Through The Thin Lines

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O conto de três. O pequeno grupo era apenas dois antes, a alcateia de deslocados e oprimidos, assim era vista a forte amizade entre aqueles parceiros de farda, os melhores amigos que poderiam sonhar em ter durante a responsabilidade da guerra, seriam os encrenqueiros problemáticos se compartilhassem suas memórias já na adolescência, juntos do terceiro membro do bando que veio sorrateiramente entre as raízes daquela crescida amizade. Lucas e Sebastian se conheciam desde os primeiros anos de vida, quando ascenderam descobriram os segredos e poucas risadas de seus pais, entenderam detalhes antes obscuros, observaram a mudança causada pela dor. O comandante de um pequeno esquadrão de paz, alguém visto como louco pelo restante dos exércitos por se negar a matar durante uma guerra. Era triste pensar claramente como um homem decente o suficiente para enxergar o errado e ter coragem para ser o líder de poucos que lutaram contra a maré... Como Adam... Traumatizado desde infância, finalmente cedeu e quebrou para se tornar o monstro que era. Ansel, como todos do primeiro esquadrão, o conhecia desde a base de treinamento, mas ele sim era um amigo que Adam precisava para aguentar os treinamentos e pressão. Ele era um líder nato, firme, mas também humano, às vezes assustado e incerto, Ansel estava ali para ajuda-lo quando precisava, e Adam estava presente para ele quando seus temores o alcançavam da mesma maneira. Os meses de treinamento passaram, eles se davam muito bem, se sentiam com sorte por encontrar um ao outro no meio da guerra.

No segundo ano de treinamento, um soldado da base inglesa foi transferido para o posto de treinamento avançado, Mikael odiou Ansel desde a primeira palavra que conversaram, Adam não se deu muito bem com o novo membro de seu time, havia algo extremamente errado nele, a maneira como andava, como falava, era predatória, maligna, ele amedrontava a todos os outros membros do esquadrão, foi fácil chegar ao nível dos dois amigos no treinamento quando ninguém queria desafia-lo. Ele sempre foi ruim, desde antes do destino bater à porta daqueles escolhidos.

A guerra chegou, eles se negaram a levantar armas, Mikael não parecia compartilhar da ideia de paz, mas seguiu seu comandante fielmente, Ansel não via outra maneira de resolver a guerra que não um cessar fogo, era piedoso. Eles foram presos no laboratório norueguês, o caos os deformou de dentro para fora. Adam se tornou o monstro que sempre lutou para conter, Ansel se viu violento e sanguinário, Mikael foi conhecido como O Destruidor a partir do momento que pisaram porta a fora. Os anos passaram, Cordélia foi somada a equação, mas nunca percebeu o problema verdadeiro entre os três. Mikael era visionário, perigoso, brutal, Ansel sabia que sua lealdade agora era apenas a si mesmo e sua doentia ideia de poder. Aquele triângulo de pontas afiadas passou em frente pelo tempo, a segunda geração nasceu. Mikael detestava o filho Sebastian, o achava fraco demais, pequeno demais. Adam e Lucas não andavam em bons termos desde o dia de seu nascimento, ele o relembrava de Cordélia de alguma maneira, de como a matou durante um de seus acessos de ódio. Ansel viveu através de Patrick, odiado por Lucas no momento em que seu choro se fez ouvir no interior do primeiro casebre daquela colônia.

Lucas odiava seu pai, não queria nada que tivesse feito sentido para ele, queria ser seu completo oposto. Então se aproximou de Sebastian, escreveu sua própria história e afastou Patrick em cada oportunidade, o garoto mirrado e abandonado cresceu os próximos anos sozinho, renegado pela próxima geração de herdeiros e lentamente se afastou dos únicos rostos que conhecia. Seu pai morreu jovem, abandonado em um celeiro empoeirado, Patrick foi o único a surgir no funeral, teve que enterrá-lo sozinho, sem ajuda. Mesmo sendo tratado como lixo, ele ainda foi fiel a Lucas como Ansel havia sido a Adam, abriu seus olhos a inimigos no interior daquele ninho de cobras, mas nunca conseguiu abrir de fato os olhos do agora Comandante Revenant. Sebastian traiu Lucas como se nunca tivessem sido amigos, lentamente conseguiu uma cadeira no conselho, construiu seu império às custas dos outros e destruiu qualquer um que tentasse ficar em seu caminho, incluindo Patrick, que morreu para salvar sua vida no dia da Grande Repartição. Mary enfiou uma adaga atrás de suas costas, atravessou seu coração, acabou com tudo sem mesmo lhe dar a chance de lutar. A última memória gravada em seu rosto era voz da garota e a certeza de que Lucas e Adam já haviam pensado em fazer o mesmo, a traição. Sebastian não esperava que também fosse abatido, Mary se perdeu em seu próprio ódio do mundo e matou mais herdeiros do que qualquer um antes, mas abriu mão de assassinar uma amedrontada serviçal abusada por Sebastian. Não muito depois ela descobriu estar grávida, fugiu em uma noite escura sem estrelas, meses depois gêmeos chegaram ao mundo.

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