- Quanto mais tempo vamos ter que esperar? - Murphy resmungou, ainda usava a calça de sua farda, a camiseta e jaqueta sujos de sangue eram substituídos por uma túnica azul clara. O ferimento tratado em suas costas não causava dor alguma, a estranha pasta verde cobria a pele sobre as camadas de tecido desbotado e fibroso.
- Não muito. - Emori garantiu, tentando abrir o cadeado decodificado na caixa de distribuição de luz com um bisturi. - Como está do seu lado?
- Sem progresso. - Melinda respondeu, focada na tranca do alçapão e seu estranho leitor.
- Okay, beleza. Eu entendi, tudo isso é uma droga e tudo mais... Só que ninguém vai comentar o fato de eles terem um laboratório como esse escondido atrás de uma parede? - Murphy saltou da maca. - Esse lugar não deveria ser intocado ou alguma coisa assim? Porque eu nunca vi uma vila tão escondida e exposta ao mesmo tempo. Literalmente no topo da montanha e com equipamento como esse ainda por cima.
Era pequeno, um quadrado de pouco mais de dez metros com paredes de vidro fosco que davam um aspecto oval a tudo, uma minúscula sessão do que apenas podia ser classificado como refinamento avançado de drogas e seus tubos longos escapando pelos caminhos no teto, passando por máquinas de monitoramento, um visor de tela plana com linhas verdes de símbolos que nenhum deles conheciam. Runas e códigos se misturando em uma bagunça. O chão era limpo o suficiente para verem seus reflexos, lambê-lo ainda seria mais higiênico do que as refeições do acampamento.
- Estamos dentro do Cavalo de Troia. - Melinda assentiu. - Essa tecnologia é praticamente tão avançada quanto a dos Grounders, aquele laboratório está quase transbordando Jingle Jangle.
- A gente deveria saber o que isso? - Emori murmurou.
- Uma droga, nociva. Uma das piores. A que estavam te enfiando goela a baixo a um tempo atrás. - Melinda comentou, Murphy engoliu em seco. - Altamente viciante e quando misturada a outros elementos, uma arma poderosa... Especialidade do Hiram Lodge.
- O cara de Riverdale? - Emori franziu o cenho e se virou, olhando para Melinda e encontrando Murphy paralisado no centro do ambiente. Parecendo interessado demais no que o esperava se passasse aquela parede de vidro. - John.
- Hm...
- Vão saber que estamos soltos se você quebrar a parede. - Melinda virou o rosto lentamente para analisá-lo.
Ele trocou o pé de apoio, respirou fundo e se pendeu para a esquerda, caminhando na direção da namorada com um resmungo. Emori lhe ofereceu o bisturi e deixou que tentasse no seu lugar, a ponta dos dedos ardendo nos cortes minúsculos de cobre do interior dos fios. Melinda olhou a garota, recebeu um assentir firme e se virou para o alçapão outra vez. Murphy não era o melhor com dispositivos como aquele, mas se lembrava uma coisa ou outra das aulas da Black Badge, puxou dois fios, cortou suas pontas e levou um choque. O bisturi foi ao chão com um ruído metálico.
- Ow... - Sacudiu a mão e encarou Emori, rapidamente se virando para a porta. - Filho de uma- Acertou um golpe na lateral da caixa e a passagem soltou o som conhecido de pressão.
Melida se virou, Emori franziu o cenho ao ser puxada para traz. Murphy ouviu as vozes além da passagem secreta e se afastou imediatamente, o bisturi firme entre os dedos apenas esperando a primeira oportunidade como as outras. A porta se abriu completamente, calçados estalaram sobre o chão, Jane foi empurrada para o lado de dentro com força e cambaleou em direção a maca, fuzilando os dois vikings por cima do ombro com estômago dolorido antes que a passagem fechasse mais uma vez.
- Jane? - Emori franziu o cenho.
- Olá. - Ela fungou limpando o sangue de seu nariz. - Prontos para sair daqui? - Levantou a mão direita, um cabelo loiro quase passou despercebido na iluminação.
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FINITUS
FanfictionTudo levou àquilo. As perdas, as derrotas, amarguras e feridas. Manhãs calmas se tornaram em caos no campo de batalha, o brilho das estrelas em fagulhas vindas de uma explosão. Um sorriso puro foi uma breve despedida, desde o primeiro nome escrito n...