De volta pra casa!

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Calvin

O dia em que eu parti sem olhar pra trás da minha casa me assombra até hoje. Eu não consegui olhar pra ela, eu sabia que no minuto que eu visse seus olhos cheios de água eu cederia e ficaria ali com ela. Mesmo não sendo o certo a se fazer, é ai que eu sei o quão egoísta eu sou. Eu não quis dizer no sentido figurado quando disse pra ela que não sentia mais Deus em minha vida. Eu realmente não o sinto mais. Esse último ano longe de minha família me mostrou isso através de meus atos. Meus dias aqui em Greenwich são regrados de cerveja e sexo. Eu me afundei tanto na lama que quando me olho no espelho quase não me reconheço. O adolescente que eu era morreu a um ano atrás e deu vida a um homem cheio de tristeza e amargura. 

Me olho no espelho com a mochila nas costas e penso nela. Nunca a esqueci, na verdade eu passei a desenvolver uma obsessão obscura por ela. Todas as mulheres que eu procurei para me satisfazer tinha que ter a aparência dela se não meu pau não levantava. E o pior de tudo é que sempre que eu estava prestes a gozar eu gritava seu nome, como se fosse ela que estava me acolhendo em seu interior. Engulo em seco e sinto meu coração se apertar só de pensar que daqui a poucas horas eu vou revê-la novamente. Depois de tanto tempo, não sei como ela está agora, o que mudou em suas feições, se ela tem alguém. Esse último pensamento me faz ficar nervoso, sei que ela deve ter alguém em sua vida agora. Travo minha mandíbula e saio de meu apartamento, tranco a porta e desço as escadas. Ando pelo campus até a estação de ônibus e pego o expresso para o centro de Londres.

 Ando pelo campus até a estação de ônibus e pego o expresso para o centro de Londres

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 O caminho todo eu ensaiei o que falar, como agir. E quando chego por volta das seis e meia na frente de casa me esqueço de tudo. Suspiro e ando até a porta de casa, toco a campainha e espero uns segundos até a porta ser aberta e minha mãe me agarrar pelo pescoço em um abraço caloroso. Fecho os olhos e a envolvo em meus braços, percebo que senti muito a falta dela e quando ela se separa de mim ela diz.

- Meu querido! Senti tanto sua falta, entre!

Sorrio pra ela e entro dentro de casa, memórias passam pela minha mente em flashback.

- Você cortou o cabelo. E tá tão forte, tão diferente!

Me viro pra ela e sorrio carinhosamente. Ela parece querer chorar e eu a abraço novamente. Ela fala abafando suas lágrimas em meu ombro.

- Seu pai ficaria tão orgulhoso de você agora!

- Mãe... te amo!

Digo engasgado pelo choro. Só na menção de meu pai eu sinto aquela tristeza avassaladora se apoderar de meu corpo e mente. Ela se separa de mim e limpa as lágrimas de meu rosto.

- Também te amo Calvin. Chega de choro! Me conta como foi a viagem.

Balanço a cabeça concordando e deixo minha mochila no pé da escada. Ela me chama para a cozinha e eu me sento na cadeira enquanto me serve um pouco de café e eu digo.

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