Escolha

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Calvin

Seguro Lili apertado contra meu peito, ando com ela até o sofá e sento aninhando-a mais em meu colo. Em minutos ela está dormindo tranquila, passo meus dedos carinhosamente em seu rosto desenhando cada traço. Porque ela fez isso?

Suspiro e agradeço a Deus que Sam esteve lá para salvá-la de algo pior, só de pensar em alguém abusando dela, tocando-a contra sua vontade me vem um desejo assassino. Cuidadosamente me levanto com ela e subo as escadas, abro a porta de seu quarto e a coloco em cima de sua cama. Ela acaba abrindo os olhos que estão meio avermelhados, pego uma coberta e a cubro antes de me sentar ao seu lado e perguntar.

- Porque você fez isso?

Observo ela fechar os olhos e massagear suas têmporas com as mãos. Até que ela diz de olhos fechados.

- Porque eu queria tirar essa dor de meu peito, eu queria amortecer meus sentimentos por você!

Engulo em seco e apoio minha cabeça em minhas mãos. Ela está sofrendo também, tanto quanto eu, mas usar drogas não é a melhor forma de fazer com que esses sentimentos desapareçam.

- Você sabe que usar drogas não é uma opção pra resolver nosso problema Lili. Não faça isso nunca mais!

Olho pra ela que está me encarando séria. Estico minha mão e aliso seu cabelo, sempre gostei da cor deles, principalmente quando o sol reflete as mechas douradas. Ela é perfeita pra mim, tão perfeita, mas tão inalcançável!

- O que nós sentimos um pelo outro não é um problema Calvin. Também não é errado, você precisa entender isso!

Sorrio tristemente pra ela e digo.

- Você sabe que é errado. Eu não quero corromper você, eu me preocupo com sua alma!

- Não se preocupe! Deixe que eu cuido dela, você não salva ninguém Calvin, você não é Deus!

Respiro fundo, me levanto de sua cama, ela me segue e puxa meu braço para que eu possa encará-la. Olho pra baixo e então ela diz.

- Porra se eu pudesse mudar suas convicções eu faria! Mais eu não posso, você que tem que fazer essa escolha, eu já fiz a minha. Eu desistiria do paraíso por você!

- Não diga besteira Lili!

Digo me sentindo culpado por fazê-la sofrer, por fazê-la gostar tanto assim de mim.

- Deus sabe o quanto eu te amo!

Fico paralisado quando ela pronuncia essas palavras. Abro a boca para falar o quanto eu a amo, mas fecho sem pronunciar uma sílaba sequer. Não posso encorajá-la. Me viro e saio de seu quarto derrotado, fodido por dentro. Desço as escadas sentindo o peso de meus sentimentos sobre meus ombros, amarrados debaixo de sete chaves para que eu não cometa loucuras. Sigo para a cozinha e faço um café forte para levar pra ela. Encho uma xícara e pego uns biscoitos, quando volto para seu quarto ela já está de camisola e dormindo em sua cama.

O jeito que ela está deitada me lembra as vezes que eu a observava quando criança. Ela sempre me cativou, sempre chamou minha atenção. Coloco o café em sua mesinha junto dos biscoitos e saio de seu quarto sem fazer barulho, entro no meu e pego meu notebook, me sento na cama e entro no site de inscrição para as faculdades. Em meia hora termino de me inscrever em três instituições de Londres, todas elas ficam longe demais de casa. Fecho meu pc e volto a pensar no que Lili disse, em fazer uma escolha. Ela sabe que minha escolha sempre vai ser ela, mas... merda!

Me jogo pra trás em minha cama, penso na forma que nos beijamos aqui, em como eu fiz ela gozar, ela é tão linda gozando. Nós seriamos perfeitos juntos. Conectados através de nossos corpos. Tampo meus olhos com minhas mãos e então em algum momento eu acabo dormindo.

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