Capítulo 63

2.4K 85 0
                                    

— M. Karolinna narrando —

Ah, moleque, minha primeira participação numa invasão! Só porque a mamãe deixou né, depois de muito eu pedir mas ela deixou, porque o papai eu não peço nem uma vez porque já sei a resposta — "não, tu vai ficar em casa dormindo". Eu posso até ficar em casa, mas fico acordada, mas não dessa vez. Me arrumei igual a mamãe e fui pra uma laje no pé do Alemão. Alguns minutos depois a gente começou a ouvir tiro da Maré, e começamos a revidar, mas saímos de lá logo e fomos subindo o morro na frente dos inimigos. Como estávamos na frente e eles estavam atrás — não, magina —, a gente tinha que subir o morro de costas, e foi numa dessas viradas que eu senti um tiro. Ia ser nas minhas costas, mas como eu subi um degrau na hora pegou na bunda — menos mal. Cai na escadaria já gritando de dor e a mamãe parou de atirar.

— Fernanda: R2, A KA CAIU!
— R2: PATROA, ELES TÃO SUBINDO, VELHO!
— Fernanda: SEGURA AÍ QUE EU VOU LEVAR ELA PRA CASA DE UMA ENFERMEIRA QUE SEMPRE ATENDE A GENTE!
— R2: VÁ LÁ QUE EU CHEGO JÁ! SE FOR PERTO DA MECÂNICA DO MACACO EU TÔ LIGADO.
— Fernanda: É ESSA MESMO!

O tiro não me atravessou; alojou na minha bunda e ficava pinicando. A mamãe soltou o fúzil — que continuou nela, preso pela bandoleira — e me puxou pelos braços até o topo da escadaria. De lá, me colocou o pé e eu passei o braço pelo pescoço dela e ela me segurou pela cintura e pegou na minha mão. Fui pulando até a casa da enfermeira, porque se eu andasse doía pra cacete e era como se a bala se movimentasse na minha bunda. Como a casa era perto e a gente foi andando rápido, logo chegamos.


— Fernanda: DONA MARLUCE, SOCORROOOOOOOO! — Gritou apertando a campanhia
— D. Marluce: Oi, minha fia, o que aconteceu? — Perguntou abrindo a porta, assustada
— Fernanda: Me ajuda, por favor! A Ka levou um tiro na bunda!
— D. Marluce: Entrem! — Disse dando passagem pra gente

NO ALTO DO MORRO *5° TEMPORADA*Onde histórias criam vida. Descubra agora