Eu fiz planos. Pensei onde seria o melhor ponto para estacionar o carro enquanto subia os degraus da escada em direção ao quarto, Clarke conversando ansiosamente comigo do andar de baixo. Coloquei o ponto em meu ouvido de lado na penteadeira, peguei um par de cobertores macios no armário de toalhas do corredor, os joguei sobre os ombros e desci as escadas para vê-la procurando alguns últimos itens da cesta dentro da geladeira. Passei pela porta para o lado de fora, caminhei para o Jeep e abri a cobertura de couro da traseira, abaixei a lateral. Não havia muito ali, apenas uma caixa de ferramentas de emergência e uma flanela. Limpei a superfície com facilidade, peguei o pedaço de pano e caixa, os levei para o banco de trás do carro, escondidos logo atrás do banco do carona. Dei uma olhada na SCAR escondida logo ao lado, decidi deixa-la ali por precaução. Fechei a porta, tirei os cobertores verdes do banco e voltei para a traseira para lhes ajeitar sobre o chão de metal do carro. Fui para o banco do motorista e me inclinei em direção ao porta luvas, checando os CDs que havia guardado.
Estava procurando por algo novo recentemente então separei três escolhas, Jaymes Young, Finneas e Sam Smith. Em cada um daqueles três álbuns eu tinha uma música favorita, todos tinham o ar romântico que buscava, uma batida calma e talvez alegre para nos fazer dançar um pouco. Eram vozes talentosas e agradáveis, não tinham motivo para não escolhe-los. Os deixei no compartimento abaixo do painel, olhando ao redor em busca de algo que pudesse estar esquecendo.
- Vinho. – Levantei o indicador, desci do carro e fechei a porta.
Passei para o lado de dentro da casa, caminhei o corredor vendo Clarke cobrindo a cesta de piquenique com a toalha quadriculada tradicional e sorri quando ela olhou para mim. Me vendo caminhar em direção a adega nos fundos da propriedade.
- Alguma preferência? – Questionei ao caminhar.
- Um suave, por favor! – Ela exclamou em resposta. – Vou colocar a cesta no carro e podemos ir!
- Tudo bem, não vou demorar. – Respondi e me virei para caminhar de costas, abrindo a porta a esquerda do corredor e vendo Clarke sorrir em direção a porta da frente. Sacudi a cabeça com coração disparado e entrei no ambiente.
Desci a escada pequena, paredes de pedra, chão estalando sob minhas botas. Puxei a pequena corda pendurada no teto enquanto descia e o ambiente se iluminou. Wynonna tinha razão em dizer que tudo aquilo era de algum valor, os barris empoeirados pareciam ter quase um século, algumas garrafas não eram tão velhas assim, mas outras poderiam ser ainda mais antigas, deitadas sobre as divisões de madeira da estante a esquerda.
- Suave... Vamos ver. – Murmurei comigo mesma, caminhei para o centro do pequeno corredor e olhei atentamente entre os fundos de vidro verde.
Entre as prateleiras, pequenas etiquetas listavam os vários tipos de vinho através da estante, haviam tipos que não conhecia e não podia imaginar o gosto, atrás das minhas costas barris tinham a mesma separação. Bellamy e eu combinamos em leva-los para o Shorty's qualquer até o fim da semana, me sentia mal por me aproveitar de Doc daquela maneira e ele o mesmo, então juntaríamos forças para finalmente convencê-lo.
As garrafas que eu procurava eram as últimas nas fileiras, eu escolhi um dos frascos de vidro sem me importar ao certo se era o mais velho ou não, aquela garrafa tinha poeira, teias de aranha e uma rolha em seu topo, era bastante velha com toda certeza. Assoprei a etiqueta, assenti ao ler a palavra suave abaixo da sua fonte. Vinho local, ao que parecia, a cidade era ótima talvez ele fosse da mesma maneira. Lhe segurei pelo gargalo e fui caminhando em direção a escada, puxei a cordinha de luz, o ambiente se apagou e eu fechei a porta um tanto surpresa por não ter encontrado nenhuma aranha.
Lavei a garrafa na pia, lhe enxuguei com a toalha dobrada ao lado do fogão e desliguei a luz no caminho para a porta. Os faróis do Jeep iluminavam a varanda, a música baixa me fez sorrir ao fechar a passagem atrás das minhas costas, Clarke cantarolava o final de Let's Fall in Love for the Night com olhos no celular, passei ao lado do carro coloquei a garrafa dentro da cesta cuidadosamente e fechei a tampa traseira, cobri o topo da armação fechando o zíper da capa de couro e caminhei para o banco do motorista. Abri a porta, sentei no banco e a olhei curiosamente.
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FINITUS
Hayran KurguTudo levou àquilo. As perdas, as derrotas, amarguras e feridas. Manhãs calmas se tornaram em caos no campo de batalha, o brilho das estrelas em fagulhas vindas de uma explosão. Um sorriso puro foi uma breve despedida, desde o primeiro nome escrito n...