O tempo simplesmente não passava, não importava o que fizesse eu parecia estar mais ansiosa a cada segundo. Odiava aquele quarto cada vez mais, e implorava não encontrar a mesma monotonia sempre que passava pela porta, é algo que completamente contradiz a presença de Lexa em qualquer lugar que passasse. Ela já havia acordado, menos mal, mas já fazia algum tempo que queria sair daquela cama. Para ser sincera eu também queria, outra das várias coisas que eu vinha percebendo sobre ela se sobressaltava e enlouquecia os médicos. Alexandria Maxine era extremamente cabeça dura.
Eu já tinha me descoberto muito ágil em fazer os deveres de escola na mesa do seu quarto ou na própria poltrona em que vivia dormido. Era grande, de couro e confortável, tinha um generoso descanso para os pés, mas ainda não era tão aconchegante como uma cama. Como a minha cama, em uma casa que eu mal visitava. Não que fosse fazer alguma diferença, ninguém estava me esperando de qualquer maneira. Meu pai provavelmente não voltaria até o próximo ano, e eu teria que mandar meus papéis da faculdade por e-mail ou carta. Se seja lá onde estivesse no planeta ao menos tivesse correio ou internet era outro assunto completamente diferente, se ele fosse ter a decência de responder, outro tópico praticamente impossível. Nada para me preocupar agora, de qualquer maneira. Ansiedade por coisas que não aconteceriam nem mesmo naquela semana era um veneno que vinha tentando eliminar do meu sistema. Algo que se dissolvia completamente quando um par de olhos verdes se abriam entre os cochilos de rotina e um sorriso pequeno surgia no canto de sua boca.
Naquela manhã, eu havia ignorado algumas aulas para ter um pouco mais de tempo ao lado de Lexa. Os médicos vinham falando a quatro dias que receberia alta naquela tarde e de alguma maneira eu sentia que deveria estar mais presente nesse momento importante. Ou talvez eu tivesse medo de que tudo fosse diferente quando ela não estivesse mais presa em um hospital, forçada a ter minha companhia. Quando cheguei, ela ainda estava adormecida, era cedo, o primeiro horário de visita, o sol brilhava fraco no horizonte e eu me arrastava pelo caminho como um zumbi. Ignorei as cafeterias, segui direto para meu objetivo e cumprimentei os médicos que vi durante tanto tempo. Todos faziam o possível e o impossível para agrada-la e de alguma maneira eu começava a sentir o mesmo em relação a mim, mesmo que a recepcionista tenha me dado uma bronca por cabular aula mais uma vez.
Coloquei a mochila de lado, meus cadernos e livros foram abandonados no chão ao lado da cadeira. Minha jaqueta jeans ainda estava ali, havia esquecido na noite passada. Me aconcheguei o máximo possível e tomei um tempo para observar Lexa no seu sono profundo, parecia mais forte a cada dia e com toda certeza não era só aparência. Seus braços continuavam tão firmes quanto a primeira vez que a vi.
Não demorou até que eu apagasse completamente ao seu lado, o silêncio e o som das máquinas desaparecendo ao meu redor para dar lugar a uma festa. O gosto de álcool, as risadas e conversas, a música e a sensação de uma mão sobre a minha apenas se intensificando quando abri os olhos e a vi acordando aos poucos com dedos apertados aos meus na lateral da cama. Apoiei o cotovelo no colchão e a bochecha no punho, bocejando até que se abrissem e o verde vivo encarasse de imediato nossas mãos. Cabelos um tanto bagunçados, rosto suavemente inchado e roupas amassadas. A perna esquerda da calça de moletom cinza estava por cima da coberta e a manga esquerda da camiseta preta enrolada.
- Bom dia... - Lexa cumprimentou ao lutar contra a claridade em sua visão. - Dormiu bem? - Suas palavras foram um tanto confusas em um bocejar.
- Teria sido melhor se tivesse dormido aqui ontem, mas... Sim, eu consegui descansar por umas duas horas. - Assenti.
- Eu e você sabemos que se tivesse ficado aqui não teria dormido, Princesa. - Ela garantiu.
- Claro que teria.
- Você fica andando de um lado para o outro. - Lexa relembrou. - Acho que andou uma maratona inteira no sábado à noite.
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FINITUS
FanfictionTudo levou àquilo. As perdas, as derrotas, amarguras e feridas. Manhãs calmas se tornaram em caos no campo de batalha, o brilho das estrelas em fagulhas vindas de uma explosão. Um sorriso puro foi uma breve despedida, desde o primeiro nome escrito n...