Calvin
São onze horas em ponto e eu olho sem piscar para as imagens de pequenos querubins no alto da igreja. Eles são rechonchudos e alguns tem os olhos voltados pra baixo, dá a impressão de estar nos encarando, vendo a impureza de cada um que está aqui dentro. Me sinto mal por estar aqui, sentado diante deles ouvindo o padre pregar uma parte da Bíblia.
Eu sempre levei muito a sério cada mandamento, cada conselho que aprendi aqui, mas agora eu não me sinto mais digno de entrar nesse lugar, de me sentar e ouvir. Eu estou impuro, sujo, sou um pecador agora por querer calmamente uma mulher que tem meu próprio sangue.
Suspiro e abaixo meus olhos pra minhas mãos, tento repelir essa vontade de me levantar e sair correndo daqui de dentro. Olho para meu pai ao meu lado e o vejo prestando atenção em cada palavra que o padre diz, ele sempre foi bom, correto, o que ele acharia de mim se soubesse que amo minha irmã?
Eu prefiro nem saber! Só de imaginar a reação dele me sinto deprimido, não quero decepcioná-lo nunca!
A missa termina e eu me levanto de meu banco, sigo meu pai até as ruas agitadas de Londres. Minha mãe e Lili estão esperando por nós dois embaixo de uma árvore ao lado da igreja. Observo o quanto Lili está linda em seu vestido rosa de mangas, me sinto naturalmente atraído por ela. Por esse rosto angelical que me fascina, eu quero beijar cada parte de seu rosto e então descer devagar pelo seu corpo com doces beijos.
Ontem depois de ter conversado com Babi percebi que ela está certa. O amor não escolhe á quem amar, ele simplesmente ama!
O que eu poderia fazer? Ficar louco e me internar bem longe dela?
Mesmo que eu fosse para um lugar distante e nunca mais a visse eu não seria capaz de esquecê-la. Eu sei disso, eu sinto!
Meu amor por ela está tão cravado em meu peito que acho que nunca serei capaz querer ou sentir nada remotamente parecido com o que sinto por ela. Ela me domina e me tem para si feito um ímã.
- Que tal jantarmos todos jutos em um restaurante?
Minha mãe pergunta sorridente e meu pai concorda.
- Seria ótimo querida! O que vocês acham crianças?
Lili vira o olho e diz sorrindo.
- Pai não somos mais crianças e sim, eu adoraria comer em algum restaurante!
Todos olham pra mim e eu dou de ombros sorrindo. Nós caminhamos até o restaurante Faisão onde serve as melhores massas de Londres. Escolhemos uma mesa e nos sentamos, Lili segura minha mão por debaixo da mesa e eu aperto levemente em sinal de carinho. Aliso aquela pequena mão com meus dedos e ouço meu pai dizer.
- O trabalho está tão pesado nesse novo horário, me sinto cansado o dia todo!
Reparo o olhar preocupado de minha mãe para meu pai e sinto uma pontada de medo. Ele já teve problemas de saúde no passado. Alguma coisa relacionada a seu coração não está bem, suspiro e faço uma prece para que ele nunca passe mal, seu coração é frágil demais, não aguentaria um infarte.
- E vocês crianças estão se acostumando a ficar sozinhos o dia todo?
- Sim! Quer dizer, eu e Cal ficamos o dia todo assistindo séries até cair no sono.
Lili diz animada e eu contenho um sorriso conspiratório, olho para seu rosto e mordo o canto de minha bochecha. Estou morrendo de vontade de tocá-la, estou me segurando ao máximo para não deixar o meu lado "tarado" emergir.
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EVERY MOMENT WITH YOU
RomanceRob e Emma Seyfried são um casal que esperam pela sua primeira filha, quando em uma noite chuvosa de 1992 uma pessoa deixa um bebê, um menino em sua porta. Eles se vêem encantados pelo pequeno menino e resolvem criá-lo como se fosse seu próprio filh...