HORTÊNSIA CAPÍTULO 44.

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SEM CORREÇÃO CONTÉM ERROS.

HORTÊNSIA CAPÍTULO 44.

CHEIRO DE MORTE.

A culpa era o sentimento que resumia o estado em que eu me encontrava, mais um dia, eu estava só. Sentia espiritualmente abalada, triste, me corroía perder a todos que eu amava e, considerava família.

Mas agora parece tarde, eu criei esse caos, o arrependimento de não ter contado antes, também me deixava petrificada, sem ação. Não tenho nem coragem de procura-los. Sinto vergonha, tenho medo do amanhã, como olharei nos olhos de todos, como será que vão me olhar?

E o meu bebê, na noite do sinistro não falei com eles, não consegui me explicar, contar os fatos como foi acontecendo, a aproximação entre mim e aquele arg. Ele não tinha o direito de falar nada.

Ouvi um motor de carro, eu estava andando no meio dos canteiros de alface que cresciam bonitos e formosos, foram plantados por Francisco, e Artur como ajudante, levantei meus olhos e os firmei, era um dos carros da Santa Ana, mais especificamente o Jagunço. Ele vinha na minha direção, em passos largos e semblante duvidoso.

-Bom dia, Dona. -Não acho que seja tão bom, mas bom dia, o que faz aqui tão cedo, seu patrão também mandou que me vigiasse durante o dia? O homem levantou o chapéu que usava e coçou a cabeça. -Diga o que quer?

-Eu vim buscar a Dona para dar um passeio e conhece a fazenda. -O homem falou um pouco animado, como se o que dizia fosse me tirar da depressão que me encontrava, arqueei minhas sobrancelhas incrédula, antes que eu o respondesse se adiantou.

-A Dona não precisa ficar triste, não é culpa da Dona o que aconteceu, esse povo que é um bando de mal agradecido. -Não fale assim, eu também tenho minha parcela de culpa nessa história.

-Depois de tudo que a Dona fez por eles agora viram as costas, não é direito, onde fica a gratidão, eles devem gratidão, lealdade a Senhora. Qui coisa não, estou sendo acalentada por um dos homens do demônio. -Não precisa me chamar de senhora me chamo Hortênsia. 

-Eu não poderia, meu coronel me arrancaria a língua. Revirei meus olhos a ele, o mesmo abaixou a cabeça. -Foi o seu coronel, que o mandou aqui? -Sim senhora. -É claro que sim, bem mandado como é não se atreveria vir sem ordem?

-A Dona aceita o convite, melhor do que ficar aí sozinha e triste, e não é bom pra criança tanta tristeza. Olhei em volta, acho que ele tem razão não é. -Eu aceito, mas com uma condição.

-Desde que não seja trair a pessoa do meu coronel, me peça qualquer condição.

-Jamais lhe pediria algo que colocasse sua vida em jogo, o que eu quero é algo simples.

-Então pode pedir. -Quero ver a fazenda do céu, da mesma forma que ele vê, depois por terra.

-Vontade de gravida é uma ordem. Aquele homem estava conseguindo me fazer rir no meio de todo aquele caos, esquecer um pouco a realidade que me assolava o coração. Pelo rádio ele pediu para o piloto preparar a aeronave que a Dona queria sobrevoar a Santa Ana.

O percurso até o hangar era longe, tudo ali era longe, carreadores largos, para passar as máquinas colheitadeiras seus tratores monstruosos. Depois de meia hora chegamos no nosso destino, entrei na aeronave, me sentei coloquei os fones, o Jagunço fez o mesmo.

Por onde sobrevoávamos o Jagunço me explicava em detalhes o que eu via, olhando do alto era perfeito, a grandiosidade daquele lugar era fascinante, me contou por ser uma propriedade grande era dividido em zonas, havia vários gerentes.  Fiscais, capatazes e muitos Jagunço para coordenar o trabalho que nada saísse errado, e o mais importante os olhos do coronel estava em todo lugar.

O Cheiro do pecado completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora