Teenage Fever

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O Jeep parou no terreno arenoso antes da trilha, Aden segurou a alça ao lado da sua janela e se ajeitou no banco para olhar um pouco a frente, janelas, para brisa dianteiro e traseiro tomados em uma malha quadriculada de traços azuis, checando por ameaças em um raio de cem metros ao nosso redor. Nós dois esperamos, esperamos e esperamos, o silêncio do parque continuou o mesmo, pássaros cantando nas árvores, folhas se sacudindo com o vento gelado, raios de sol riscando o chão. Na abertura da vegetação a minha esquerda estava o lago, fundo, de água escura e correnteza generosa, do outro lado da margem, o deck de madeira.

O para brisa se iluminou suavemente em um tom verde, sem ameaças. Nós dois saímos armados, Aden pegou a pistola e coldre dentro do porta luvas com olhos ainda atentos ao redor, se voltou para mim quando segurou a porta. Minha arma havia sido retirada de baixo do banco, nós saímos, fechamos as portas e o mundo ficou um pouco menos silêncio, mas calmo. Folhas secas cobriam o chão, estalavam sob nossos coturnos enquanto caminhávamos pouco mais à frente do Jeep.

- Eles sabem que estamos aqui... Os celulares avisam em caso de emergência. Por que ainda não ouvimos nada? – Comentei ao olhar ao redor, Aden chegou a munição de sua pistola com um suspiro, engatilhou a primeira bala e ajeitou a arma em sua cintura.

- O scanner não reconheceu nada...

- Nada que respira, ao menos. – Ele me acompanhou alguns passos à frente.

- O que, está vendo alguma coisa? – Sua mão não soltava o cabo da arma de qualquer maneira, sempre alerta. Nossos passos eram altos demais.

- Negativo. – Neguei com a cabeça.

- Eu queria que estivesse errada.

Nós dois paramos no grasnar de corvos entre as árvores, folhas sendo carregadas no vento mais forte e deslizando declive abaixo para a margem do rio. Deixando uma trilha sinuosa em sua superfície por todo o parque.

- Eu também... – Galhos se arranharam no sopro gelado. – Vamos seguir até as coordenadas de resgate, pensamos no que fazer de lá.

Aden ficou calado, o ambiente era pacífico demais para alertas tão caóticos a pouco tempo atrás, não havia entrada de outros agentes em campo, ninguém emitiu um sinal de resposta para o pedido, então nós fomos os primeiros a chegar, os primeiros a encontrar a fonte de completamente nada. Por todo o caminho de terra, galhos e folhas, o cheiro de água e natureza se intensificava, cada vez mais fundo para dentro do parque e longe do Jeep. Foi uma caminhada atenta, mas rápida, contornamos a margem de barro e raízes até finalmente chegar ao deck de madeira do outro lado do lago. Aden sacou a pistola e fez menção de que checaria por baixo das placas de madeira contornando o parapeito, eu assenti e olhei ao redor, checando a superfície por sinais no solo.

Uma mancha escura coberta em terra foi encontrada entre uma das barras de madeira no interior do deck, eu me aproximei um pouco mais, meus olhos facilmente delatando sua existência do restante do ambiente e sobressaltando as pistas ao nosso redor. O celular em meu bolso enviou as informações encontradas para Aden logo abaixo de mim, podia ver o topo de sua cabeça entre as tábuas.

Fiz menção a ajeitar os óculos em costume, mas lembrei que não os usava e suspirei.

- Gado?

- Um dos marcados, na fazenda mais distante. – Me afastei da mancha seguindo os rastros de terra seca, presa entre as placas de madeira em direção a outra pista na borda do gramado. – Está vendo?

- A mancha de coração no pescoço, estou vendo.

- O touro preferido para reprodução. – Concordei.

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