Mot Tiden - Endelige

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Vida. Onde existe vida existe esperança, existe sofrimento e aprendizado. Felicidade, em seus mais simples momentos. A criação do homem, a criação da existência humana vinda do intelecto ou seres muito além da nossa compreensão, existe uma jornada. Existe o percorrer do tempo e o conhecimento do amor, da perda e existe a própria existência. O mal não nasce mal, ele é corrompido, e isso não entrega ao bom o direito de julga-lo, porque ele não é bom cada segundo de sua vida. Até ele era, até ele sente a dor, a culpa e o ódio. Mas lhe dá o direito de ajudar, de ficar, de se importar. E quando ele for corrompido, aquele pode ser salvo de si mesmo pode ajuda-lo e então ambos vão finalmente ter conhecido o real significado de viver.

Eu não sei mais o que preciso dizer para acreditar em quem você é de verdade. Não sei mais o que fazer para te mostrar o quão grande você é, posso colocar um espelho em sua frente e sei que você não vai ver o mesmo que eu. Não vai sorrir como eu, porque apenas eu consigo enxergar o que está além do seu interior, escondido na sua profundidade.

Você é especial. Você é importante. Você sofreu, você ajudou, você amou e perdeu e tudo o que seus erros fazem de você é uma linda criatura completamente humana. Forte como um herói, implacável como um vilão, vivo. Isso é tudo o que você é. Apenas uma das criaturas mais maravilhosas que já viveram nesse mundo. Eu sei que não acredita em si mesmo, mas eu acredito, porque eu conheço quem você é de verdade. Então, por favor, leia com atenção e enxergue a si mesmo nessas palavras. Essa história é contada apenas para você, é um exemplo do seu amor e da sua coragem.

A primeira vez que eu conheci o amor, antes mesmo que Costia e eu tomássemos coragem para fazer alguma coisa com nossos sentimentos, foi também a primeira lembrança que posso me recordar com clareza. Meu pai me pegou nos braços depois de ter caído de um dos brinquedos no parque praticamente abandonando à alguns blocos da nossa antiga casa, eu tinha me machucado, bati a cabeça na lateral de ferro do tanque de areia e fui levada às pressas para o hospital. Eu consigo sentir a dor se me concentrar o suficiente, estava com medo dos pontos que levaria, ele simplesmente pegou a minha mãe, olhou fundo nos meus olhos e disse que ficaria bem. Que a dor fazia parte da cura e que não duraria para sempre. E ele estava certo, o velhote com frases de biscoito da sorte estava certo. Eu chorei aquele dia, ele disse que não tinha problema, não tinha nada de errado em chorar. E duas semanas depois eu mesma tirava meus pontos, sorrindo por ter entendido o que disse.

A dor é inevitável, mas não significa que é algo ruim. Faz parte da vida, não lute contra ela, é a parte mais importante do crescimento. É o que nos impede de sentir absolutamente nada, é o que nos faz dar valor aos momentos em que não está por perto e perceber a verdadeira felicidade. Algo que passa longe de não ter significado, é genuíno.

Eu acordei com o som estranho na base do meu queixo, o vibrar do meu próprio crânio, a maneira desconfortável com que minha língua ferida descansava entre os dentes. Descobri aos poucos o que se passava nas partes do meu corpo, abri os olhos, mas não enxerguei com clareza. Mãos amarradas para trás, coluna arqueada para frente, tornozelos doloridos presos nas pernas de uma cadeira velha e barulhenta, levantei suavemente a cabeça, fios de cabelo se movendo e arrastando dolorosamente sobre meus ferimentos, o sobretudo preto que vestia havia desaparecido, a túnica ainda estava presa em mim com o cinto, mas agora de maneira mais folgada. O rasgo de ambos os lados na lateral do meu abdômen manchado de sangue.

- Quantas vezes eu vou ter que dizer para não me amarrarem em uma maldita cadeira... - Resmunguei com o gosto de sangue entre os dentes. Piscar na escuridão não me fez enxergar com mais clareza.

Ninguém respondeu, levantei um pouco mais a cabeça com dor em minha nuca e tentei identificar meus arredores. Não havia ninguém na sala, manchas de sangue vermelho espalhadas pelo chão, um baú conhecido a esquerda, poucos metros longe dos meus pés, uma estranha pasta avermelhada em um minúsculo pote de madeira, o livro sagrado aberto e escrito em letras pequenas demais para se ler de onde estava. Aquele lugar me lembrava o interior da cabana em que estive pouco tempo atrás.

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