olha pra mim quando tô falando com você!!!
Já cheguei dando um empurrão, ele se desequilibrou por alguns segundos mas não caiu porque jogou o peso do corpo no outro pé. Ela se colocou entre mim e ele... Eu levantei a mão afim de tirá-la do meu caminho.
- Se quiser chegar a ele, terá que passar por mim !!!
Ela cuspiu as palavras carregadas de raiva na minha cara.
- Foda-se...
Eu gritei e avancei um passo... ela não demonstrava medo... Eu era muito mais alto, muito mais forte... eu era muito mais... Mas que inferno... eu não consigo. Por que ela tem que defendê-lo? Bufei de raiva.
- Você teve sorte... mas na próxima vez...
- William???
Olhei para trás e Luana vinha com uma expressão interrogativa em minha direção.
- Mas que diabos...
Ela olhou para o "casal" a minha frente.
- Aahhhh... mas só podia ser coisa dessa... insossa aí... me diz uma coisa: você não se cansa de ser tão insignificant- (Disse apontando para a Helena)
- Quem você chamou de insignificante, hein... vaca siliconada? (Alice chegou interrompendo Luana no meio de seu piti )
- Ora essa, só o que me faltava... a senhorita defensora dos esquisitos.... hahaha...
Ai que droga...
- Tá...já chega... vamos embora... ( Agarrei o braço de Luana na tentativa de levá-la de volta para a boate)
- É isso mesmo... bota moral nela, William!!!
Luana lhe lançou um olhar de ódio, segurei ainda mais firme seu braço...
- Vem, não dá atenção pra ela...
Luana ainda forçou um pouco, mas entendeu que não valia a pena. Começamos a nos distanciar deles. Ainda olhei para trás no meio do caminho... Helena conversava com Alice enquanto caminhavam em direção ao estacionamento... vez ou outra ela olhava de relance para mim, mas seu olhar transparecia tristeza e raiva. Foda-se, foi ele quem começou. Moleque maluco.
Quando entramos no Pub, ninguém mais se lembrava do que tinha acontecido, só curtiam o show. Luana assumiu o controle e me arrastou até o barzinho...
- Vem, você precisa de algo para amenizar a dor... Nossa... (ela tocou em um corte superficial acima da minha sobrancelha)
- Ai...
Minha expressão se contraiu numa careta...
- Desculpe, rs.
Ela me deu um drink e antes mesmo de eu terminar me puxou para o meio da multidão...
- Veeem... vamos curtir o resto da noite...
Ela saiu toda empolgada jogando os cabelos, se deixando envolver pela música. Eu fui ficando para trás, andando a passos lentos em direção aos divãs, meu corpo estava dolorido e não estava afim de acabar entrando numa roda punk. Me sentei e fiquei observando o ambiente ao meu redor... de longe podia ver relances de seus cabelos e braços. A multidão cantava junto com o vocalista:
"...You can't take this away from me...You can't relieve these demons... You can't make this okay for me... You're the one who caused these feelings...
"...Você não pode tirar isso de mim... Você não pode acalmar esses demônios...Você não pode fazer isso ser bom para mim... Você é o único que causou esses sentimentos..."
...I won't let you be the death of me... No, I refuse to let you bring me down"²³
"...Não vou deixar você ser a minha morte...Não, eu me recuso a deixar você me derrubar..."
Ao meu lado um casal fumava. O cara olhou para mim e me estendeu o cigarro. Inspirei e expirei permitindo que a tensão dos meus músculos fosse sendo dissipada... é Helena... eu me recuso a deixar você me derrubar.
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Convergindo (Em Construção)
Teen Fiction"...toda essa história começou há seis semanas atrás quando minha rotina continuava pacífica e monótona... aliás, eu já estava contando os dias para minha formatura, não porque estivesse empolgada e sim por querer me ver logo livre disso. Tão inocen...