A guerra não é sobre honra, sobre o mais forte ou o mais fraco, corajoso e muito menos o covarde. Sobreviver é apenas uma mera coincidência, a ponta do iceberg da sorte que é escapar de um campo de batalha, mesmo que muitos desejassem a morte depois de testemunharem a maior crueldade feita pelo homem. Bruta, nociva, afiada em seu interior. Era nojento e vergonhoso pisar naquele solo, no ódio esquecemos que o que nos observa aos berros do outro lado de uma arma é feito de carne e osso. Um ser vivo, humano e existente. Alguém com família, talvez filhos, pais ou irmãos. Não apenas mais um.
Quando um soldado cai em batalha, ele vê diante de seus olhos o destino. Como enxergamos nossas vidas pouco antes da morte, dobrar os joelhos em confronto é aceitar a perda, é desistir. O que faz da guerra um banho de sangue e ódio é a morte, a última certeza, a última parada. Onde todos nós chegaremos algum dia. Para um guerreiro, perder uma perna é um empecilho que lhe coloca sobre a firmeza de um pé, pesado na terra, atirando sua dor aos outros a sua frente. Naquele momento, quando o sangue escorre junto as lágrimas, a raiva de um grito é abafada pelas balas antes do fim e o desconhecido o abraça sem represálias ao esquecimento, naquele momento, ele estaria completo, finalmente. E ainda assim, vazio e oco, longe de onde havia começado, sozinho, abandonado e condenado.
Quatro equipes seguiam no centro do grande exército. Shapiro, Jane, Arian e Lexa lhes comandavam em pontos diferentes da linha de ataque, alvos imprevisíveis por todos os lados. A prioridade era não ser morto e jamais perder de vista um único membro do esquadrão. Então eles avançavam lado a lado na batalha, a clareira foi deixada para trás, as árvores poluíram os arredores e o frio aumentou nas últimas horas da tarde. Exaustos e imparáveis.
Cabelos loiros sacudiam no frio, o planalto a direita era um dos pontos mais perigosos da batalha. Shapiro furiosamente fuzilava inimigos fora de seu caminho, o sub esquadrão de Purgatory distribuindo corpos logo atrás de seus calcanhares e Jackson tentando não ficar para trás no ritmo alucinado. Dolls e sua metralhadora derrubavam a segunda árvore, Nicole e Waverly entravam em uma discussão no meio do combate. Wynonna se expressava da melhor maneira que podia sobre aquela situação, aparentemente era inapropriado discutir um relacionamento em um assassinato em massa, mas logo Doc começou a usar suas armas como o ótimo pistoleiro que era e fazer analogias, outra discussão de casal fazendo Shapiro rezar por uma granada que lhe tirasse a audição.
Mais ao lado, Jane, Alex e Melinda corriam no relevo mais alto, as balas de seus fuzis desenhando entre as cinzas que choviam do topo das árvores em chamas. Dentes, pele e roupas sujos em terra quando uma das explosões as lançou metros para trás e abriu um buraco no chão, Kara, Becca e Maggie rapidamente correram para lhes proteger. Terra levantando do chão em disparos, o cheiro de morte espalhado na floresta. A equipe feminina se espremeu na borda de raízes mortas, carregaram os lançadores de seus fuzis e munições prateadas foram ao ar com um som tubular, pousando atrás de uma pequena cabine na trincheira no terreno baixo, neve voando do chão vibrante, gritos de dor, pedaços de fibra em sacos de areia se desfazendo e a estrutura de madeira se transformando em uma grande tocha. Dois homens correram entre gritos para o lado de fora, corpos tomados em fogo, pele se tornando vermelha e completa em bolhas. O primeiro correu rápido demais e acabou sendo explodido por uma granada na cabine vizinha, o segundo caiu ao chão, se debatendo.
Arian estava à esquerda, atirando com Luna e Lincoln enquanto Emori e Murphy preparavam as cargas em uma pequena bolsa preta. Octavia e Raven limpavam o caminho até a antiga cabana de troncos como podiam. Buracos por todos os lados, parte do teto havia caído e as janelas não existiam mais. Uma das bombas caiu perto demais da lateral e acabou cavando um túnel no chão da floresta que trazia uma abertura significativa ao esconderijo. Era a única maneira de atingi-los sem acabar metralhado, Lincoln manteve fogo pesado, se protegeu atrás do tronco mais próximo e prendeu a respiração quando a árvore despencou para a esquerda. Buscou uma melhor posição com um rápido deitar, esperou que a fibra caísse completamente e engoliu em seco com o grito de um aliado, segundos antes de ser esmagado. Se protegeu, observou o casal dentro de uma trincheira improvisada e se espremeu nas explosões. Octavia apoiou a metralhadora no ombro, esticou o corpo na terra e apertou o gatilho, Raven virou o drone armado para longe do lança granadas e fuzilou dois inimigos atrás de um punhado de pedras e raízes no relevo aos fundos do quintal. Lincoln ergueu o polegar e Arian levantou, Murphy lhe jogou a bomba e a correria foi insana.
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FINITUS
Hayran KurguTudo levou àquilo. As perdas, as derrotas, amarguras e feridas. Manhãs calmas se tornaram em caos no campo de batalha, o brilho das estrelas em fagulhas vindas de uma explosão. Um sorriso puro foi uma breve despedida, desde o primeiro nome escrito n...