É o tempo de mudanças, novos dias, novos amanheceres de sois brilhantes, não encare demais ou vai perder a visão, os objetivos estavam mais claros, mais preciosos e atraentes. Tudo chegaria ao fim logo, tinha certeza e queria deixar as coisas em ordem, me preparar para o fim da linha de tiro. Sabia que se não ganhássemos a guerra seria o meu fim, mas aquilo não era uma alternativa, eu tinha que viver, eu queria viver.
Depois de tudo, do casamento e o inferno da Noruega, foi difícil até mesmo colocar os pés em um avião. Aquele não era nem um pouco parecido com o transporte executivo daquela noite, mas ainda assustava pensar que estávamos tão expostas em céu aberto quanto naquela infeliz noite. O piloto era de confiança, o mesmo que nos trouxe para Polis depois da missão nos vinhedos, um homem experiente que não importava com o silêncio atrás do manche, chamava pelos autofalantes apenas quando preciso, ele e o restante da tripulação deixaram Clarke eu sozinhas na traseira da aeronave pesada. Não era uma viagem muito longa, no entanto, nove horas acima do mar aberto me pareceram vinte e quarto, era o suficiente para me deixar inquieta.
Entre um dos vários carros presos no hangar do subsolo de carga, um grande quadrado vazio mantinha uma pequena academia improvisada para os soldados que eu agora insista em usar. Clarke não se sentia no pique para exercícios antes da aterrissagem, e eu não a deixaria dar um único soco depois do procedimento a menos que fosse absurdamente necessário -exagero, eu sei, mas não podia evitar-, então ela se sentou muito confortável sobre o capô de um dos Rovers designados para a guarda noroeste, o celular na mão soava em um conhecido ruído de tempos em tempos. Eu ignorei, me concentrei nos meus golpes o máximo que pude.
- Você já desistiu de esconder, não é? - Questionei quando um flash de luz brilhou no canto da minha visão.
- Eu não tenho porque esconder meu o interesse em algo que já me pertence. - Clarke respondeu com um suspiro dramático e ajeitou o bolinho de tecido que era a minha jaqueta sob a cabeça. - Além do mais, eu estou fazendo um álbum, então é por um bom motivo.
- Eu não acho que fotos minhas nesse estado seja o melhor para se mostrar em um álbum de família. - Parei o saco de pancada e a olhei.
- Eu disse que era um álbum de família? - Franzi o cenho com um sorriso e mais uma foto foi tirada instantaneamente. - Wow... Essa vai ser a do mês de agosto, com certeza. - Assentiu, satisfeita.
- E depois eu que não presto... - Ela ri alto e eu voltei a bater. - As pessoas não fazem ideia. - Minha frase quase se perdeu no estalo de meu coturno na lateral do alvo de lona preta.
- Não tem nada de errado em um pouco de admiração...
- É, lembra da última vez? Onde essa sua admiração repentina acabou? - Sorri maliciosamente.
- O que? Eu nunca tinha tentado entrar no Clube Mile-High.
- Tentar não é exatamente o que eu tinha em mente. - Neguei. - Você não estava tentando fazer nada... Pelo menos não nesse sentido.
- Arrependida? - Clarke se levantou com um sorriso satisfeito. Fazia menos de duas horas desde que nos esprememos dentro da cabine de um caminhão e ela já tinha aquele olhar outra vez.
- Nem um pouco. Você? - Ela saltou de cima do carro, se recostou na frente do capô sacudindo a cabeça lentamente. Os dois olhos azuis me observando dos pés à cabeça.
Uma semana havia se passado desde a inseminação e seus hormônios continuavam uma loucura. Sempre tivemos muito desejo uma pela outra, mas aquilo era bastante inesperado, ela me manteve acordada por duas noites seguidas, me fez soar até a última gota e continuou como se não tivesse sido nada perto do suficiente, e eu estava começando a achar que não ia dar conta até que ela apagasse e me deixasse rindo sozinha por longos minutos antes de adormecer. Na noite passada ela nem mesmo olhou para mim, fechou a cara, espancou o travesseiro e dormiu. Eu sorri percebendo minha sorte, a cobri e dormi pesadamente, acordando no meio da madrugada com o seu choro, soluçando de um jeito que me deixou preocupada, quando perguntei o que havia acontecido ela disse que me amava mais do que tudo. Me abraçou e pegou no sono ali mesmo, na manhã foi como se nada tivesse acontecido, ela nem mesmo se lembrava.
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FINITUS
FanficTudo levou àquilo. As perdas, as derrotas, amarguras e feridas. Manhãs calmas se tornaram em caos no campo de batalha, o brilho das estrelas em fagulhas vindas de uma explosão. Um sorriso puro foi uma breve despedida, desde o primeiro nome escrito n...