HORTÊNCIA CAPÍTULO 14.

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HORTÊNCIA CAPÍTULO 14.

DOR E HUMILHAÇÃO NÃO IRÃO ME AFUGENTAR.


Um dia vi uma reportagem na tv onde uma senhora foi atacada por um cachorro pit bul, eu fiquei imaginando a dor que aquela pobre senhora devia ter sentido, com as mordidas.

 Agora me vejo quase da mesma forma, não foi um cachorro que me atacou, mas a sensação para mim era a mesma. Sabe aquela sensação de seu corpo ter sido tomado por um animal é como me sinto.

Depois que aquele homem asqueroso com aquele cheiro repugnante conseguiu o que queria ele saiu de dentro do meu corpo foi para debaixo da chuva e gritou, parecia um louco. Ele soltou meus pulsos e eu caí no chão, meu estomago revirou e eu vomitei, eu estava sem forças e nua no tempo. Seus olhos brilhavam e ele se sentia poderoso por seu ato nojento, quantas bactérias eu devo ter sobre meu corpo, ele não usou nem ao menos um preservativo e ejaculou dentro de mim. 

Pegou seu cinto e colocou novamente em suas calças, eu desviei meu olhar e me encolhi quando vi ele se aproximar.  Não sei o que aconteceu, mas ele recuou, montou seu cavalo e sumiu debaixo da chuva. Eu acariciei meus pulsos minimizando o incomodo por ter ficado amarrada como um pedaço de carne em uma camará fria de um frigorífico.

Me sinto suja e imunda, olho meu corpo todo mordido os bicos dos meus seios estão sangrando preciso de um banho e de um antisséptico. Oque seria de mim se concebesse um filho de um tipo como esse, eu não suportaria mesmo sendo meu filho, não conseguiria amar uma criatura gerada em mim dessa forma.  Meu ciclo sempre foi uma bagunça e eu tomo meu remédio regularmente todos os dias acho que de uma possível gravidez estou livre. 

Passei minhas mãos no meu rosto e senti meus lábios doer, essa minha boca grande ainda vai me matar.

Minha primeira experiencia sexual foi com Cezar, depois de um ano de namoro me entreguei a ele, não me arrependo do que fiz, eu estava apaixonada e foi muito bom.  Ele foi meu primeiro em tudo por isso ele alimentou o desejo e a esperança, que eu me casaria com ele um dia. Depois de Cézar não tive mais ninguém, agora me bate o arrependimento de não ter aceitado, se eu estivesse casada não teria passado por esse inferno, nem estaria nesse fim de mundo esquecido por DEUS.

Tentei me levantar, mas minhas pernas estavam sem forças, a dor excruciante no meio das minhas pernas, minha vagina estava queimando, sentia cólicas horríveis. levei minha mão direita e passei na minha vagina. Havia sêmen e sangue que se misturavam e escorriam pelas minhas pernas. Aquele doente parecia nem saber o que estava fazendo o cheiro forte dele estava sobre meu corpo, eu tinha que me lavar, era insuportável sentir seu cheiro. 

Me arrastei para dentro da cabana e consegui chegar dentro do banheiro, peguei um sabão neutro passei sobre as mordidas lavando meu corpo com a água que caia do chuveiro.  Depois, do banho tomado peguei uma maleta de primeiros socorros uma gaze e desinfetei todas as mordidas. Me envolvi em um lençol de algodão, não tinha condições de pôr uma roupa tudo doía.

Era inevitável não chorar, sentia tantas coisas ao mesmo tempo, me perguntava porque eu porquê? Será que estou sendo punida por algum pecado cometido, qual seria a explicação para um ato monstruoso desse. Eu já o desprezava antes mesmo de conhece-lo, agora eu o odeio.  fui até a geladeira e peguei duas pedras de gelo envolvi em um guardanapo e coloquei sobre meus lábios assim evitará o inchaço, e possíveis especulações.

 fiz um chá de erva doce e tomei bem quente, pinguei umas gotas de ibuprofeno em uma colher e tomei e fui me deitar, precisava dormir, quem sabe o sono tiraria um pouco de toda aquela dor que eu sentia.

Acordei com o cantar do galo exatamente as quatro da madrugada do outro dia, me mexi devagar na cama e me levantei. Olhei meu corpo a dor tinha diminuído, mas as marcas ainda estavam lá para que não me esquecesse.

Tomei uma lufada de ar levantei minha cabeça, não vou deixar esse facínora me derrubar, eu vim pra esse lugar com um objetivo e eu não vou desistir.

O sol nos deu o ar da graça e o calor estava de matar, estava acompanhada de seu Jose e de Artur fazendo uns canteiros de alface. Seu Jose afofava a terra eu abria as covas e Artur depositava as sementes, quando o senhor chamou minha atenção.

-A dona está triste? Fizemos alguma coisa errada? -Porque a pergunta. -Ainda não vi seu sorriso hoje. Eu não tive coragem para encará-lo, e ainda abaixada respondi.

-Não se preocupe não tem nada errado, não fizeram nada, ao contrário, aprecio muito a companhia de vocês. -O que aconteceu com o seu rosto? Artur perguntou.

-Não aconteceu nada, deixe a curiosidade para os curiosos e vá buscar as sementes de abobora, ande, vá logo. Ele soltou um sorriso e saiu a passos largos.

-Não nos conhecemos a muito tempo, mas sei quando alguém está sentindo dor, os anos nos ensina a ler as pessoas e interpreta-las. Eu não iria contar a ele o que me aconteceu, era vergonhoso, ele também não poderia me ajudar.  Ele foi uma vítima daquele monstro por muitos anos sendo escravizado com um salário de fome e submetido a todo o tipo de humilhação.

-Não se preocupe comigo eu estou bem, o que estou sentindo não chega nem perto do que todos vocês passaram na Santa Ana, nas mãos daquele atros.

-Eu admiro sua coragem me pergunto onde anda o demônio da Santa Ana que ainda não veio ameaçar a dona para que venda suas terras. Porque esse pedaço de terra tem algo que ele deseja. -Oque por exemplo? -A mina, a dona têm uma riqueza natural dentro dessas terras, algo assim é como um pedaço de ouro para uma propriedade tão grande como a Santa Ana. Sabe qual foi o primeiro nome desse lugar? -Não, qual foi? -Água doce, é um nome bonito, não é?

-Sim é um nome perfeito, o senhor conheceu o antigo dono.

-Sim era um homem bom, educado foi muitas vezes ameaçado para vender essas terras até que ficou muito doente e não poderia mais cuidar ou trabalhar nela. A esposa e os filhos dele não gostavam de lidar com a terra, mas como os caminhos do senhor são surpreendentes ele nos mandou a dona. Que comprou as terras e nos deu trabalho e junto com o trabalho também resgatou nossa dignidade.  

-Não fui eu que comprei seu Jose, foi meu pai que comprou e me deu. -Pra mim e pra toda essa gente não faz diferença, o que importa é que a dona está aqui.

Me sentei com ele em um tronco de árvore debaixo de outra árvore por nome pau de jacaré e lhe respondi. -Eu nunca irei abrir mão desse lugar, já faz parte de mim do que eu me tornei.

-No que a dona se tornou? -Livre seu Jose, Livre e essas terras se tornarão férteis, pelas minhas mãos, as suas e de todos que estão trabalhando aqui. Juntos iremos exorcizar o demônio, nem que para isso eu deixe alguns pedaços meus no meio do caminho. 


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