FINITUS

Pandora's Box

Ninguém podia dizer ao certo o que estava acontecendo. Em um momento Clarke estava prestes a perder a cabeça exclamando ordens para cada soldado que encontrasse, apontando e levantando o tom para qualquer um que tentasse desobedecer ou levar tempo demais para tentar entender; tempo precioso, um segundo mais tarde e Lexa podia estar completamente fora de alcance nas estranhas da floresta. Clarke explicou o mínimo. "Lexa saiu durante a noite e foi para a floresta, nos encontramos do outro lado e ela precisa de ajuda agora", era tudo o que ela podia dizer sem acabar prendendo o esquadrão inteiro em um loop ainda mais denso de perguntas. Todos eles estavam reunidos no pátio, poucas horas de sono pesando ombros e rostos, o esquadrão não tinha a melhor das aparências – eles pensaram que a exaustão havia finalmente chegado ao fim com o retorno de Lexa ao mundo dos vivos. E todos eles perceberam que era muito longe daquilo quando o portão da muralha na lateral do pátio se abriu, e de dentro veio a comandante. Sangue vermelho escorrendo de cada fio em suas roupas, um olhar intimidador o suficiente para fazer os androides recuarem. Sentindo o poder que consumia o próprio ar da maneira mais opressora, os adolescentes estavam horrorizados, Clarke sentiu que não conseguia respirar. A sensação de atração, a calma acolhedora e a segurança que costumava envolver a presença de sua esposa haviam desaparecido.

Lexa continuou andando, dividiu a multidão ao meio enquanto seguia em frente com seus passos pesados, o rosto menos pálido agora se destacava em sangue que pertencia a outro organismo. Não sabiam dizer se havia se ferido, também não conseguiam ver os cortes abertos em seus punhos, estavam escondidos sob as mangas de couro.

- Lexa, que aconteceu com você? – Lito a olhou de cima a baixo.

- Eu quero a Expedições. A Primeira Divisão de Pesquisa. A delegação Real, Clarke e os Embaixadores dentro do salão. AGORA! – Lexa delegou passando em uma linha reta no meio da multidão. – Bellamy e Anya, os prisioneiros. Aden e Madi, vocês dois também.

- O que? O que você- Oh, wow! Mãe? Mãe, o que foi?! – Aden franziu o cenho quando com um movimento suave ela tirou a pistola no coldre de sua cocha musculosa. Ele parou de falar quando o olhar verde e perturbador da comandante caiu sobre o seu rosto.

- Sem perguntas. Wynonna e os androides, comigo. O resto de vocês, liberem o pátio! Tudo será explicado no devido tempo! Agora!

- Lexa! – Clarke chamou quando Lexa passou em uma linha reta bem a sua direita sem sequer olha-la, estava focada na porta de madeira do salão gelado do refeitório com uma arma apertada em seus dedos. Era o suficiente para deixar Castle Black inteira sob pressão.

- E tragam a sacerdotisa aqui! O uso de força está autorizado!

- O que? Por que?! – Niklaus questionou logo em seguida e como os outros, não recebeu qualquer resposta. – Alexandria, que merda está acontecendo? Por que a Expedições precisa estar presente?!

Lexa entrou no salão e nada mais do que segundos depois o som de móveis revirados, madeira quebrada e baques poderosos os deixou paralisados. Clarke olhou para Madi e Aden, Samira engoliu em seco pela segurança de todos os presentes e deu uma boa encarada nos androides. Nenhum dos três parecia alterado de qualquer maneira, mas ela ainda sabia que Elizabeth e Mary podiam ser, se fosse o que Lexa realmente desejava.

- Azazel. – A princesa chamou e o androide se virou para ela com a expressão mais tensa que podia. – Você sabe o que está acontecendo?

- Eu sei tanto quanto o resto de vocês. – Ele negou e juntos os dois observaram Elizabeth e Mary caminharem para o lado de dentro com o andar de quem planeja uma intervenção. – Eu foi ficar de olho nelas.

- Cuidado. – Ela pediu e Azazel assentiu, os dois não haviam conversado por muito tempo, mas era bom saber que até mesmo os que ainda não havia contato na Alpha valorizavam sua segurança.