Mountain

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    Tudo o que ela pode fazer foi assistir. Nada estava ao seu alcance, nem mesmo o simples toque do amor de sua vida em seus olhos azuis brilhantes com desespero. Lexa não tinha força ou tempo o suficiente para se livrar do inimigo agarrado a sua perna e se lançar na escuridão atrás de Clarke. Mesmo que conseguisse seria impossível que ambas se encontrassem do lado de fora, com tão pouco tempo até o chão e a cobertura da noite por cega-las quase completamente. Não, tudo o que podia fazer era garantir a vida de ao menos um dentro do avião, então ela não fez nada. Assistiu a loira ser sugada para fora do avião, o coração gelou ao som do caos, dedos se serraram em ódio em meio a risada de quem havia lhe forçado a aquilo e sentiu a onda de fúria se apossar por seu corpo. Não se controlaria daquela vez, não havia necessidade. Se aquele fosse seu último momento naquela terra, faria sua própria vingança. Olhos abandonaram a escuridão e se voltaram para trás, aproveitou que o homem lhe agarrava o tornozelo e se segurou na lateral do sofá aos pedaços. A pressão colocando toneladas em seus ombros e puxando o corpo para baixo enquanto ela erguia o tronco lentamente, dentes serrados, a sombra da montanha aumentando ao longe e a força de seus dedos se fincando nas fendas do estofado. Puxou a perna direita uma vez, a lateral do homem veio para frente e tudo o que bastou foi um chute em sua têmpora para que a cabeça batesse na quina de madeira e ele lhe soltasse em uma breve confusão. Fincou calcanhares no chão, iniciou uma lenta caminhada na direção do inimigo, coração acelerando quando a figura de sua avó e Adam surgiram completamente parados na ponta oposta da aeronave.

    - Lexa. – Marry começou e ela apenas sacudiu a cabeça, negando as palavras que assinariam seu atestado de óbito. – Lexa, faz parte de ser um Grounder.

    Sua mão direita se ergueu, dedos agarraram o tecido da camiseta do inimigo superficialmente desacordado e puxaram o restante de seu corpo para a pequena esquina longe da sucção. Bastou apenas que ela escorresse o tronco pelo chão da aeronave e o efeito da falta de ar viesse para que sua única companhia resolvesse reatar a briga de momentos atrás, um punho fechado veio de cima e foi agarrado a frente de seu rosto. Um soco acertou a boca de sua garganta, Lexa lhe pegou o punho e passou sob o primeiro ataque, forçou o cotovelo do homem a se dobrar dando um nó em seus braços e ergueu a perna direita. Seu calcanhar pesando sobre sua orelha direita e lhe empurrando o tronco para baixo quando a posição já não lhe favorecia. Ele grunhiu com a têmpora direita mergulhada em sangue, Lexa rolou para trás apenas em tempo de uma faca perfurar o carpete.

    O agente da Hidra gritou em ódio quando a mulher deu as costas e correu para a cabine do piloto, olhos se arregalando diante da monstruosidade a poucos metros a sua frente. Segurou o leme com ambas as mãos e lhe puxou para a direita, o peso do metal e a pressão nos músculos tirando um grunhido em esforço, estava preocupada demais em não morrer e acabou não percebendo a aproximação de seu inimigo mais uma vez. A lâmina foi colocada para cima, errando o pescoço da Comandante por poucos milímetros quando a asa esquerda da aeronave se chocou contra a montanha, um rasgo se fez na lateral da cabine, metal retorcido soando em um estrondo desafinado e ambos dentro da cabine sendo jogados para cima do painel. A coluna de Lexa encontrou o vidro, uma rachadura no cristal cresceu, o agente acertou o outro lado da grande janela, a aeronave pendendo para a esquerda em noventa grãos com seu bico apontado para o vale que se escondia atrás da monstruosidade recém acertada. Tudo aconteceu rápido demais, Lexa acertou dois chutes no rosto do inimigo e agarrou os equipamentos no teto tentando abandonar o local que seria o primeiro a se chocar contra o chão, virou a cintura para a direita e a faca acertou a estrutura mais uma vez, agarrou o punho do homem insistente e lhe puxou o braço para o joelho. O osso se partiu, a lâmina deslizou para fora de vista em meio aos componentes e luzes de alerta e ela esticou o braço direito em direção ao cinto na poltrona do piloto, balançando pelo ar. A ponta de seu dedo indicador roçou contra o encaixe de metal gelado, seus pés lhe empurraram para longe do vidro, mais uma rachadura se fez presente. Suas mãos seguraram a tira de tecido, o corpo finalmente teve a força necessária para se sentar e o estalo da fechadura se fez presente. Um chute acertou seu rosto, sua têmpora bateu contra um pedaço de ferragem que despontava da parede e tudo se escureceu. A Comandante estava agora complemente desacordada com um assassino espreitando sobre o painel e a floresta a uma contagem regressiva do avião. O homem se segurou no próprio leme, se puxou para frente, alcançou a poltrona vizinha com o dobro de dificuldade que a mulher completamente apagada a sua esquerda, vestiu o cinto, buscou a última das facas entre suas roupas e lhe impulsionou uma última vez na direção da morena. Apenas um piscar de olhos, a ponta afiada da lâmina encontrou algo a sua direita, terra foi jogada para cima e encontrou o vidro, o chão da aeronave tremeu, o barulho absurdo e impacto profundo tiraram a visão do inimigo.

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