HORTÊNCIA CAPITULO 12.

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HORTÊNCIA CAPÍTULO 12.

O DEMÔNIO EXISTE E ESTÁ NO MEIO DE NÓS.

Mexer com a terra é muito prazeroso, sentir o cheiro da terra molhada é ainda melhor, mas olhar o sorriso e ver esperança na face dessas pessoas tão sofridas e necessitadas não tem preço.

Como eu não poderia dar emprego a todos os moradores da vila, contratei uma pessoa de cada família, eles estavam felizes e eu estava feliz, nas reuniões que fiz com eles expliquei a eles que existe um sindicato para protege-los e garantir   seus direitos. A maioria era analfabeta e eu pareço falar em outra língua. A coisa mais importante para eles principalmente as mulheres é chegar no final do dia e ter o que fazer para os filhos comer.

Me lembro quando conheci seu josé, poderia passar mil anos e aquelas palavras jamais irão deixar a minha mente me lembro como se fosse hoje...UM HOMEM NASCE, CRESCE CONSTRÓI A FAMÍLIA E QUER CUIDAR DELA COM A HONRA DO SEU TRABALHO, ONDE VOCÊ VÊ HONRA AQUI...?

Palavras sábias para um homem que não tem estudos, descobri que seu josé é um excelente marceneiro. Que aprendeu a moldar a madeira com o avo, entalhou o nome do meu sítio na madeira depois com a ajuda de outros homens construiu uma estrutura de madeira acima da porteira do sítio.  Pendurou com correntes o nome entalhado da propriedade ...SÍTIO MANACÁ... mas quando vão se referir a propriedade eles dizem o sítio da dona, nunca me chamam pelo meu nome, já se tornou um hábito, de mamando a caducando todos me chamam de dona.

E eu já desisti de dizer que meu nome é Hortência.

Janeiro é um mês chuvoso, quando menos espera as nuvens vão se juntando trazendo consigo pequenas tempestades de verão, e hoje não será diferente. Abro a janela e os pingos da chuva cai na terra e o cheirinho agradável de poeira entra em minhas narinas, o galo que ganhei de Artur faz sua performance cantando antes que o sol nos contemple.

Ele me disse que o penoso iria cantar a cada uma hora e eu não perderia as horas, ele estava certo, o danado faz um pampeiro as quatro da manhã. E o mais incrível, é que onde estiver outro e ele ouvir o colega, ele responde, e assim acontece, é como uma corrente uma coisa curiosa.

Perguntei a ele onde conseguiu o galo e ele me respondeu que era dele, mas quando estive em sua casa não vi nenhum galo, me disse também que me arrumaria algumas galinhas eu o reprendi e disse que não, que eu mesma iria comprar algumas para soltar pelo sítio, é bom ter esses tipos de bichos porque eles fazem o controle dos insetos.  

A chuva não para e as horas vão passando e eu continuo na janela, pelo andar da carruagem não aparecerá ninguém hoje pois a chuva não sessa, e eu os proibi que Vanhese e trabalhar debaixo de chuva.

Ouvi depoimentos cabeludos a respeito do dono da Santa Ana que obriga os trabalhadores a ficar debaixo de tempestades. Que não podem parar e se abrigarem até a chuva passar, a cada dia desprezo mais esse homem. Como pode um ser humano ser tão cruel ao seu semelhante, será que ele não percebe que dessa maneira ele só desperta o ódio e a irá dessas pessoas.

Outro dia me apareceu aqui alguns homens pedindo trabalho, eu disse que não teria emprego para todos, porque os moradores da vila já tinham preenchido a cota de funcionários que eu precisava. Um homem chegou a se ajoelhar e pedir pelo o amor de Deus que eu o ajudasse ele precisava de dinheiro para comprar remédios para a filha pequena de dois anos que estava com uma tosse assombrosa, foram essas as palavras que ele usou.

Eu perguntei de onde ele vinha e ele disse que era da Santa Ana, eu o especulei e perguntei sela não tinha médico. Ele disse que sim, mas sua dívida já estava grande e ele não conseguiria pagar. Eles recusaram ajuda-lo, naquele instante me senti irada, sentimento que pensei nunca ter, mas estando ali naquele lugar era inevitável, o dono dessa fazenda era um ser repugnante.

O Cheiro do pecado completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora