CAPÍTULO 1.
LÚCIOS O LOBO SOLITÁRIO.
As patas do meu cavalo batem forte no chão a cada galope, o vento corta meu rosto, a chuva embaça meus olhos, mas não me importo, é a única sensação que quero sentir nesse momento.
O capim bate em meus braços deixando pequenos vergões, o prazer em forma de dor, minha pele sendo cortada pelo capim afiado, dezenas e repetidas vezes. Abrindo minha carne em cortes finos e letais, é como uma faca de ponta fina. A chuva que cai do céu em abundancia se infiltra em meus cortes provocando ardência vibro por sentir meu corpo vivo.
Se está é a única forma para sentir meu corpo então assim será.
Ouço os trovões brigando entre si disputando qual o mais poderoso, os relâmpagos iluminam o meu caminho. Através dos relâmpagos vejo minhas mãos agarradas nas rédeas cobertas de sangue e água da chuva, o cheiro de ferrugem misturado ao cheiro do capim rouba meu foco. Um raio corta os céus assustando meu cavalo e sou lançado ao chão. Caio em meio a lama e vegetação sentindo minhas costas estralar, ali fico, mas volto a respirar. -Nem para morrer eu sirvo? Demônios! Grito em meio a tormenta que cai do céu na terra roxa.
Perdi as contas de quantas noites como essa sai no meio da tempestade e me autoflagelei punindo meu corpo em busca do prazer em forma de dor. Montado em meu cavalo buscando alívio ou algum resquício de consolo para mim e minha alma doente. Seria mais fácil se pegasse uma arma e atirasse na minha própria cabeça. Penso. -Vida maldita! maldita vida! Esbravejo limpando meu rosto e tirando os cabelos molhados na minha face.
Mas não posso fazer isso, não a honra em uma morte assim, não quero ser lembrado por ter tirado a própria vida. A chuva diminui, meus olhos alcançam meu cavalo me levanto me guiando pelos pequenos relâmpagos. Levo meu pé no estribo e monto nele novamente, a sela está lisa por conta do barro, meus cabelos pesados e colados no meu pescoço.
Volto a galopar, estou muito longe da sede da fazenda, corto no meio do bananal para encurta o caminho e chegar rápido. No lombo desse animal eu me sinto livre, a frustração não existe, o meu espirito voa em forquilhado sobre ele. Sinto minhas pernas nas patas do animal sua força se torna a minha. -É uma pena não sentir a mesma virilidade que ele possui.
Chego na casa grande desmonto e grito um dos peões que vem correndo, sempre tem alguém desperto para me servir. Entrego as rédeas a ele e entro na casa. A chuva cai lenta e constante, sinal que não vai parar tão cedo, tiro minhas roupas molhadas e lameada, ligo o chuveiro e a água fria leva para o ralo os vestígios de mais uma noite de solidão de baixo da chuva forte.
De banho tomado me encaminho para cozinha abro o forno pegando meu prato que está feito. Um abito antigo, nunca faço as refeições nos horários certos, não tenho rotina. Na primeira garfada que levo a boca ouço passos no assoalho, não me movo, continuo minha refeição. No prato contém arroz, quiabo frito, e um bom pedaço de carne de porco. Entre uma garfada e outra minha mente se divide em apreciar a comida e ouvir o indivíduo que se mostra inquieto as minhas costas.
Dispenso os talheres no prato e o empurro satisfeito com o alimento que acabei de comer. O homem inquieto as minhas costas me chama atenção tossindo demonstrando que quer algo, que não está ali só para perturbar. Bufo em desagrado jogando meu corpo para trás no encosto da cadeira com a mão esquerda dou um sinal que pode se aproximar. - O que quer Jacinto?
-Coronel, o homem tá amarrado no curral a gente solta ou deixa ele lá?
-Deixe o lá, logo mais irei fazer uma visita aquele ladrãozinho de meia pataca. Ouço os passos do homem se afastando rapidamente. Me levanto da mesa vou até a sala pegando o telefone para ligar pro doutor e dizer a ele que estarei lá logo pela manhã nos primeiros raios de sol para mais uma consulta. Antes de encerrar a ligação comentei que aquela consulta seria a última, que anos se passaram e ele não conseguiu encontrar a causa do meu infortúnio.
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O Cheiro do pecado completa.
RomanceObra completamente fictícia, nome lugares, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. UM ROMANCE DARK. Para maiores de 21 anos, contém cenas de violência, física e verbal.