CAPÍTULO 1

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— Fernanda narrando —

Voltei, gente! Se passaram 4 anos, e como muita coisa muda em um dia, imagina em quatro anos, né? Mas só as idades mudaram mesmo, porque continua a maior zona nessa casa, nesse morro, na Rocinha... na minha vida principalmente! Vocês sabem o quanto eu enloqueço cuidando de oito crianças? Sim, agora são oito, eu tive mais um: a Ste, que tem 3 anos! Ô menininha chata! Vive com a cara fechada, reclama de tudo, chora por tudo... Todo dia, quer dizer, toda hora, ela tá gritando ou alguém tá gritando porque ela fez algo, chega dá raiva! Ela é a única leonina da casa, então imaginem: eu, Ka, Bia, Luquinhas somos de capricórnio; Babi e Rafa de câncer; Bruno, Helena e Samuel de touro, e a bonitona a única leonina! Enfim, voltando ao assunto das mudanças, somento isso mudou, até agora... Aliás, o Luizinho tem o próprio morro dele: Chatuba! Conseguiu com ajuda do Bruno. Foi assim, o filho do antigo dono de lá mexeu com a Ka, ficou tarando ela na porta do colégio, aí o Ninho e o Luizinho se juntaram com o Duca, o CR e os homens daqui do Alemão e da Rocinha e invadiram lá! Mas não se enganem, a Ka continua morando comigo, e até os 18 anos vai ser assim! Somente na sexta e no sábado ela dorme lá, e olhe lá, que depende do comportamento dela. Depois de velha dando trabalho, brigando no colégio, de tapa, chute, a porra toda... Sinceramente viu! Hoje é uma sexta-feira e nessa semana teve um trabalho no colégio dos pivetes de todas as matérias. Todos já se apresentaram; a coisa mais linda explicando ao professor o assunto que estudaram! Todos com excessão da Ka. Acordei 5h30 com meu despertador tocando. Eu tinha deitado às 2hrs da manhã, porque dormi eu não dormi: a Helena tava com febre, então eu fiquei a noite toda acordada. O Bruno não, ficou dormindo. Nem parei o despertador: meti o celular na parede.

— Bruno: Tá doida é, peste? — Disse me encarando, quando acordou logo depois
— Fernanda: Tô cansada — Disse com os olhos fechados
— Bruno: E os pivetes, quem vai arrumar?
— Fernanda: Tu.
— Bruno: Eu? — Disse com tom de "tá doida, minha filha?"
— Fernanda: Tu mesmo. Tu é o pai, fiz sozinha não! Pode ir, vaza, deixa eu dormir.

Ele levantou da cama resmungando algo. Foi pro banheiro e alguns minutos depois saiu do quarto — não abri os olhos, fiquei apenas escutando. Deitei de bruços e logo escutei os gritos do Bruno, em seguida, escutei mais nada: dormi.

NO ALTO DO MORRO *5° TEMPORADA*Onde histórias criam vida. Descubra agora