XVIII

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França – 1789

Coloco o calção, a saia de baixo e a anágua por cima. Lil, minha criada trás o corpete e começa a apertar nas costas. Tento respirar durante esse processo todo, mas não consigo.

- Chega Lil, já está apertado o suficiente!

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- Chega Lil, já está apertado o suficiente!

Digo respirando profundamente, tentando estabilizar meu pulso. Ela para de apertar e trás meu vestido de seda azul, passa pela minha cabeça e começa a ajeitar os mínimos detalhes em mim. Ando até minha penteadeira e me sento, olho meu reflexo no espelho e vejo uma dama com longos cabelos loiros, pele clara e olhos azuis. Sou o que os mais abastados pensam "Uma perfeição da aristocracia!" . Educada, comedida, rica e bela. Minha vida é baseada em grandes bailes pomposos, tardes de chá com as damas mais ricas da cidade, enfim uma vida de rainha.

Tudo estava em seu devido lugar em minha vida até essa manhã.

- Eu ouvi que está tendo muito alvoroço na cidade madame. Não seria melhor a Senhorita deixar o passeio de hoje para outro dia?

Lil diz penteando meu cabelo e eu penso nisso. Os últimos meses estão sendo sombrios na França, muitas pessoas estão passando fome nas ruas, sem empregos, sem lares para morar. Uma boa parte do povo está começando a se rebelar contra o rei. Uma revolução está por vir e só de ouvir essa palavra os aristocratas se tremem de medo. Receio de perder seus privilégios. Filósofos, rebeldes e revolucionários estão aparecendo em todos os lugares, eles dizem que esse é o século das luzes.

Abro um pequeno sorriso e digo passando um pouco de rouge em meu rosto.

- Não se preocupe comigo Lil. Vou levar Gaspar comigo, ele vai me proteger!

Ela termina meu penteado e começa a dizer.

- Mas Senhorita..

A corto levantando apenas uma mão e digo.

- Os pobres não podem esperar até amanhã, eles não podem esperar até a situação melhorar Lil. Você entende isso?

Ela olha pra mim com seus grandes olhos castanhos e diz.

- Sim Senhorita, peço apenas que tome cuidado.

Me levanto pronta para sair e digo.

- Você é uma ótima amiga!

Ela sorri pra mim, saio pegando meu chapéu e desço as escadas até o grande salão de entrada da minha casa. Ando até a porta e vejo Gaspar me aguardando ao lado de nossa carruagem. Ando na direção de meu protetor e digo.

- Todas as doações estão na carruagem?

Ele confirma com um aceno de cabeça e eu digo sorrindo.

- Você pode falar comigo Gaspar, eu não sou tão rígida quanto a isso!

Ele abre um pequeno sorriso e eu entro na carruagem, a porta se fecha e ele conduz até o centro da cidade. Os pobres se acumulam ao lado da bastilha, bem ao lado da igreja católica que não faz muitos esforços para ajuda-los. Eu arrecadei mantos, roupas de inverno e refeição com as damas da corte. Todas me admiram por estar fazendo isso por eles, mas nenhuma teve a coragem de vir comigo.

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