Ready Aim Fire

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Meus olhos se fecharam por um segundo, o frio subiu por meu estômago, algo explodiu, o grito de dor veio ao longe e eu voltei a realidade arfando por ar, piscando pesadamente, o olhar de um dos Comandantes de solo preocupado para mim, uma lanterna apontada para meus olhos, a luz ardendo em minhas pupilas, voz desaparecendo em ecos distantes pelos lados da minha cabeça, meu corpo cansado caiu para o lado e só então percebi que não estava recostada na parede em que fui jogada por uma explosão, mas em um dos Jeeps blindados. O beco estava longe de nós agora, mais de quatro quadras atrás, a segurança de suas laterais de tijolos sujos havia se substituído pela longa e aberta área da praça central de grama baixa e retorno circular ao seu redor, a mesma em que toda Polis surgiu através da chama de uma fogueira. Barricadas eram feitas de pedaços de carro destruídos, veículos blindados e bancos.

O médico me trouxe de volta ao seu rosto segurando meus braços e sacudindo com força, eu pisquei confusa, o mundo surgindo diante de mim com uma conhecida cortina branca de confusão que se abria e fechava junto as minhas pálpebras. Algo perfurou minha perna esquerda, abri os olhos sentindo meu coração pulsar acelerado e encarei seu rosto, vendo a pequena seringa vazia ser jogada no chão ao nosso lado. Ele segurou meus ombros, puxou a pele abaixo de meus olhos com sua luva suja de poeira, deu duas batidinhas em minhas bochechas e ergueu a mão esquerda no espaço entre nós. Eu imediatamente a segurei, sabendo que havia agido rápido demais sob o efeito da adrenalina recém injetada em meu sistema.

Disparos estalando pelo céu, fogo trepidando em veículos civis pelas ruas atrás de nós, o tilintar de balas vindas das metralhadoras de drones enviados de quase todos os bunkers, planando entre as equipes de avanço na batalha. O centro da cidade estava mergulhado em caos e a batalha se intensificou quando a notícia da morte de Titus, o conselheiro da Aliança, a Assassina Thamina e captura de Hiram Lodge se espalhou como fogo de palha entre os guerreiros. O inimigo teve de recuar quando a chama de determinação que nos rondava se intensificou e nós os seguimos por quase sete quarteirões, abrindo caminho na via principal. Uma armadilha.

- Qual seu nome?! - Ele berrou.

- Alexandria... Alexandria Griffin Woods. Primeiro Regimento, Batalhão de Elite. Comandante Soberana! - Falei, uma palavra trazendo a informação seguinte como uma corrente de nós barulhentos. O mundo não estava mais tão calado assim.

- Aperte meus dedos! - Ele pediu e eu o fiz, recebendo um assentir de cabeça em seguida. - A senhora apagou durante o socorro!!

- Onde está minha arma?! - Exclamei sobre o som de uma granada alguns metros ao lado.

- Precisa ir mais devagar, Comandante. Nem mesmo deveria estar aqui! - Ele se abaixou segurando o capacete na cabeça quando uma munição de foguete passou assoviando por cima do capô do Jeep ao nosso lado, acertando o chão pouco atrás. - Essa é a última dose de adrenalina que podemos usar, recebi ordens diretas! A Chama pode sobrecarregar-

- Qual a situação?! - Ignorei, ele se abaixou com um estalo próximo.

- Não conseguimos avançar além do retorno! Eles fecharam a rua!

- O que?!

- A rua!! Fecharam a rua!!! - Se inclinou para gritar em meu ouvido.

- Já tentaram contornar?!

- Não dá! Fogo pesado!! - Nós estávamos a menos de um metro de distância e quase não pude ouvir uma única palavra daquela conversa.

- Tem que ter outro jeito, não dá para ficar parado aqui muito tempo! - Exclamei e ele sacudiu a cabeça mais uma vez, nervosamente negando, ainda dávamos as mãos. Nos mantendo próximos no caos.

- Não, não! Senhora, precisa ficar sentada. Eu recebi ordens diretas do QG para retira-la do campo de batalha imed- Um sopro e um estalo, ele caiu de lado com pernas dobradas e encolhidas, a lanterna rolou pelo chão a frente de minha perna e sangue fresco se espalhou pelas laterais da minha perna. Eu abaixei a cabeça devagar no zunido, olhei para o corpo ainda quente do médico recém abatido, um buraco no lugar de seu olho direito, boca aberta. Soltei sua mão bastante ofegante.

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