Capítulo 7
O lobo e seus instintos parte 1.
O dia na fazenda começa cedo, às quatro da manhã já estou na cozinha passando meu café, não gosto de gente dentro da casa me observando. Tenho horários específicos para fazerem a comida e cuidar da limpeza, sinto um frescor no ar e sei que vem chuva.
Degusto uma xícara do café que preparei forte e sem açúcar, passo a mão no meu chicote que fica pendurado em uma dispensa na cozinha e vou atrás do meu cavalo, algo me diz que preciso ir no curral das vacas leiteiras.
Monto meu cavalo que está selado e amarrado no palanque a minha espera como todos os dias, a propriedade é dividida em zonas, assim fica fácil a administração e a distribuição dos funcionários e suas tarefas, a Santa Ana é imensa bastante produtiva.
Antes mesmo de chegar no curral, meu cavalo para, percebo no ar que tem coisa errada, meu cavalo recua três passos relinchando, os cavalos são animais extremamente sensíveis e perspicaz e eu respeito isso não forçando o bicho.
Eu desmonto dando uns passos à frente, o cheiro de morte está por toda parte, que inferno está acontecendo aqui? Abro a porteira o dia começa a clarear e meus olhos me mostra o que meu olfato apurado já havia me revelado, morte, morte por todos os lados. Os animais se debatem no chão, olhos esbugalhados salivando, uns sem conseguir respirar.
Eu conheço as mais variadas plantas, sei as que são extremamente nocivas ao gado, por isso existe uma equipe de trabalhadores que fazem essa parte de limpeza nos pastos. Rastreando e exterminando as ervas daninhas, vou aos comedouros e tem bastante silagem feno e algo purpuro triturado, pego um punhado e levo ao meu nariz reconhecendo o cheiro de imediato. Funcho selvagem, essa planta se for ingerida pelos bichos provoca dificuldade de deglutição, dificuldade na locomoção dos animais, tremores musculares, dificuldade na respiração, salivação, regurgitação do conteúdo ruminal. Todos sabem que é uma praga tóxica, deduzo que tenha sido proposital, quem fez deseja matar meu gado lentamente achando que eu não me atentaria.
Alguns peões chegam, e vão entrando no curral, dando de cara comigo, o pavor em seus olhos se revelam, o cheiro do medo se estala em seus corpos trocam olhares entre si eu os observo sem dizer uma palavra, mas sei que veem as labaredas de fogo em meus olhos. Eles cochicham entre si se perguntando se o gado está doente, e eu sei que um deles é o responsável.
O gado está no chão umas quarenta cabeça um trabalho de formiguinha dia a dia se eu não tivesse encontrado a comida adulterada poderia pensar que fosse outra doença até fazer exames e descobrir que foi envenenamento. Dei uma olhada nas outras baias e estava tudo em ordem, intoxicaram as vacas leiteiras, um prejuízo considerável. Quem causou isso não ficará impuni.
Dou um grito ensurdecedor fazendo seus olhos se voltarem aos meus. -Quem fez isso?
Não obtenho resposta, e mais uma vez um grito estrondoso rasga minha garganta se fazendo ouvir, saindo da minha boca como um trovão e dois deles se mija, covardes imundos ouço uma voz baixa quase um sussurro dizendo que é uma doença. Caminho até o verme, mas antes pego meu chicote que está pendurado na porteira.
Vou até o verme que está com os olhos grudados no chão e levanto seu queixo com o cabo do meu chicote, pergunto que tipo de doença ele acha que é, espero sua resposta espero pacientemente, mas ele não tem, como ele ousa subestimar minha inteligência.
Me afasto alguns passos para trás e digo alto. -Eu sei o que fizeram, acham que me afetam matando algumas cabeças de gado, tenho milhares dessas espalhadas por esse país em grandes quantidades a perder de vista, idiotas.
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O Cheiro do pecado completa.
RomanceObra completamente fictícia, nome lugares, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. UM ROMANCE DARK. Para maiores de 21 anos, contém cenas de violência, física e verbal.