Chega de fugir!

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Calvin


Do mundo deslocado dos sonhos surge uma escada, uma grande escada ao termino da qual uma formosa mulher de cabelos dourados saúda com a mão. Cerca-a uma resplandecente aureola de círios. Dante se mantem na mais absoluta obscuridade. Não vê mais do que a escada e a mulher nimbada de luz. O menino começa a subir pela ampla escada, mas, à medida que avança, a mulher parece distanciar-se, subir. Subir!


Segui-la se torna fatigante. Com o peito oprimido por uma sensação de angustia, arquejante, sobe e sobe sem chegar a conseguir alcançá-la. Acordo de supetão derrubando os papéis da minha tese no chão. Respiro fundo, esfrego meus olhos e folgo a gravata em meu pescoço. Me recosto nas costas de minha cadeira e tento entender o que esse sonho significa. O sentimento de perca ainda enche meu peito me oprimindo, dou uma olhada em meu relógio e vejo que já passou da meia noite. Será que ela já está em casa?

Me levanto preocupado com Lili que ainda não deu sinal de vida, saio de meu escritório e ando atrás de Joana na cozinha.

- Senhor Calvin, precisa de alguma coisa?

- Lili chegou?

Ela abre um sorriso sem graça e confirma com um aceno de cabeça. Entendo o por que de seu constrangimento, é provável que meu amor não queira falar comigo, muito menos me ver. Isso dói. Dói tanto que é quase insuportável suportar esse sentimento de vazio, de ausência que parece ter nascido e crescido entre nós em menos de vinte e quatro horas.

Talvez a ideia de procurar pela minha mãe biológica tenha sido realmente péssima. Ao mesmo tempo que ela me trouxe um estado diferente de alegria uma bomba parece ter caído em cima de tudo que eu mais amo e prezo em minha vida. Agora eu não sei o que fazer, não sei o que dizer nem o que pensar. A palavra "irmão" me assombra, no passado esse fato foi um obstáculo enorme que eu não consegui passar por cima pelo amor que sinto pela Lilli. E agora que o fardo voltou para minhas costas eu pareço ter regredido ao passado.

- Vou voltar para o escritório então, boa noite Joana!

- Boa Noite!

Me viro e volto para minha solidão com a cabeça girando ao redor do nada que eu me encontro.



Lilli

Encaro a mesa gigante e vazia a minha frente novamente, me sinto irritada por ele não aparecer se quer a mesa para fazer companhia a mim. Fecho minhas mãos em punhos e me levanto decidida. Ando remoendo tudo que está preso dentro de mim até seu escritório, abro a porta sem ao menos bater e o encaro séria. 

Ele me olha de cima a baixo, posso dizer que vejo uma pequena faísca em seus olhos, isso me acalma ligeiramente por dentro. Suspiro e me escoro no batente da porta, ele diz baixinho.

 Suspiro e me escoro no batente da porta, ele diz baixinho

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