FINITUS

Blood Drop

- Então é assim? - Anya franziu o cenho. - Vai terminar comigo fácil, só... Simples. Desse jeito.

- É assim.

- Uma óva que é, está escondendo alguma coisa. - Anya bufou e trouxe a mão direita para o bolso da blusa, escondendo a caixinha de veludo, Echo nem mesmo se dava o trabalho de olha-la nos olhos.

Aquilo não era em nada com o que havia planejado, não pensou que Echo fosse passar pela porta com tanta tensão, dizer que queria acabar com tudo e aquilo a assustava, o fato de ter pensado que realmente funcionaria. Imaginou que aquele relacionamento nunca mais acabaria, que elas passariam o resto de suas vidas juntas como em seus sonhos, Echo era tudo o que ela mais sonhava e por algum motivo o mundo tentava lhe tirar aquilo agora.

- Vai ter que me dar uma explicação. - Sentou na cadeira ao lado, cabeça latejando. - Acordou, nem olhou na minha cara e volta desse jeito? Que aconteceu do lado de fora para te deixar desse jeito? O que está escondendo-

- Eu estou dizendo a você, que eu quero terminar. - Echo se virou para falar com peito cheio, nem mesmo um único sinal de que mentia, que seu coração se despedaçava. - Não consegue entender isso?

- Não, para mim estávamos bem... - Anya negou com um sorriso amargo, nenhuma resposta. - Então sou eu? Fiz alguma coisa, não sei, te magoei? Se for isso é só me falar e eu-

- Você não consegue parar, consegue? - Echo bufou com as mãos na cintura. - Não consegue entender que não tem como salvar isso aqui.

- Isso aqui? Está falando sério? - Ela bufou. - ...Isso não pode estar acontecendo. - Soltou com um sopro dolorido, aquela conversa jamais havia passado em sua cabeça. As duas já tinham se separado a anos atrás e bastou para Anya, foi um pesadelo, e agora lá estava a realidade batendo a porta novamente. Não podia acreditar. - Você e eu não acabamos.

- Acabamos, sim.

- Não, vai a merda. Você não pode simplesmente me dispensar desse jeito depois de tudo! - Anya rebateu, se levantando da cadeira, Echo sacudiu a cabeça com um sorriso debochado e se afastou quando ela tentou chegar mais perto. - Amor, pelo amor de Deus! O que é? Da para ver que está escondendo alguma coisa, se abre comigo! Eu posso ajudar!

- Eu não te amo mais, Anya! - Echo disparou em uma pequena dose de raiva.

Anya ficou calada assistindo sua expressão tão conformada com o que havia acabado de dizer. Aquilo era algo em que podia acredita e doía profundamente, não se tratava de um fator externo, não se tratava de mais um obstáculo, mas apenas uma triste falsa afirmação. Seu raciocínio a corroeu por dentro.

- Não me ama... - Assentiu com uma grande dose de amargura.

- Não. - Echo afirmou. - Satisfeita?

- Desde quando? - Olhou fundo em seus olhos, Echo franziu o cenho e soltou uma pequena risada. - Desde quando, Echo? Quando percebeu? Deve ter alguma ideia se está assim tão certa de que não sente mais nada.

- Desde que saiu do bunker. - Ela cruzou os braços e deu um largo passo atrás, se sentindo incomodada com o olhar que recebia. Anya acreditava mesmo no que dizia, foram dias difíceis até ali.

- Meses atrás... Você esperou três meses para me contar a verdade, é isso? - Anya colocou as mãos na cintura, umedeceu os lábios sentindo o volume no bolso da jaqueta e encarou a mobília em silêncio. Respirou fundo buscando paciência. - Echo... Echo, olhe para mim. - Pediu.

A mulher engoliu o amargor e orgulho ferido por ao menos ter de fazer aquilo pelas ordens de outros, Anya levantou as mãos como quem pede por ajuda e olhou fundo em seus olhos sacudindo a cabeça, aquela conversa estava mesmo a atingindo muito mais fundo do que as cicatrizes.