HORTÊNCIA CAPÍTULO 5

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Hortência.

capítulo 5

Eu me vejo com as mãos e os pés atados, lembrei das palavras do meu pai dizendo que o mundo é um lugar cruel, e que o ser humano é perverso e agora eu entendi o que ele quis dizer.

Ajudei aquela criança se levantar e disse a ele que o levaria em casa, ele não me respondeu nada caminhou na minha frente em passos lentos, por causa da dor no corpo que sentia.

Quatro casas a frente ele entrou em um portão de balaústre, eu estava logo atrás, ele entrou em um casebre de madeira muito danificado, o esgoto passava na porta. O cheiro de fezes estava por toda parte. Como um ser humano conseguiria viver nessas condições?

Ele empurrou uma porta velha ringindo o chão bruto, a casa tinha apenas um cômodo olhei rapidamente tudo, acompanhei o garoto com os olhos, ele se abaixou até uma cama tocou no ombro de uma mulher que estava deitada.

 Me lembrei do que o velho disse que a mãe estava grávida e doente que o pai tinha morrido de febre.

A mulher se virou para o garoto que ainda segurava quatro bananas nas mãos sujas de terra.

Fitei a mulher ainda parada na porta, seu olhar era triste, mas abril um sorriso de confortante para o garoto. Como se dissesse que estava tudo bem, notei sua barriga já bem crescida, devia estar com uns sete meses de gestação, estava muito pálida com certeza anemia.

O menino cascou uma banana e deu a ela, que com as mãos trêmulas pegou, ela devia estar morta de fome e aquelas bananas deveria ser a única refeição do dia.

Abri bem meus olhos e depois fechei, para evitar as lágrimas que estavam se formando suspirei pesado e pensei na minha vida.

Quanta injustiça, uns com tanto e outros com tão pouco, eu fazia parte dessa fatia que tinha muito, eu não senti vergonha de mim, porque o que eu tinha era do trabalho honesto dos meus pais, mas me senti penalizada de ante tanta miséria.

O que eu e meus pais gastávamos em uma semana, daria para alimentar esse povoado por um mês, nem água potável eles tinham.

Quantas vezes a mesa já posta e a comida servida, eu pedia para a cozinheira fazer um lanche ou comida japonesa, pizza, e aqui essa família só tem quatro bananas.

Sou tirada dos meus pensamentos pela mulher de voz fraca. - Eu sou Hortênsia muito prazer senhora. Me aproximei e toquei sua mão abrindo-lhe um sorriso singelo que imediatamente foi retribuído. Perguntei a ela para quando era o bebê, ela respondeu que seria logo, perguntei se ela fazia pré-natal, como médica a pergunta foi inevitável.

  Balançando a cabeça em negação respondeu que não, que a cidade era longe que não tinha como ir, disse que havia uma condução uma vez na semana mais era caro, e o dinheiro que o filho ganhava mal dava para comprar a comida.

Perguntei se o menino estudava, e ela respondeu que não se ele estudasse iria morrer de fome porque ele tinha que trabalhar.
Tudo que eu perguntava era respondido com negativa, perguntei onde ficava a escola e me respondeu que ficava na fazenda Santa Ana. Perguntei do posto de saúde e foi a mesma resposta, fazenda Santa Ana, perguntei também onde era o armazém, onde se comprava a comida e foi a mesma resposta fazenda Santa Ana. Eu na minha total falta de entendimento e ingenuidade disse a ela.

-Então porque vocês não vão lá, a senhora precisa de médico seu filho de escola. Olho para aquela mulher a minha frente que abaixa a cabeça e se põe a chorar. -Me desculpe eu não tinha intenção de ofende-la. Me senti mal em vela tão frágil. 
Mas se tem como a vida deles ser um pouquinho melhor não era só eles irem até essa Santa Ana?

O Cheiro do pecado completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora